Capítulo 17 - Camila's birthday

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Camila Hayes

Os Hayes têm uma velha tradição de acordar o aniversariante logo pela manhã com um parabéns pra você. Não importa se você está dormindo de boca aberta, se a sua imagem pela manhã não é a melhor, nós acordamos uns aos outros assim. Vamos ao quarto, levamos os presentes e cantamos como um coral.

Eu adorava fazer isso porque a cara de espanto de Alice, principalmente, era impagável, mesmo ela sabendo que todos os anos eram as mesmas coisas.

Porém quando se tratava de mim, a coisa era diferente. Já preparada psicologicamente para os gritos animados do meu pai que vinham pela manhã, tentei dormir tranquilamente. E essa tranquilidade durou algumas horas até eu me assustar com as vozes desafinadas e alegres ao nascer do sol.

- Parabéns pra você!

Abri os olhos de uma vez, sentando-me na cama e dando de cara com Alice, minha mãe e meu pai, ainda de pijamas, segurando os presentes. Quando terminaram de cantar, vieram me abraçar de um por um.

- Feliz aniversário, minha princesa. Mamãe te ama. – Minha mãe disse enquanto me apertava contra seu corpo, fazendo voz de bebê.

- Mais um ano de vida, ou seja, mais responsabilidade. – Meu pai beijou minha cabeça. – Estou muito orgulhoso da mulher que está se tornando.

Sorri para ele, emocionada.

- Obrigada, pai.

Ele me abraçou com força.

- Eu te amo, Camila.

- Eu também te amo, pai.

Quando ele me soltou, fui envolvida por outro abraço, dessa vez de Alice.

- Feliz aniversário, Mila. Te odeio um pouco menos hoje só por ser o seu aniversário.

Fiz uma careta quando ela se afastou.

- O sentimento é recíproco.

Os três se sentaram na cama para me observar abrir os presentes. O primeiro era de minha mãe, a caixa era perfeitamente embalada e havia o nome de uma das minhas lojas de roupas favoritas. Ao abrir a tampa e tirar os papéis que o embalavam, segurei o vestido vermelho, com cintura alta e alças finas, com a saia em tamanhos desregulares.

- Mãe, meu Deus, é lindo. – Falei, ainda admirando a peça.

- Você gostou? Comprei para você usar hoje a noite quando formos jantar.

- Eu amei. – Abracei-a de novo.

- Agora o meu! – Papai exclamou, me entregando outra caixa.

Essa era da Forever 21. Uma sandália de salto alto – do tamanho que costumava usar – cor bege e com detalhes de dourado metálico nas tiras.

- Para complementar o vestido. – Ele disse, sorrindo, e eu o abracei com força como agradecimento.

O último era de Alice. Uma pulseira da Tiffany & Co, com corrente prateada e um pingente de coração azul turquesa. Sorri abertamente, ela sabia o quanto eu queria aquela pulseira.

- Obrigada, pessoal, por todos os presentes. Eu amo vocês. – Falei, sorridente.

- Ainda não acabou. – Minha mãe disse.

- Não?

Ela saiu do quarto, voltando em seguida com uma caixa de tamanho médio e com embrulho de papelaria. Aquele era especial, pensei.

- Nós três preparamos esse. Uma memória afetiva pode-se dizer. – Ela disse, me entregando a caixa.

Senti meus olhos umedecerem instantaneamente quando abri. Haviam dois presentes. O primeiro, uma edição limitada e perfeita de Dom Casmurro, um dos meus livros favoritos e que me lembra a terra natal da minha mãe, vinha com uma capa de proteção cor verde musgo e o título do livro de cor ouro; por dentro, capa dura, o exemplar com desenhos aleatórios modernistas de detalhes pretos e amarronzados, tendo as páginas cor amarelada e que davam um tom de preto se olhasse por cima. O segundo, derreteu meu coração. Era uma foto, tirada em 22 de julho de 1998, com minha mãe deitada em uma cama de hospital, sorrindo mas aparentemente cansada, comigo em seus braços, e meu pai ao seu lado com uma Alice de sorriso travesso e que não tirava seus olhos de mim em seu colo, em uma moldura simples de madeira.

Diário de Uma Garota (não tão) Má [DISPONÍVEL ATÉ 30/09]Onde histórias criam vida. Descubra agora