Prólogo

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• Derek Narrando

Minha noite foi um tormento. Precisei desligar meu celular e deixar ele longe de mim, pra me controlar e não ligar pra ela. Mesmo sabendo que ela não me atenderia.

Eu não sei em que momento eu consegui dormir, mas no dia seguinte eu estava destruído e quis muito faltar aula. Eu não queria ter que assistir a Alice me evitando, pois eu tinha certeza que era exatamente isso que ela faria. Mas minha mãe insistiu que eu deveria ir.

Quando sai de casa, vi que o carro da Sra Stone ainda estava na garagem e conclui que Alice ainda não tinha ido pra escola. Eu até torci pra que ela não fosse, pra que eu não precisasse encarar o ódio nos olhos dela outra vez.

As quatro carteiras que ocupamos nos últimos dias, ainda estavam vagas, quando cheguei, mas eu não sentaria mais lá na frente. Continuei andando em direção ao meu antigo lugar, no fundo, e não demorou pra Brandon chegar e sentar na cadeira ao meu lado.

Eu continuei olhando pra minha mesa, apesar de conseguir enxerga-lo, me encarando. — Liguei essa manhã pra Ester, pra saber se ela viria comigo, mas ela não me atendeu. — Levantou o polegar, e entendi que ele ia começar a listar.

— Você está com essa cara de zumbi que não dormiu a noite toda e está sentado aqui atrás. — Levantou o indicador, para ilustrar a sua segunda observação.

— E não vejo nem sombra de Alice. — Por fim, o dedo do meio se ergueu, pra se juntar aos outros dois. — Deu merda?

Ele já sabia a resposta e eu não sei porque estava buscando uma confirmação, mas mesmo assim eu respondi. — Deu muita merda.

Indiquei a Melissa com o meu queixo, sentada algumas cadeiras mais à frente, no meio da sala. A vadia ria com as amigas, despreocupada. Como se não tivesse cagado com a vida dos outros.

— Ela contou sobre aposta. Alice, obviamente, está me odiando por não ter contado e pediu pra eu fingir que ela está morta. — Mesmo contando resumido, era doloroso.

— E você está assim porque a sua te pediu pra fingir que ela morreu? — Riu com ironia e só então olhei pra ele. — Pois eu aposto que a minha já deve estar planejando a minha morte. — Brandon se remexeu com um calafrio.

"A sua", "a minha". Nada mais daquilo era real, mas eu não falei nada. Estava exausto até pra conversar.

Naquele dia, nem Alice e nem Ester deram as caras. E ao contrário do que eu imaginei, isso não foi um alívio pra mim. Percebi que mesmo não podendo mais toca-la, eu queria poder pelo menos olhá-la. Mesmo que distante. Mesmo que ela não fosse mais "minha".

No dia seguinte, quando sai de casa, o carro dos Stones não estava lá, então supus que Alice tinha ido pra aula. Dirigi quase correndo pra escola, mas quando cheguei na classe ela não estava lá. Eu fiquei com o olhar fixo na porta, esperando, até o professor fechá-la e eu entender que ela faltou novamente.

Era insano como o simples fato de não vê-la, me deixava apático. Quando chegou sexta-feira, e novamente não a vi na classe, eu já me perguntava se a veria novamente. Se ela teria mudado de escola, só pra não ter mais que olhar na minha cara. Se eu deveria ir na sua casa, implorar pra ela voltar pra mim.

Minha saudade já era grande demais pra ter espaço pra orgulho. E foi exatamente isso que eu decidi. Depois da aula, eu iria atrás dela. Então, assim que sentei no meu lugar, deixei o sono acumulado das últimas noites mal dormidas me consumirem, quando dobrei os braços sobre a mesa e deitei minha cabeça sobre eles.

Eu não sei quanto tempo apaguei, mas despertei assustado, com um objeto sendo lançado contra minha cabeça. Olhei primeiro para o chão, identificando o que me atingiu. Era uma borracha feia e conhecida, pois eu já tinha pedido ela emprestada muitas vezes. Em seguida olhei pra o dono dela, pra entender porque ele mirou aquilo em mim.

Jogo do Amor 2 - Todos vencem. Ou todos perdem.Where stories live. Discover now