Nunca, jamais

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Porque foram tolos aqueles que acreditaram que só basta ter um coração para amar.

A razão da emoção é: se o coração é feito para bombear sangue, ninguém nunca explicou porque ele doía tanto. Ninguém nunca entendeu porque o cérebro escolheu justamente o coração para se partir. Corações não tem ossos, mas eles se partem mesmo assim.

Assim, de repente. Começa a apertar, a se contorcer, a espernear, a chorar então a virar pó de coração (ainda é coração, mas ele está em frangalhos, o importante é que ainda bombeia sangue e por isso estou aqui de pé). Pó de coração então. Assim, de repente. E você ainda sente dor nos pés, nos pulsos, nos dentes, nas costas, no pescoço, na cabeça, em todas as conexões de ossos e artérias. Como se não bastasse apenas o coração. Você quebra por inteiro. (nem todo lugar tem osso, mas você se parte mesmo assim).

Essa porra não era só bombear sangue? Nunca vi meu corpo tão unido assim, dói um órgão, dói todos. E se meu coração bate 72 vezes por minuto, porque o meu parece que bate bem mais?

Quando eu te vejo o meu coração não fica mais no peito, fica nos olhos, fica no parapeito da boca, fica nos dedos, fica no beijo e nas palavras.

Coração é intrometido. E pronto.

Agora, mais do que nunca, gostariam de saber. Seus corações batiam mais rápido por essa informação. Se o coração também tem amor, o que eu faço é amar? Pouco me importa você, cientista, dizendo que o amor é apenas psicológico do cérebro. Poesia é feita para se sentir, e se meu coração está dizendo, eu o escuto. Fique quieto e me responda:

E se eu não quiser sentir amor dentro do meu coração? Quero jogá-lo fora, expulsa-lo desse órgão e de todos os outros. Quero ser pedra, quero ser eco, vazio diante de quem me faz sentir assim. Mas ele continua voltando para mim! Meu coração não quer saber, ele sente por si próprio.

Coração é egoista. E pronto.

Agora, mais do que tudo, ninguém queria amar. Porque poucos sabiam o que era o amor. Porque poucos sabiam como senti-lo.

Sinto pena de você, tolo. Você mesmo.

Morreu com a própria mentira que você mesmo cultivou. Pensou e repensou, disse e repetiu: Todos que possuem um coração, logo já nascem conseguindo amar. Logo, nem todos que tem coração sabem o que é o amor. Você sente e não pensa, logo, amor é do coração e não do cérebro. Não diga nada, cientista. É bom morrer assim sem saber de tudo.

O que os olhos não veem, o coração não sente.

Besteira. Todo mundo sabe o que é amor. Tolos que tropeçam no próprio coração antes de dizer o que sentem. No final, o cientista consegue explicar o que é o amor? Consegue, sim. Ninguém nasceu preparado para o inevitável.

Se não atirar em si mesmo procurando curar a ferida do outro? E não receber nada em troca? O amor é tolo a esse ponto.

Agora, mais do que nunca, todos chegam em uma conclusão.

Amar não é nada mais do que sofrer.

Seu coração já te matou de amor hoje?

Nunca, jamais.

Parapeito das Ilusões de um Sonho MortoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt