Poesia

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Era uma vez uma alma, que possuía o coração solto, não ficava preso no peito, não respeitava os sentidos.

Brigava com a visão.

Batia na audição.

Brutalizava o tato.

Bestializava o olfato.

Barbarizava o paladar.

A mente irritada enviou O pensamento para com o coração discutir.

" Porque vós sois tão violento ?" Questionou.

" Pois vós digo em verdade, de nada me são gentis, me alimentam de imagens de miséria então lágrimas irei cuspir. Absorvem somente o ruído ferino, então a expressão facial irei esculpir. Me cultivam com toques repulsivos, assim o calafrio irei produzir. Fungam somente o odor pútrido, então o aspirar irei gerar..."

" Mas que culpas tens os sentidos se a vida és dura ?"

" Que culpa tens eu, se não me aguento tão preso? também sinto e também quero me expressar, mesmo solto, sou pequeno e a alma já não és meu lugar."

O pensamento inundado de piedade acolheu o coração fatigado, reprimido e desalojado.

O coração que muito tinha a dizer se aliviou e se calou, bateu mais forte, e A emoção se criou.

Mas ninguém entendeu, a emoção dizia muito e seu dizer lotava a alma, e a mente como a alma ficou sem calma.

O Pensamentou pensou e depois dispensou o pensar, então sentiu e pressentiu, se lembrou da palavra calada, que A fala não ousava tocar.

" Dê a mim A emoção, a palavra irá carregá-la e alma irá transbordar."

O pensamento se abraçou com A emoção e ela se tornou letras, idéia e palavras

Gotejou sobre o mundo a primeira poesia e ocorreu na alma uma anestesia.

O coração já não mais lamentava, A emoção não lotava, e com mais carinho

o coração aos sentimentos os tratava.

Adulava a visão, e brilho surgia.

Afagava a audição, e o prazer acontecia.

Acariciava o tato, e o arrepio emergia.

Acarinhava o olfato, e a alegria subia.

Amimava o paladar, e o sorriso aparecia.

Conquista da poesia, aliviou a alma do que nela não cabia.

Poesia é arte adotada pela fé. Música silenciosa aos ouvidos, mas barulhenta para o peito. É um sinônimo oculto de desabafo. Abraço em forma de texto. É o alívio dos sentidos, a solução do coração, o caminho da emoção. O que possuímos no íntimo e que pinta o caráter com cores que não podemos ver, apenas sentir.

Arma comum entre Shakespeare à Linspector.

Flor que nasce em papel.

Borboletas no estômago do espírito.

É o "... É para isso que vivemos" de John Keating.











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