2. Baunilha e Chocolate (Primeiro Encontro)

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Como disse anteriormente, esse é a continuação do dia 1.

Dia 2: Primeiro encontro.

Sinopse: Onde Bokuto se dá conta de seus sentimentos.

Tags: primeiro encontro; sentimentos; sorvete.

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Alguns dias haviam se passado desde que Akaashi se declarou para Bokuto e, neles, o platinado tinha certeza que a relação deles estava estranha. Isso fez com que ele se questionasse o que tinha feito de errado, mesmo que soubesse que ao contar que não gostava dele da mesma maneira, não imaginava que a amizade deles ficaria desse jeito.

O capitão começou então a observá-lo com mais cuidado: os olhos azuis não tinham o mesmo brilho de antes, pareciam cansados e sem cor, mesclado com as olheiras e a feição inexpressiva, apesar de que Bokuto conseguia ver resquícios de tristeza quando aqueles orbes tinham que focar sua atenção em si.

Decidiu, então, começar a se questionar sobre suas escolhas, seus sentimentos, no que poderia fazer para reverter a situação. Foi um dia, depois de mais um treino, que Koutarou percebeu que poderia perguntar ao levantador se ele queria ir a um encontro consigo. Isso com certeza o deixaria feliz.

Foi com isso em mente que, no dia seguinte, chamou o rapaz para tomar sorvete depois do treino. Akaashi arqueou uma sobrancelha com o pedido, achou estranho, pensou que seu capitão poderia estar com pena dele pelo que aconteceu há algumas semanas e, quando iria negar, o platinado insistiu bastante.

— Tudo bem, eu vou com você — respondeu, logo vendo os olhos amarelos cintilarem e seu dono comemorar.

Keiji passou o treino inteiro se questionando o motivo daquele convite, sua mente lhe pregava várias peças, tentava lhe dizer o quão desprezível era e digno de pena, já que seu amado fez o pedido a ele. Não duvidava das intenções de Bokuto, sabia que ele era inocente, um ser puro que nunca brincaria com seus sentimentos, só que não via lógica naquilo. Seria uma saída como amigos, ele lhe contaria sua vida amorosa e seu interesse romântico? Ou receberia uma declaração do mais velho? Afinal, ao mesmo tempo que ele era previsível, também podia não ser.

Depois de arrumarem o ginásio e se arrumarem, eles caminharam até a sorveteria mais próxima. No percurso, Koutarou contava todas as histórias mirabolantes que sabia, desde contos que ouvia quando criança até como a panela da sua cozinha caiu magicamente no chão, sendo que não tinha ninguém na cozinha.

— Você acredita? Agora todo mundo lá em casa acha que tem um fantasma habitando conosco, buuurh Akaashiiii, isso dá um medo — contou, arrepiou-se no meio da frase. Ele era amedrontado com a possibilidade.

— Bokuto-san, não acho que foi um fantasma. Não pode ter sido seu gato? — indagou, pois sabia que o felino vivia aprontando e nunca ninguém pensava nele.

— Aaaah, então era por isso que a porta do armário estava aberta... aquele gato, sempre fazendo besteira. Como não pensei nisso antes? — reclamou, fazendo um biquinho nos lábios que Keiji achou adorável.

Seu coração apertou, apesar de gostar da companhia do mais velho, ainda doía saber que não era correspondido. Agradeceu quando avistou o logo da sorveteria, logo mudando de assunto para que a feição dele mudasse.

— Qual sabor você quer, 'Kaashi? — perguntou, com um sorriso no rosto. Estava animado, parecendo uma criança prestes a conseguir a permissão dos pais para comer o doce.

— Baunilha.

— Um simples? Ok então. Um de baunilha e outro de chocolate, por favor — pediu para a atendente, pagou pelos sorvetes. — Nem vem, Akaashi, eu vou pagar.

O moreno tinha feito menção de pegar a carteira, porém foi impedido antes de puxá-la do bolso. Suspirou e sorriu, agradeceu a gentileza logo depois.

— Você fala do meu simples, mas o seu é tão simples como meu.

Eles riram e, com os sorvetes em mãos, sentaram-se em uma das mesas disponíveis. Bokuto não se importava se estavam em público e de uniformes, aproveitando cada momento que passava com seu vice-capitão. Ele gostava de sua companhia e estava feliz que podia ter conversas com ele fora dos assuntos envolvendo seu amor por vôlei e escola.

Foi como um estalo tivesse acontecido em sua cabeça: Akaashi estava triste esse tempo todo porque ele não disse que gostava dele. Como ele pôde ser tão incompetente? Ele era o capitão, deveria ver melhor seus companheiros, entendê-los e compreender o que os deixava fora de sua melhor performance.

Bokuto começou a raciocinar, rever todas suas opiniões e seus momentos que teve com Akaashi, parando para analisar os sentimentos que nutria pelo rapaz. Nisso, um segundo estalo se passou em sua mente: ele gostava dele.

— Aaaaaaah, eu sou muito burro! — exclamou, largando seu copinho de sorvete em cima da mesa. Colocou as mãos no cabelo, apertando as madeixas acinzentadas. — Como não pude perceber isso? Estava na minha cara esse tempo todo!

— Bokuto-san, está tudo bem? — perguntou Keiji, preocupado. Estava com receio de uma de suas fraquezas ter aparecido no meio da sorveteria, o que não era comum, já que Bokuto só as tinha quando estava em quadra.

— Keiji — chamou, fazendo o dono do nome se arrepiar. A voz séria, o olhar sustentava a mesma seriedade, contudo tinha um pouco de carinho e adoração ali. — Isso é um encontro.

— Co-como? — gaguejou, seus orbes se arregalaram. Agora estava entrando em pane e não entendia mais nada do que estava acontecendo.

— É! Acabei de me tocar que gosto de você também, me desculpa por não ter percebido isso antes — declarou, rindo sem graça enquanto coçava a nuca com uma das mãos. — Sai comigo, Keiji, namora comigo.

O mais novo sentiu que aquilo não era um pedido, e sim uma afirmação.

— Eu aceito, Koutarou.

Coletânea de BokuAka - hq! | BokuAkaWhere stories live. Discover now