Prólogo

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A busca por riquezas, por glória e por fama são corruptíveis e tendem a levar o indivíduo a uma condição natural de dependência, e futuramente, a sua própria ruína.

Kadesk, em seu apogeu, era um grandioso reino formado por dois povos distintos, mas que unificados, vivam juntos numa convivência pacífica.

Um reino com proporções mundiais, envolvendo a terra, com suas montanhas, desertos e florestas, como envolvendo também as águas, os mares e os rios.

Em um passado distante, humanos e seres das matas interagiam diretamente e harmonicamente um com o outro, e para manter o equilíbrio de tudo, sete espíritos viviam constantemente atentos sobre a terra. Toda criação de Alohaia vivia pacificamente sob a terra.

Mas todo aquele paraíso na terra ruiu, como quando um vaso de cerâmica cai da prateleira e espalha seus cacos pelo chão.

A aflição foi terrível naqueles dias. A floresta perecia, guerras foram travadas entre os dois povos que conviviam uns com os outros.

Dois homens se levantaram na época, bipolarizando ainda mais aquela matança. Um deles tinha a lua e as estrelas nas pontas de sua coroa, o outro, carregava orgulhosamente um sol estampado em seus escudos.

A homem da lua saiu triunfante daquele conflito colossal, mas envergonhado por tanta morte e dor que aquela vitória amarga tinha trago até sua boca, ele fez com que a lua brilhante e as estrelas cintilantes fossem encobertas pelo véu do mistério, erguendo muros e divisórias, que possibilitaram o sol derrotado de se erguer brilhante em esplendor sobre aquela terra morta e condenada, como se ele mesmo tivesse saído vencedor daquele caos.

E a maior contradição que se seguiu após a grande guerra colossal, foi que o sol que se ergueu derrotado, se assentou sobre o trono das montanhas e governou aquela terra, trazendo consigo a maior e mais densa escuridão que se seguiria por séculos, até que o Lamgnor eclodisse por fim.

Lamgnor, na antiga linguagem clorense significa destino, e tão antiga quanto a própria língua se encontra a gênese dessa palavra na profecia do oráculo. Os eventos do Lamgnor estão descritos conotativamente em cada linha dos antigos papiros, marcando uma série de eventos que conduziriam ao "fim do mundo conhecido", referindo-se claramente à última e decisiva batalha da vida contra a sua maior inimiga, a morte.

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Ao olhar para o céu, banhado em diversos tons alegres e tão constrastastes com o cenário hediondo em que se encontrava a terra onde seu corpo estava caído, Malink contemplava-o como uma grande pintura, devido á doce mistura de rosa claro nas nuvens, o azul e o alaranjado nos céus.

Quando o gosto metálico invadiu sua boca,  seus lábios e sua língua se inundaram e provaram de seu próprio sangue, a única palavra que reverberou em sua mente foi a grande profecia do fim.

O torpor proporcionado pela morte que se aproximava cada vez mais o acalentava. Contrariando toda a situação em que se encontrava, o escarlate do seu rosto junto a um sorriso torto pintaram o rosto do elfo, e quem o olhasse no meio daquele caos, poderia facilmente dizer que estaria perdendo sua essência, e provava agora, do amargo gosto da louca e sem graça "morte"

De fato, não havia motivo algum para sorrir! Não quando o jovem elfo levou suas mãos trêmulas a barriga, enquanto deitado, sorria olhando para os céus. Suas mãos geladas entraram em contato com seu sangue quente, e uma lágrima solitária desceu de seus olhos se misturando com o sangue que escorria de sua boca e pingava o chão.

Realmente, não havia motivos para sorrir ao ter a certeza que aquele golpe brutal que recebera em sua barriga não foi fatal apenas para si...

Mas Malink sorria justamente por sua mente ser chicoteada com a profecia! Poderia sentir a brisa fresca dos espíritos da floresta o acalentando para uma travessia calma, deixar sua vida para o descanso e o alento da morte. Podia ouvir, o cântico daqueles que por gerações pregavam e almejavam o fim!

O fim da tirania! O fim da matança! O fim do ataque a sua amada natureza..

E por presenciar isso, Malink sorria. Sorria ao saber que, toda maldade, toda dor, todo sofrimento daquele povo acabaria. Se a sua vida e a vida de seu... Se suas vidas fossem o preço a ser pago, se Malink realmente fosse a peça fundamental descrita no oráculo, o elfo se entregaria sorrindo!

Lamgnor viria para destruir a todos de uma vez, ou trazer finalmente a paz para velhos irmãos.

O Chamado da FlorestaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ