Capitulo 2

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Eu não podia acreditar no que eu acabara de ouvir. Como ele pôde? Será que eu sou mesmo tão inútil e ingênua assim? Eu sonhava ficar com ele. Não deu sinais? E todas as vezes que me ajudou e que eu estava passando e ele ficava me olhando? E às vezes aqui em Macau que ele me olhou com todo aquele carinho? E por que ele segurou minha mão se não queria nada comigo? Por que me fez acreditar? Por que me chamou para ir à piscina e por que me abraçou tantas vezes nessa maldita viagem?

Eram tantas perguntas sem resposta que me deixava completamente irritada.

Aquele desconhecido me puxava pelo braço, mas eu nem ao menos sabia seu nome. Ele me diria se eu perguntasse?

- Por que ouviu aquilo tudo sem fazer nada? - questiona parando numa das varandas, perto do restaurante.

- O que eu poderia fazer? - pergunto e ele apenas me encara.

- Você é idiota? - questiona exaltado.

- Idiota?

Como ele podia falar algo assim? Será que ele sabia como eu me sentia? Imaginava, ao menos? Eu me sentia um lixo de pessoa e agora ele vinha me dizer isso? Àquela hora da manhã? Ele queria morrer?

- Sim! Por que ficou lá? - pergunta passando as mãos nervosamente pelos cabelos.

- Meu colar estava no chão. - o aperto nas mãos.

- Eles são tão caros ao ponto de valerem sua dignidade? - pergunta.

- Dignidade? Você sabe quem é aquele lá? - Ele fica quieto e eu continuo - Aquele é o homem com quem eu queria passar minha primeira noite! - Explodi - Meu pai fez esse colar para mim antes de morrer, então sim, vale minha dignidade!

- Pri... Primeira? - pergunta meio relutante.

- Sim. - respondi com os olhos cheio de lágrimas. Eu não sabia bem o motivo. A verdade é que por mais que eu não lembrasse, eu havia transado com ele.

- Você ainda pode... Ter sua primeira noite... Com... Hmm... Alguém que você goste. - diz constrangido.

- Como? E a noite passada? Como posso reviver a noite passada? Nós transamos, não foi? - digo enquanto minhas lágrimas rolam.

- Vamos apenas fingir que aquela noite não existiu. Para mim não existiu. Foi apagada e de qualquer jeito... Eu não me lembro de nada. - Então ele também não lembrava?

- Como posso deletar da mente as palavras que ele me disse? Eu achei que amava aquele homem. Queria ter não só a primeira noite, como todas até o fim da minha vida com ele. Ele era um dos únicos que não me chamava de garota adesivo, era o único por quem meu coração batia mais forte. - digo chorando.

Ok. Aquilo não era totalmente verdade, mas eu estava chorando e chateada. Meu coração acelerou para esse homem que eu nem sabia o nome, mas ele jamais saberia.

- Garota adesivo? - questiona, assim como o esperado.

- Sim. Todos no trabalho me chamam assim, um adesivo que é fútil e sem valor. Você o usa para enfeitar e quando não quer mais, joga fora.

- Como é o nome completo desse cara? - pergunta completamente sério.

- Fernando Park. - digo confusa - por quê?

Ele pega o celular e digita alguns números, ainda me olhando fixamente. Alguns segundos depois volta a falar.

- Quero saber onde Fernando Park vai hoje. - fez uma pausa - Ok. Eu espero. - Vira para mim, guardando o celular no bolso da calça. - Mantenha a calma - alguns segundos e o celular volta a chamar - OK. Obrigado. - desliga e novamente guarda o celular - Vamos à uma festa hoje.

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