I. Bem-vindo ao lar do Jazz!

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Jeongguk se apaixonou instantaneamente pelos olhos flamejantes e amendoados de Taehyung.

De primeira, ele não soube dizer o que mais lhe chamou atenção no homem que chacoalhava drinques e assistia, com um sorriso no rosto, os clientes do bar gritarem "WHOOOOO DAAAAT!" aos plenos pulmões durante o touchdown do New Orleans Saints, time local da cidade, mas depois de muito observá-lo, pôde concluir que, porra, eram aqueles olhos, profundos olhos escuros que desdenhavam das pobres almas bêbadas que só queriam um pouco de diversão depois de um longo dia no trabalho.

Jeongguk achava que Taehyung se parecia com a noite. Ele era calmo, observador e muito frio, tão frio que, apenas de sentar em frente ao balcão para pedir uma dose bem forte de um uísque caro, a coluna ondulou em um arrepio específico, o tipo de arrepio que faz todos os seus pelos levantarem, deixando a pele exposta para o próximo vento.

Taehyung parecia saber ler pessoas muito bem. Era assustador e, ao mesmo tempo, muito atraente, fez Jeongguk sentir vontade de se aproximar para queimar as mãos no gelo que eram as poucas palavras que escapavam daquela boca, boca volumosa com um cheiro fortíssimo de algo parecido com gin, mas não apenas gin, porque Taehyung era sofisticado demais para beber qualquer coisa pura, então talvez tivesse singelas rodelas de laranja dentro, o que explicava o cítrico que, vez ou vez, Jeongguk via brilhar laranja no queixo acentuado.

Naquela noite quente de fevereiro, Jeongguk se apaixonou pela primeira vez, mas se tivesse sido um pouquinho mais esperto, teria percebido que falar com Taehyung ao invés de apenas tirar uma foto seria a escolha mais adequada, porque os olhos dele pousaram intensamente em seu rosto assim que colocou os pés no maldito bar, e o coração que nunca batia por nada e ninguém, nem mesmo por sexo, falhou uma batida.

Jeongguk amava Jazz. Ele amava a melodia, as vozes, as histórias, os significados, os protestos que, muito delicadamente, começaram através dele, ainda entre a década de 60 e 70, nos subúrbios dos Estados Unidos.

Ele amava como, através da música, a população se expressou contra o racismo e o preconceito que, mesmo muitos anos depois, continuou destroçando inúmeras vidas, vidas que tinham muito a falar, muito a mostrar e muito a mudar.

Jeongguk amava os artistas que se arriscaram para levantar uma voz, artistas como Nina Simone e, mesmo que cantasse Soul e muito pouco do Jazz, Sam Cook. Para Jeongguk, escutá-los era como acolher os sentimentos que deixaram vazar através da música e dizer ei, estou aqui, o legado de vocês ainda não acabou, eu amo tudo o que vocês foram, o que era o que fazia seu pequeno e sonhador coração disparar profundo dentro do peito repleto de desejos.

O Jazz, que para muitos não passava de "simples música caipira", era o que fazia o mundo de Jeongguk ter sentido, porque era como percorrer um caminho repleto de fotografias velhas pregadas em paredes úmidas do tempo, cada uma contando um acontecimento interessante, uma história importante, uma parte de alguém que fez o próprio interior vazar em forma de melodia.

L.O.V.E in Nola | taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora