Incondicional | Gicela

Eu também quero

Ver Marcela daquele jeito, tão frágil e insegura, me fez pensar no quanto eu queria protegê-la. Poderia ficar ali com ela apenas me assegurando de que estava tudo bem, mas infelizmente as coisas não eram simples e eu precisava ir para casa.

- Precisamos ir Ma, já são quase dez horas - falei, sentindo seus dedos acarinharem minha orelha.

- Ma? Você nunca me chamou assim - respondeu, enquanto eu me aconchegava em seu corpo.

- Acho que agora já posso né?

- Sim...mas não quero ir embora - respondeu com uma voz dengosa e ao mesmo tempo triste, escondendo o rosto em meu cabelo.

Me virei de frente para ela e entrelacei minhas pernas em sua cintura, repousando meus braços em seus ombros.

- Eu sei que tudo está sendo muito difícil, mas você não está sozinha. Tem a Bia também, ela conhece sua família e vai saber te aconselhar melhor do que eu.

- Aposto que vai chegar milhões de mensagens dela quando eu ligar o celular - respondeu, sorrindo.

- Sinal que ela é uma ótima amiga e se preocupa com você - falei, enquanto enrolava as pontas de seus cabelos.

- Sim, ela é...vou ligar pra ela quando chegar em casa. Podemos ficar mais dez minutinhos? - perguntou, me olhando com a cara mais dengosa do mundo.

Ta bom - respondi, sorrindo pra ela - mas só mais dez minutinhos, é perigoso pegar estrada tarde.

Continuamos uma de frente para a outra nos olhando, sem nada dizer. Eu passava as mãos em seu rosto corado e ainda um pouco inchado, colocando algumas mechas de seu cabelo para trás.

Me beija? - sussurrou, quebrando o silêncio.

Beijei sua testa e em seguida a ponta de seu nariz, para depois beijar sua boca calmamente e sem pressa. 

- Por que você faz isso comigo, Marcela? - perguntei, quando nossas bocas se separaram.

- Gi, eu não sei o que tudo isso significa pra você, mas eu quero muito continuar...sei que não estou eu um momento bom, mas isso tudo o que aconteceu hoje só me fez ter certeza de que eu quero ficar com você. 

- Eu também quero, mas tenho medo de como vai ser daqui pra frente Marcela, eu não quero sofrer de novo...

- E eu não quero que você passe por isso de novo Gi. A gente pode ir devagar, deixando as coisas acontecerem. 

- Sim, podemos. Eu também quero ficar com você - respondi, vendo-a sorrir docemente ao ouvir minha resposta.

Nesse momento eu só tinha certeza de duas coisas. A primeira, é que o sorriso de Marcela era o mais lindo que eu já tinha visto. A segunda, é que nessa hora eu me dei conta que também não conseguia mais ficar longe dela.

Peguei em sua mão e seguimos até os carros, nos despedindo antes de entrarmos cada um no seu. Marcela foi dirigindo na frente e eu segui atrás, para me certificar que estava tudo bem enquanto ela dirigia.

Chegamos em sua casa e estacionei, para esperá-la guardar o carro na garagem.

- Como está se sentindo?

- Melhor...mas ainda sem saber o que fazer - respondeu, de cabeça baixa.

- Se não se sentir bem, pede pra Bia vir dormir com você.

- Acho que não vai precisar Gi, mas qualquer coisa eu falo com ela.

- Vou ficar melhor sabendo que você está com ela - falei, a abraçando em seguida.