DANTE - II Da Trilogia Irmãos Moretti (CONCLUÍDO) 🔞

Capítulo 15

                           Dante

— Tudo bem, Dante? — Matteo indaga, olhando as horas no relógio em seu pulso, preocupado.

Uma vez que eu estava atrasado três horas, o que não era de costume. Assinto lhe enviando um pequeno sorriso. O que era mais incomum ainda. Mesmo com a tal de Ashley morta, não estava de todo modo de mau-humor, e tive uma ótima manhã.

— Meu filho me contou que não sabe andar de bicicleta, saimos para comprar uma e lhe ensinei um pouco — explico.

— Você está dando explicações — aponta, dou de ombros.

— Ainda dizem que milagres não acontecem — Luca diz, se aproximando de nós dois — Bom dia, flores do dia. Preciso da sua assinatura e das cópias dos contratos da semana passada que estão com você — estende os papéis em minha direção. Dou uma rápida lida, mais pelo hábito do que qualquer outra coisa — Mando alguém vir buscar os outros logo — seguro seu braço quando nos dá às costas.

— Não irei me desculpar, no entanto, não quero que continuemos a ficar sem nos falarmos — digo, Luca e eu estávamos frios um com o outro desde que o pus contra a parede, estico minha mão — Podemos ficar bem, fratellino? — olha da minha mão ao meu rosto, até bufar e apertá-la.

— Só não envolva mais Mary nas minhas merdas, Dantinho — diz, o apelido antes carinhoso, escorrendo ironia.

— Não prometo muita coisa, ela foi bem eficiente — ele me olha feio.

— Ok. Chega! Foi uma brincadeira, Luca — Matteo tenta amenizar — Agora vamos falar da Alison estar usando cachecol em um dia quente, ou ignorar isso totalmente? — rir, quando ela passa concentrada e praticamente correndo com seu celular. Dou de ombros — Vocês dois…?

— Não é da sua conta. De nenhum dos dois! — entro em minha sala — Vão trabalhar — bato a porta em suas caras, posso ouvir quando começam a rir antes de fechá-la por completo.

Babacas!

Sorrio. O que morre a medida que apanho os papéis que Luca quer, encontrando aquela velha pasta marrom, trazendo a tona o que tanto me atormenta. Por que fiz isso com você, angelo? Por que fui tão covarde?

                    

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                        Passado

Como a maioria dos garotos meu pai sempre foi o meu herói, mesmo sendo duro praticamente todo o tempo, era seu jeito, sua forma de liderar. Alguém que sempre quis orgulhar e me tornar igual ao crescer, o homem que me fazia plantar um sorriso no rosto a cada vez que me perguntavam se eu era o filho de Enrico Moretti; o homem que fazia meu peito inchar do mais puro e verdadeiro amor, orgulho e felicidade, nada me fazia mais feliz que ser o filho do meu pai. Pobre infeliz eu era. Então, em um dia você está há poucas semanas de completar treze anos e pega seu pai fodendo a empregada da casa sobre a cama onde o mesmo filho da puta por quem você morreria dorme com sua mãe, te convence que aquilo é normal, que ao contar tudo a ela, o único errado será você, eu quem a faria sofrer. Um dia, o que nunca fez sentido muda, você é arrebatado por compreensão. Um dia, você descobre como seu super-herói não passa do vilão. Um dia, o amor morre e nada mais que o ódio permanece, tudo se torna feio, mal sabendo que se tornaria mais ainda. Um dia, você desperta da ignorância e é agraciado pela benção e tortuoso conhecimento. Um dia, sua mãe grita aos quatro cantos como te odeia e não te resta muito para fazê-la pensar ao contrário.

Um dia, uma linda e ingênua garota de rosto em formato de coração, os maiores e fascinantes olhos verdes acinzentados, fios louros como os raios de sol, sorriso fácil e cativante lhe prova ainda mais que nada é o que parece ser. Um dia, você desperta algo ruim. Um dia, você decide se vingar. Só depois descobre que por alguém que não vale a pena, que mesmo não existindo, ela ainda se machucaria, te machucaria, que diferente do que sua mãe aponta, você não lhe deve nada, você não é responsável pelo grande merda com quem ela se casou, o quanto está ferida e furiosa. Alguns laços sendo difíceis de serem rompidos, verdades mesmo que descubra ser mentiras complicado de mais para superar, toda a merda tão enraizada que não há muitas saídas.