Dezessete

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James

Estava claro quando despertei.
   Não. Claro, não. Chegava à ser eufemismo usar tal termo, para referir-se aquela situação. A luminosidade ali presente era tão forte, que custei à abrir os olhos, tendo em vista a forma como os resplandecentes raios de sol passavam por entre as brechas de meus olhos.

    Espreguiçei-me, antes de vir a abrir em absoluto meus olhos; a primeira coisa que notei foi a evidente – e atípica – claridade. Meu aposento era revestido por um papel de parede escuro, e cortinas de mussolini, que cobriam todos e quaisquer resquícios de claridade; portanto, acordar em um ambiente completamente contrário à meus prós contra a luz solar, era no mínimo, suspeito.

  Ainda sonolento, tratei de erguer-me nos cotovelos. Minha cabeça parecia girar, no momento em que o fiz. Era uma dor insuportável e latejante. Toquei levemente minha testa, recostando-me na cabeceira da cama.

Foi nesse momento, que percebi que definitivamente, não estava em meu aposento; o papel de parede do ambiente em que estava era rosa, e as cortinas estavam todas abertas. – explicando o fato da claridade.

Olhei para os lençóis que cobriam meu tronco para baixo; até mesmo o cheiro era diferente. Aquela coberta tinha um cheiro realmente agradável; lembrava-me o odor de narcisos, fundidos ao cheiro de lavanda.

Soltei as cobertas, passando os olhos pela extensão daquele belo e – extremamente – arrumado, aposento. Pousei os olhos na penteadeira, local onde estava uma trouxa velha e surrada;

Pisquei.
Então... Aquele aposento era de...

   — Que bom que você acordou! Já estava ficando preocupada.

Virei o rosto, olhando na direção onde uma jovem loira sorria e carregava uma bandeja por entre seus braços. Era Victoria.

    — Então — continuou ela —, você dormiu bem?

Desviei os olhos dela, para a bandeja que carregava consigo.
Ela seguiu meu olhar e aproximou-se, pondo a bandeja sob a beirada da cama.

   — Victoria... O que aconteceu?

Ela inclinou-se e pôs a bandeja por sob minhas pernas, com cuidado e delicadeza. Assim que ela aproximou-se, pude concluir que o cheiro de lavanda e narcisos vinha dela. – especificamente de seus fios loiros e sedosos.

Depois que pôs o desjejum próximo á mim, Victoria sentou-se na beirada da cama, assumindo uma curta  distância de mim.

Ela avaliou atentamente meu rosto, antes de dizer:

   — Você realmente não lembra de nada da noite anterior?

Fiz que não com a cabeça e ela baixou os olhos, parecendo decepcionada.

   — Certo. — suspirou—, claro que não se recordaria! Estavas completamente embreagado... — murmurou isso tão baixo, que tive a impressão de que estava falando sozinha.

Olhei para ela.

   Sua aparência estava digna de uma dama, com o penteado posto no topo de sua cabeça, e seu vestido azul-claro, alinhado à perfeição.

Ela ergueu os olhos e ao notar meu olhar sobre si, enrubesceu. Era realmente encantadora, a forma como aquelas maçãs do rosto bem acentuadas, tornavam-se rosadas.

  — C-Como vim parar aqui...? — perguntei apontando para seu quarto.

   — Bem, ontem a noite o encontrei na biblioteca. Você estava péssimo, James. E estava — fez uma careta — bêbado. Realmente muito bêbado.  Então depois de ter dito algumas coisas, você acabou adormecendo.

Aceite meu coraçãoWhere stories live. Discover now