Conto seis - Eda robô

2.4K 120 25
                                    

Conto escrito alguns meses depois da linda declaração de Serkan Bolat à beira do Bósforo.

Nunca fez parte da minha natureza ser uma pessoa necessitada de afeto. Cresci entre paredes que mudaram do concreto para um material invisível, que por muitos anos me acompanhou. Eu estava acostumado a não esperar ou dar a ninguém carinho. Exceto, talvez, ao Sirius.

Nos entendíamos muito bem. Ele veio de uma vida dolorida e eu também. Éramos gêmeos de alma e de feridas. Por não conhecer ou receber tanto afeto. Quando Eda chegou em minha vida com seu jeito espontâneo, seu calor e vivacidade tudo mudou.

Ela me acostou a ter e dar carinho. Não havia um dia em que não nos despedíamos com beijos apaixonados. Odiava ter que deixá-la em casa e saber que voltaria para a minha sozinho. Por que esse casamento não chega logo? Eu bem quis poder passar esse tempo com ela em casa.

Seria tão bom acordar ao lado dela todos os dias. Era uma pena que nem mamãe e Ayfer aprovassem. Eda também partilhava do mesmo pensamento e até insistiu que sim iria morar comigo, mas eu não queria que Tia Ayfer e ela brigassem por mim.

Convenci Eda a ficar com a tia enquanto não nos casássemos. Me arrependi? Com certeza. Queira muito estar com ela, tanto que acordava de manhã no pique para poder ir buscá-la. Me sentia de novo um adolescente. Seyfi disse-me até que eu parecia mais jovem porque sempre sorria.

Eu tinha motivos para não ficar emburrado. Eda era o sol que alegrava a minha vida.

Não precisei buzinar, ela já estava abrindo o portão de ferro. Desceu as escadas correndo na minha direção. Então, quer dizer que ela também está ansiosa por mim? Eu sorri e abri a porta do carro. Mas Eda apressou-se para o lado do carona, abriu a porta e sentou-se puxando o cinto.

—Por que você demorou tanto? – Ela reclamou. Eu voltei a me sentar e fechei a porta do carro.

— Olá, bom dia. Pessoas educadas dizem isso, sabia? – Ela revirou os olhos.

—Estou atrasada, Serkan. Hoje tenho uma reunião com a Sra. Idil.

— Eu sei disso. – Respondi afivelando o cinto e ligando o carro.

— E chegou atrasado, por quê? – Ela falou nervosa e irritada.

— Istambul! – Eu dei de ombros e ela bufou chateada.

— Que droga! – Ela se sacudiu no carro. – Eu não acredito que chegarei atrasada na reunião mais importante.

— Calma. – Eu disse colocando os óculos escuros. – Se estivéssemos no seu carro velho, talvez. Mas estamos no possante. Vamos chegar lá em poucos minutos.

Sorri, mas Eda me mirou como se pudesse me matar. Ela não estava de bom humor hoje. Durante todo o caminho até o escritório da sra. Idil ela ficou com a mesma cara de preocupação e raiva.

Quando a deixei na frente do prédio. Ela abriu a porta do carro e já ia sair sem se despedir.

— Ei, ei, ei! – Gritei. – E o meu beijo?

Eda me olhou incrédula, revirou os olhos, abriu a porta do carro, ajoelhou-se sobre o banco e me beijou duas vezes. Foi rápido, mas já era alguma coisa.

— Eu passo para te pegar no fim da reunião?

— Não, eu tenho um encontro com a Ceren. Ela vem me pegar aqui. – Ela gritou de longe.

— Qualquer coisa me liga! – Eda acenou e abriu a porta de vidro sumindo do lado de dentro. Não tive nem tempo de elogiar o look empresário dela. Mais tarde eu digo com todas as letras e gestos o quão sexy ela ficava de roupa preta.

A Rosa e O Príncipe de AçoWhere stories live. Discover now