2. Confiança, Respeito e Amor

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Bianca Andrade.

É difícil se imaginar longe da pessoa que você ama, saber que a anos atrás vocês estavam juntas. Sorrindo, brincando, fazendo palhaçadas, planejando viagens e realizando todos os sonhos. Mas tudo acaba quando você percebe que não tem mais confiança, respeito e amor.

Eu e a Rafa cuidamos uma da outra até quando foi possível, mas chegou um momento em que a separação seria a única solução pros nossos problemas. E eu acho isso lindo, quando você decide fazer algo que dói muito em você, mas que é necessário porque se continuar a dor será pior.

Quando um casamento termina, as reações mais comuns são, como Tortolero nos diz, o desespero, a depressão, a culpa, a incerteza, o medo da solidão, a irritação, a ira, a vingança, os comportamentos auto destrutivos tais como os transtornos alimentares ou o consumo de álcool. E sim, teve uma época em que comecei a beber quando vi que meu casamento estava acabando, só que isso foi pior. Só ajudou a ter mais brigas.

Dou alguns conselhos a vocês;

Primeiro: Não se sinta culpado. Sei que tudo isso resultou muito em mim e a Rafaella.

Segundo: Desabafe. Não há nada de errado se você procurar alguém pra conversar.

Terceiro: Lembre-se que essa dor nem sempre será um processo linear.

Quarto: Aceite a situação. É importante aceitar as consequências do divórcio em vez de negá-las, mas eu confesso que meu maior medo é receber os papéis do divórcio.

Quinta e última: Aproveite o que faz você feliz. No meu caso são meus filhos, eles são uma parte de mim. E a única parte que restou do meu amor com Rafaella.

Então é simples, aceite que não era pra ser. Não estou dizendo que devemos ficar felizes, nenhum fim de relacionamento é bom. Só caso seja abusivo, mas quando sabemos que no fundo amamos, a melhor coisa é procurar o lado positivo.

E: Mamãe, a Alice está chorando. - Ouvi a voz de Enzo, e corri até o quarto.

Confesso que sou péssima em cuidar de crianças, mas eu levo um pouco de jeito.

B: Calma, meu amor. - Peguei Alice no colo, e balanço meu corpo de um lado para o outro. - A mamãe está aqui. - Sussurrei, me sentei na poltrona e Enzo se sentou ao meu lado.

E: Mamãe, posso te fazer uma pergunta?

B: Mas é claro, meu filho. - Dei atenção a ele, enquanto Alice começou a brincar com a alça da minha blusa.

E: Você e a mamãe não voltam mais, né?

B: Infelizmente não meu amor, a não ser que o destino escolha a reconciliação.

E: Era tão bom quando estávamos todos juntos. - Lamentou, e eu o puxei para sentar na minha perna.

B: Eu sei que deve ser difícil para vocês. - Comecei. - Mas tudo vai passar, um dia você irá se acostumar. - Beijei sua bochecha.

A noite seguiu como planejado. Ficamos na sala assistindo televisão enquanto comíamos pipoca entre outras besteiras. Depois eu e Enzo jogamos no vídeo game. E por último, coloquei ele pra dormir no meu quarto junto com Alice.

Fui até a cozinha do apartamento da minha mãe, e peguei uma taça e um vinho. Me sentei no sofá, e escutei a porta ser aberta e a silhueta de minha mãe entrar por ela.

B: Boa noite, mãe! - Desejei.

M: Boa noite, minha filha, como está? - Se sentou ao meu lado.

B: Estou bem, Enzo e Alice estão aqui.

M: Jura? - Assenti. - Amanhã eu dou um beijo nos dois.

B: Ok. - Virei a taça com vinho na boca.

M: E Rafaella? Como está?

B: Me parecia bem mãe.

M: Sente falta dela, né?

B: Sinto. - Suspirei. - Mas acho que fizemos o certo mãe, agora a vida segue.

M: Sim, meu amor, e eu fico muito feliz que você entenda.

B: Eu não iria obrigar ela a ficar comigo, já não estávamos mais bem. Nosso casamento foi desgastado.

M: O que importa foi que vocês foram muito felizes.

B: Oh, se fui. - Soltei um riso fraco, e enchi a taça de vinho.

M: Amanhã é meu aniversário, chame Rafaella pra vir jantar. - Eu apenas confirmei.

Não vou negar que era um pouco ruim estar na presença de Rafaella, mas seria bom ela vir. Assim nós duas ficaríamos um pouco juntas com as crianças, e espero que Enzo se acostume.

M: Porque está com essa cara? - Minha mãe perguntou preocupada.

B: É que hoje eu vi a Rafa, e a gente teve um momento de família. Eu estava sentindo falta dessa mãe.

M: Eu sei minha filha, mas infelizmente vocês vão ter que se acostumar. Não foi isso que as duas escolheu? - Confirmei. - Então aceite meu amor, porque se não aceitar. Você vai ficar assim toda vez que estiver ao lado de Rafaella.

B: Sabe o que mais me dói? - Negou. - Saber que falamos que nos amamos, ela me disse, e eu conformei. Sabendo que eu a amo sim, e nunca deixei de amar.

M: Na hora da raiva dizemos coisas que não devemos.

B: Eu errei, mas infelizmente não era pra ser mãe. - Me levantei e coloquei a taça sobre a mesa de centro. - Vou dormir, tenha uma ótima noite.

M: Para você também, minha filha.

Entrei no quarto e observei meus dois filhos dormindo. Enzo dormia igual eu, de barriga pra baixo e os pés pra cima. Já Alice dormia encolhida igual a Rafa. Era bom saber que nossos filhos tinham um pouco de nós duas.

Segui até a cama e me deitei sem jeito, apoiei o cotovelo no travesseiro e a palma da mão sobre a cabeça. Com a outra mão eu acariciei os cabelos de Enzo, a única forma de me sentir perto de Rafaella era eles.

B: Eu te amo, meu amor. - Sussurrei. - Amo os dois, vocês são fruto de um grande amor que aconteceu no passado. Mas hoje infelizmente não existe mais.

E assim o sono me venceu, dormir ao lado dos meus dois filhos. Ao lado das únicas pessoas que eu tinha.

Um Namoro Quase PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora