00|PRÓLONGO

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21 de setembro de 2022

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21 de setembro de 2022

ㅡ Olá, eu sou Ana Tallinn e sou sobrevivente a violência doméstica. ㅡ Disse uma mulher com seus ombros baixos e meio confusa com suas próprias palavras.

ㅡ Meu nome é Lauren Still ㅡ Começou gaguejando ㅡ e sou sobrevivente a violência doméstica. ㅡ Em seguida uma mulher alta, aparentava ser jovem assim como eu.

ㅡ Kate Martin e sou sobrevivente a violência doméstica. ㅡ O alívio em seu tom de voz era notável da mulher.

ㅡ Hoje temos uma nova participante no grupo de apoio esta noite. ㅡ Anunciou. A mulher de sorriso simpático. Olhos verdes cintilantes, cabelos bem amarrados em um rabo de cavalo e postura confidente. ㅡ poderia subir aqui e se apresentar para todas nós? ㅡ Pediu. E na mesma hora sorriu em minha direção e eu sabia que era para mim.

Respirei o mais fundo que pude, levantando-me. Olhando ao redor, uma dúzia de mulheres me olhavam curiosas mas não surpresas. Mantive meu foco no pequeno palanque a minha frente e subi lentamente me posicionando em sua frente.

Era assustador pensar que dias atrás eu estava vivendo a minha vida comum em algum lugar dessa cidade, e hoje estou em uma clínica psiquiátrica, falando de meus problemas para pessoas desconhecidas. É a ironia da minha vida.

Não importa o quando você corra do seu passado, ele sempre acaba nos alcançando.

ㅡ Comece pelo seu nome e idade, querida. ㅡ Encorajou a mulher do meu lado. Olhei para minhas mãos, que estavam cheias de curativos e pontos e engoli em seco. Eu nunca assumi em voz alta.

ㅡ Meu nome é Florence Monroe tenho vinte e quatro anos. ㅡ Me apresentei lentamente. Olhei novamente para a mulher do meu lado e assentiu sussurrando "Quando você quiser."

Eu não queria.

ㅡ Eu sobrevivi a violência doméstica. ㅡ Um nódulo criou em minha garganta. Aquilo parecia tão errado em ser pronunciado. Mesmo meu corpo coberto por hematomas, olhos inchados, mãos machucadas e um coração bastante quebrado. Ainda não parecia se encaixar ao que eu dizia. Oliver você fudeu com a minha cabeça, seu filho da puta.

ㅡ Ele te batia? ㅡ Perguntou uma das minhas companheiras. Todas elas prestavam bastante atenção em mim. Isso me incomodava. Estar aqui me incomoda.

Eu seria uma filha da puta mal agradecida se eu dissesse que a única coisa que eu queria agora era o Oliver?

ㅡ Não. ㅡ Respondi simplesmente. ㅡ No começo não...ㅡ Me recordei de quando começamos a morar juntos, naquela noite fizemos tantas promessas um para o outro que com ao passar dos dias as quebramos mais de uma vez.

ㅡ Então essa foi a primeira vez que ele fez tudo isso? ㅡ Questionou outra mulher de olhos arregalados, aterrorizada passando os olhos em meu machucado.

Esse tipo de reação me trás raiva. Raiva não é da pessoa mas sim de mim. Porque todos conseguem ver o quão fudida eu estou, e eu não. Isso é doentio.

ㅡ Na verdade... ㅡ Umedeço meus lábios. ㅡ ele não me bateu e eu fiquei parada apanhando. Quando estávamos gritando e brigando ele acabou se descontrolando e começou, quando eu vi que ele não iria parar ㅡ Pigarreio desconfortável só em lembrar. ㅡ eu também comecei a devolver. Ele saiu machucado, mas não mais que eu como pode ver.

Elas abriram a boca em choque. Eu sabia o que estavam pensando, em como ele era um monstro e eu a pobre coitada ou algo do tipo. Mas era só a parte ruim, mas eu conhecia as boas dele. Me doía ter tido um fim tão trágico.

ㅡ Ele foi preso? ㅡ A mesma mulher perguntou. Abaixei a minha cabeça e a deixei sem resposta.

Ainda era muito difícil processar tudo aquilo. E depois desta pergunta, tudo começou a cair. Puta que pariu eu fui agredida.

ㅡ Graças a Deus que você está aqui, logo aprenderá o que é liberdade de novo Florence. Agora sente-se. ㅡ Orientou a mulher e assim eu fiz.

Voltei ao meu assento também, em uma cadeira na frente da minha.

ㅡ Bom, todas nós temos muitas coisas em comum. Alguém sabe me dizer quais? ㅡ Arriscou a terapeuta.

Que todas nós apanhamos do homem que amávamos?

ㅡ Somos sobreviventes? ㅡ Sibilou alguém.

ㅡ Isso é uma coisa, muito bem Alison. ㅡ A tal Alison sorriu e se edireirou vergonhada na cadeira.

ㅡ Nós temos dores, mágoas, traumas não superados sabe o que isso significa? ㅡ Perguntou retoricamente, respondendo em seguida. ㅡ que tudo isso, nós faz sermos mais facilmente manipuladas pelos nossos agressores.

Era isso que Oliver era meu? O meu aggressor?

ㅡ Aceitamos os berros, os xingamentos, as tapas, esperando que melhore. Eles amam quando nós desmoronamos, porque ele nos ergue novamente com aquelas palavras lindas e vazias de eu te amo.

Aquilo era tão maluco e confuso, mas fazia todo o sentido.

ㅡ Nesse primeiro momento, o agressor mostra-se tenso e irritado por coisas insignificantes, chegando a ter acessos de raiva. Ele também humilha a vítima, faz ameaças e destrói objetos. Esta fase corresponde à explosão do agressor, ou seja, a falta de controle chega ao limite e leva ao ato violento. Aqui, toda a tensão acumulada na Fase 1 se materializa em violência verbal, física, psicológica, moral ou patrimonial. ㅡ Ela falava com tanta convicção e certeza. ㅡ Existe um ciclo que não vemos, mas ele acontece para que cheguemos até aqui. Aumento da tensão, ato de violência, arrependimento e comportamento caridoso.

Nós não éramos assim. Éramos? Não. Não eramos. Tínhamos problemas, todo mundo tem problemas e superamos eles juntos.

Fechei os meus olhos e por um segundo eu voltei para quando a dor não existia. Só que eu não consigo me lembrar quando.

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