Duas galáxias

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         Ele ama ser provocado. Saber que a outra pessoa está fazendo por diversão, por desejar o enlouquecer, só deixava tudo melhor ao seu ver.

          Pra ela, provocar é uma arte. Ela sabe como é bom seduzir a pessoa com palavras, escutar a respiração pesada dela no seu ouvido e sentir as mãos agarrando seu corpo com força.

Ele sabe como é excitante ter que se controlar por estarem em público, buscando alívio ao apertar o corpo que, mesmo sendo outra pessoa, é tão seu e demonstra isso quando geme ao ter uma mínima prova de como vai pagar caro pelas provocações.

E pagar caro pelas provocações é a parte favorita dela. Acha totalmente excitante quando a pessoa a leva para um espaço vazio, pressiona seu corpo contra a parede e a beija com raiva. As ações mais desesperadas e agressivas, a voz rouca, as palavras de baixo calão, tudo é uma combinação perfeita pra ela.

Ver na face da pessoa a satisfação em ter o que tanto desejava, adorando cada dor que era proporcionada enquanto as pupilas dilatadas de quem foi provocado acionam o corpo dele para que aproveite ao máximo a sensação de estar passando dos limites. O que deveria ser uma saída pra dançar se torna uma oportunidade única de mostrar a quem quer que passe por ali o quanto pertecem um ao outro, de um jeito bruto em que os sons ambientes engolem os gemidos mas são perfeitamente audíveis entre os dois.

A brutalidade em cada uma de suas ações, ordens sendo preferidas em tons roucos de tesão. A pessoa que provocou se ajoelhando para saciar os desejos da pessoa provocada, com a expressão mais safada e maliciosa existente, digna de uma verdadeira vadia. Então, depois que terminar o serviço, ser puxada com força e virada de costas para finalmente receber o que tanto queria, com direito a tapas estalados e palavras sujas sendo ditas ao pé do ouvido.

Fazer a pessoa engolir cada uma das provocações ao ter a boca deliciosamente fodida, chegando a engasgar algumas vezes e ter os olhos lacrimejando ao ter a bochecha apoiada na parede. Maquiagem totalmente borrada e a roupa sendo rasgada na pressa de se satisfazer logo, deixando a mera provocadora em total caos.

Os gemidos manhosos ecoando pelo ambiente, pele sendo arranhada e o barulho erótico dos corpos se chocando, a provocadora tão molhada que possibilita o fácil acesso de seu parceiro dentro de si. Beijos sendo trocados para reprimir os gemidos que se tornam mais altos quando as pernas dela envolvem os quadris dele com mais força e ele passa a segurar seus pulos acima de sua cabeça, deixando os lábios de lado para marcar seu pescoço tão perfeitamente limpo.

As marcas tomando completamente os dois, enquanto alguns toques são de repreensão pelo comportamento anterior, outros são medidas desesperadas de aliviar a excitação, a dor misturada ao prazer que tanto enlouquece o casal até que finalmente, cada um se rende ao ápice entre gemidos descontrolados mas abafados por um beijo tão alucinante quando o sentimento que os rega. O fôlego em falta não impede o beijo de continuar e a parede é a única coisa inteira ali, mal conseguindo segurar o peso da outra nos braços, mas sem vontade de se separarem.

Entre carícias apaixonadas e sorrisos genuínos, mesmo com a exaustão presente em seus os corpos, o casal se declara sob à luz das estrelas, tendo somente a lua como testemunha de todas as promessas feitas ali. A música ainda tocava no lugar que outrora presenciou o amor entre os dois ao som do jazz favorito dos dois. Eram perfeitos um para o outro porque ambos não se completavam e sim transbordavam. Eram duas galáxias inteiras, que se fundiram por meio do eclipse de suas almas.

Duas galáxias inteiras que agora expandem juntas, unindo seus destroços em novos começos e fazendo com a dor que carregam o que fazer de melhor, transformar em algo bom para si. Dois que não se tornam um por serem grandes demais para pertencerem aos números reais. Duas respirações sincronizadas com o final da música que levava as palavras para bailarem ao redor dos dois, silenciados pelo cansaço mas conversando por toques. Ali o universo testemunhava uma colisão que jamais seria esquecida.

É como se o próprio universo tivesse parado para apreciar a cena que acontecia naquele beco iluminado somente pela fraca luz do único poste presente no local. As estrelas sentiam-se solitárias por testemunhar tamanho amor entre o casal de enamorados, tão imersos em seu universo particular que sequer ligavam para algo que não fosses os olhos um do outro, olhos esses que transbordavam de admiração. O sorriso dela alcançou os olhos que ele tanto amava e ela se sentiu segura mais uma vez, porque juntos eram o começo, meio e esperava que não tivesse fim.

Não havia nenhum outro lugar que ele desejava estar além de ali, perdido no brilho daquele sorriso e ofegante demais pra conseguir falar algo. Costumavam fazer forte assim, mas dessa vez foi banhado de tanta raiva que apenas afirmava o medo que tinha de perder ela. Medo esse que se esvaia junto com o suor em sua pele sendo carregado pelo vento, deixando que o amor tomasse conta de seu corpo para perceber que não a perderia por nada. Cometeu o maior crime do universo de interromper aquele sorriso apenas passando o que sentia para que ela sentisse a mesma coisa, que eram mais que um do outro, que eram mais do que podiam compreender, que eram eles em sua forma mais pura sendo dois; sendo o tudo.

O beijo dele ardia como o inferno e ao mesmo proporcionava a ela as sensações mais bonitas que alguém já havia lhe dado. Era uma dádiva estar nos braços calorosos dele, onde sempre encontrou conforto. E, mesmo depois de terem feito amor de uma maneira tão intensa como das outras vezes, seu coração conseguia amolecer como manteiga pelo simples fato dos lábios dele estarem tocando os seus. O medo de perder aquele amor não vinha somente do homem por quem era apaixonada, também abalava seu peito nos dias em que tudo não parece ter saída. Mas então ele lhe oferecia um sorriso e ela sabia que tudo ficaria bem, desde que ficassem juntos. Porque ela iria até a lua por ele e andaria em brasa ardente se fosse preciso. Ela o amaria por essa e mais mil vidas. Seu amor transcendia o plano físico e perduraria até mesmo depois que o universo tivesse fim.

Ele era quente, avassalador, frágil mais do que parecia, capaz de enfrentar o mundo por ela. Abraçou o corpo dela ainda segurando em seu colo, mas totalmente distante de decidir que iria se afastar dela. As veias transportam o sangue muito mais rápido que o normal, o peitoral se movimentava com uma irregularidade preocupante, totalmente desregulado pela presença que tanto amava. Ela era como um conjunto de coisas que ele nunca imaginou que iria amar juntas, uma mistura equilibrada de amor e ódio que guiavam essa jornada inusitada. E ele admirava ela por inteiro, se sentia sortudo por tê-la e incrível por ser de alguém tão maravilhoso. — Apenas me deixe te adorar.


By Merlin and Miranda.

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