Capítulo 10

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Naquele dia, Jisung tinha voltado do trabalho um pouco mais cedo. Ainda era dia. Depois de ter deixado suas coisas no quarto, foi diretamente ao terraço; ele gostava de ficar lá, tinha uma vista legal da cidade. Ele só não esperava que já houvesse alguém ali, encostado na mureta tomando algo que parecia cerveja.

- Posso ajudar? - o homem perguntou, depois de Jisung encará-lo por uma fração de tempo.

- Eu te conheço de algum lugar? - Jisung perguntou isso mais para si mesmo do que para o que estava à sua frente.

- Oi? Disse alguma coisa? - o homem o encarava sem piscar, esperando uma resposta.

- Não, nada. Me desculpe, eu já vou indo. - Jisung se vira para sair.

- Ei, espera. Você acabou de chegar e já vai sair? Vem tomar uma cerveja comigo, que tal? - o homem diz com um sorriso.

- Eu não te conheço. - Jisung diz com receio.

- Certo... - diz o homem se aproximando e entregando uma lata de cerveja à Jisung.

- Você não precisa me conhecer, só precisa tomar uma cerveja comigo. - diz simplista.

- Ok... - Jisung diz se rendendo.

- O que você gosta de fazer? - o moço perguntou o olhando nos olhos.

- Gosto de escrever romances. - ele falou empolgado.

- Que legal! Eu amo ler romances. Qual o seu tipo de romance preferido? - perguntou o homem empolgado também.

- Romance policial. - Jisung diz olhando para a imensidão do horizonte à sua frente.

- Gosto de romance policial, mas prefiro coisas mais complexas.

- Tipo o quê? - Jisung pergunta.

- O que está escrevendo agora? - o homem retruca.

- Um romance entre um policial e um psicopata pianista.

- E ele tem seu próprio jeito de matar, certo? Tipo... A sua marca. - perguntou o homem se mostrando mais empolgado ainda.

- Sim, claro. - responde simples.

- Como é? - indaga o homem.

- As mãos. Ele usa as mãos para estrangular. - Jisung diz.

- Hum... Peculiar. - o homem diz.

- Sim, muito. - Jisung fala olhando para o homem.

- Já terminou a cerveja? - perguntou o homem.

- Sim.

- Então vamos entrar. Já escureceu.

[...]

Minho estava pensando; com certeza Jisung não o reconhecia, mas isso também não era impossível. Minho passou por pequenas cirurgias plásticas no rosto por conta de algumas complicações, para que a face se tornasse decente. A cirurgia acabou com ele, e além disso, já haviam se passado quase 9 anos desde a última vez que falou com Jisung. E o motivo da cirurgia fora porque Minho, quando estava preso, se meteu em algumas brigas e isso também foi o motivo de suas cicatrizes nos braços, assim só usando roupas longas. E também havia o trágico acidente na pensão que havia pegado fogo.

Ele estava muito diferente. Não era atoa que Jisung não o reconheceu, mas talvez ele achasse que seria melhor assim, porque desse jeito o poupava de várias coisas. Porém, o garotinho dele estava alí, o garoto que ele tanto admirou. Minho pensava se caso tivesse continuado uma amizade próxima e prolongada com Jisung, teria se tornando o que é hoje. Muito provavelmente não. Quando eles eram apenas adolescentes, Jisung era muito determinado com tudo que fazia, sempre tinha um sorriso no rosto, mas olhando agora, parece que esse não é o mesmo Jisung de alguns anos atrás.

Minho estava com saudades, muitas saudades. Mas, ele precisava lembrar quem era e o que fazia. Não era mais o mesmo adolescente que seguia Jisung para onde ele fosse; Ele tinha se tornando alguém estranho, perturbador, e até mesmo maluco. E Minho, não mais, agia com a sanidade, mas sim com os seus desejos, e todos eles estavam muito aguçados.

The Hell Is A Person Where stories live. Discover now