Místicos - As Crônicas De Myustic - Livro 1

Capítulo 9 - A Fada de Trice

A vida de um Ser Sobrenatural nunca foi fácil. Principalmente para Nora Seanson, que tinha que esconder os poderes do próprio povo, as Fadas, e dos que abominavam a magia do seu povo. Ela vinha de uma longa linhagem de fadas realeza, a Corte da Primavera, mas isso não importava para as pessoas. Ela era uma abominação aos olhos dos outros de qualquer forma.

Nora andava pela cidade de Trice com medo de mostrar seus poderes. Não mostrava a não ser para sua família, mas todos foram mortos na noite que ela completou 15 anos faerianos, em seu mundo natal, Faerys. Então, ninguém tinha para mostrar seus poderes. Os únicos parentes não a queriam por perto, já que tinham medo do que as outras fadas podiam achar.

Era um dia ensolarado na região de Zmaj em Trice, a cidade onde a primeira Rainha humana do continente vivera. Apesar do Tratado dizer de que todos os Seres Sobrenaturais estavam protegidos contra quaisquer que fossem os abusos, isso não era verdade em algumas cidades, Trice era uma delas.

Nora estava na parte central da cidade comprando algumas frutas na feira que ali se situava a cada duas luas novas. Seus cabelos ruivos caiam pelo peito, mas seu capuz cobria suas orelhas pontudas. O homem que vendia as frutas, era um lobisomem, Nora reconheceu devido a linha de cor branca por volta da íris. Ao pagar as frutas, deixou cair uma folha verde sobre a mão dele indicando que era como ele. Um renegado na cidade. Um Ser Sobrenatural.

― Muito obrigado, senhora ― disse ele com sua voz grossa, mas trazia gentileza.

Assim que Nora virou para rua, algo a assuntou.

Um garoto vampiro, com a aparência de 12 anos, estava andando livremente pela rua, quando um grupo de jovens humanos veio na surdina para atacá-lo por trás. Todos os quatros jovens estavam segurando garrafas de água benta e um deles com uma estaca no cinto. Nora sentiu suas entranhas congelarem ao ver a cena. Ela ficou congelada ali mesmo sem saber o que fazer.

O garoto vampiro estava em paz, só estava tomando uma garrafa cheia de um líquido vermelho, sangue. Nora não sabia dizer se era sangue animal ou sangue humano, mas poderia ser animal já que sangue humano deixava os vampiros agitados.

Sem que o jovem percebesse, pois estava bastante distraído, foi contido por três dos humanos, enquanto o quarto jogava água benta em seu rosto fazendo sua pele queimar. Todos ao redor pararam para ver a cena, porém não fizeram nada. Nora também ficou assim por um momento, até ver que um dos jovens puxava a estaca de madeira do cinto.

Sem pensar duas vezes Nora transformou aquele pedaço de madeira em um monte de cinzas, somente com um movimento de suas mãos. Todos ficaram perplexos com o que estava acontecendo. Nora com um movimento firme nas mãos, pegou uma parte de seu poder, e jogou os quatro jovens humanos para longe, mas os trouxe de volta até onde estavam com mesma firmeza. Em seus braços saíram pequenas aranhas corpo marrom, essas correram em direção aos jovens humanos que tentavam espantar os insetos com os braços. Mas estavam congelados pelo poder de Nora.

Vão embora, todas as aranhas sussurraram.

E os quatro jovens correram para longe depois que Nora os libertou.

O menino vampiro ficou com uma cara de espanto o tempo todo, e seu rosto permaneceu assim que Nora o ajudou a levantar do chão. As queimaduras da água benta já estavam sumindo aos poucos. O vendedor lobisomem veio ajudar também, o rosto estava com uma expressão séria.

― Muito obrigado ― disse o vampiro a Nora. ― Eu não sei como agradecer.

Nora sorriu para ele, os olhos verdes do vampiro estavam com o medo estampado.