Cisne

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Isabel

- Carmen!

Encontrei-a encolhida no chão e chorando desesperadamente. Me assustei no primeiro momento pois não esperava de maneira nenhuma vê-la nesse estado. Seu choro era uma mistura de tristeza e desespero. Quando me olhou vi o medo que sentia e a confusão ao me ver. Me ajoelhei na sua frente e toquei de leve em suas mãos. Ela estava gelada e trêmula.

- Carmen... – Me encarou por alguns segundos.

- Por quê? ¿Por qué usted continúa apareciendo para mí? – Perguntou chorando.

Ela voltou a colocar a cabeça entre os joelhos e repetiu seguidas vezes que não aguentava mais.

- Meu amor, o que aconteceu contigo? – Disse com a voz trêmula.

Toquei em seus cabelos e Carmen me olhou surpresa.

- Isabel... ¿Está realmente aquí? – Levou uma das suas mãos ao meu rosto e fechei os olhos ao sentir seu toque.

- Sim! Sou eu... tua Isabel! – Falei chorando.

Carmen se jogou em meus braços e me apertou tão forte que pude sentir seu medo.

- Não vou a lugar nenhum, eu prometo! – Encostei na parede com ela ainda no meu colo e acariciei seus cabelos até que se acalmasse. - Me perdoe por tudo, querida! Por favor me perdoe... - Ela se afundou mais em meu colo e chorou.

Depois de longos minutos, me encarou e ainda sem acreditar passou a mão em meus cabelos, nos meus lábios...

- No puedo creer que estés aquí... ¿Eso es real? – Ela me encarava, mas pude ver que a pergunta não era para mim. Carmen estava em um conflito interno.

Entrelacei nosso dedos e levantei nossas mãos até a altura do seu rosto.

- É real, minha querida! Estou aqui contigo, vim te buscar! – Sorriu fraco, mas alegrou meu coração. Puxei seu queixo devagar até que sua boca encontrou a minha.

Foi delicado, ela ainda relutava a acreditar que tudo era real.

- Senti tanto a tua falta... – Senti suas lágrimas molharem nosso beijo. - ¡Todavía no puedo creer que estés aquí, Isabel!

Levantei do chão e a trouxe comigo.

Quando a peguei pela cintura senti os ossos de suas costelas em evidência. Seu rosto também estava mais magro e abatido. Pelo estado que estava não se alimentava direito e muito menos estava dormindo.

Larguei minha cartola em uma canto da sala e a trouxe para o meu colo. O sofá era pequeno, mas cabia nos duas.

Entrelacei nossos dedos e quando levantei seu braço pude ver a grande cicatriz vermelha nos dois pulsos. Meu coração parou de bater e senti uma dor imensa na alma quando tive a certeza de que meu sonho era, na verdade, um aviso.

- Por que fez isso? - Passei a mão pela cicatriz. Carmen tentou tirar o braço, mas não deixei.

- Usted no entenderias... - Disse sem me encarar.

- Me sinto culpada por isso, eu fui uma idiota contigo e sinto muito não estar aqui para te dar apoio... - Chorei.

Ela não me consolou, me encarava com o semblante triste, mas vi o quanto estava magoada. Deixei um beijo em cada cicatriz e em seguida ela recolheu o braço.

- Yo también lo siento... - Virou o rosto.

A cada minuto que passava ela se afastava de mim. A surpresa de minha chegada e a saudade que sentia era real, porém agora estava dando lugar aos sentimentos que alimentou por esses meses. Toquei de leve seu ombro e a puxei para meus braços, ela relutou um pouco, mas por fim se encostou no meu peito. Estava calada e por vezes escondia os ombros com o chalé. Passei a mão pelos seus cabelos e beijei o topo de sua cabeça, senti sua respiração ficando pesada com o tempo e quando olhei para seus rosto vi que caiu no sono. Ela ainda tinha algumas lágrimas molhando suas bochechas. Limpei com cuidado para não acordá-la e a trouxe para mais perto. Se pudesse trocar de lugar com Carmen e tirar dela todo esse sofrimento, eu faria sem exitar.

Carmen y Isabel - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora