Capítulo Único

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Meu passado teve um gosto amargo por anos
Então eu vou negar ele e encarar
Graça é apenas fraqueza
Ou então fui informado
Eu fui frio, eu fui implacável

Nunca houve nada, nem uma flor desabrochando na primavera ou o canto de um pássaro livre, nem mesmo uma borboleta saindo de seu casulo para iniciar sua nova vida, nada nunca o fez querer ser melhor.

A sarjeta era um lugar que ensinava muito, o primeiro ensinamento que Jason aprendeu fora que ele jamais teria alguém.

Todos se vão.

O que aprendeu a seguir era que não se devia confiar em ninguém, principalmente naqueles que tem a bondade nos olhos.

Sim, é fácil reconhecer que tipo de pessoa alguém é pelos olhos. Pessoas bondosas são como anjos, mas suas aulas e auréolas estão no brilho vivo em seus olhos, um brilho de esperança, um brilho que trazia esperança.

Pessoas como Jason não tinham nada, absolutamente nada, não havia luz em seus olhos, assim como não existia luz no fim do túnel ou uma escada no fundo do poço.

Definitivamente, apenas dois tipos de pessoas existiam, boas e más. Todd não era do primeiro tipo.

E ele soube desde criança.

A sarjeta não deveria ser lugar para crianças, mas era.

Mas que culpa alguém teria por nascer ali?

Como ter bondade quando tudo que se viu em sua infância fora a maldade?

Lutar para ter algo para comer, sobrevivência. Sim, a maldade daquele lugar e daquelas pessoas era em busca de sua sobrevivência.

Conforme fora crescendo o rapaz aprendeu muitas coisas.

O vilarejo era enorme e havia uma área, a área de antigos castelos, onde os nobres moravam em suas confortáveis casas, mansões.

Onde nunca passavam fome ou precisavam ver os seus morrendo por doenças tão banais que um simples remédio poderia curar.

Mas você nascia onde nascia e era o que deveria ser. O que os seus olhos indicavam.

A sorte nunca seria sua aliada, a sorte não existia para pessoas desse tipo, mendigos jogados pelas valetas, crianças largadas entre os becos gritando por comida e mães chorando sobre o frágil corpo de seus filhos mortos por frio ou fome, ninguém saberia, ninguém se importava.

Essa era a vida naquele tempo e o único jeito que Jason encontrou para viver era roubar.

Roubar, matar em várias vezes, matar viajantes que chegavam perto dos portões do reinado.

Tais portões eram longe de tudo, pelo menos levava algumas horas para ter o vislumbre da primeira casa depois de passar pelos portões.

E era lá, abaixo da ponte de madeira velha que Jason ficava grande parte de seus dias, esperando, aguardando, ansiando que algum viajante parasse seu cavalo cansado para que o animal se refrescasse na correnteza leve do rio e talvez pegar uma maçã da enorme macieira que oferecia uma boa sombra.

Enfeite para aqueles que chegavam, assombração para aqueles que iam.

Essa era a descrição do lugar em si.  

Jason já se dera bem inúmeras vezes ali, roubara de vários que caiam na doce e atrativa armadilha e em dias de sorte o rapaz não precisava compartilhar de seu ganho com nenhum outro rato.

Ratos, pessoas que viviam daquele jeito eram chamadas de ratos pelos nobres.

Sobrevivendo de migalhas.

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