Como Seria Se... (Personagens De Rainha Vermelha)

Capítulo ▪24▪

Cal

  Depois de deixar Mare em casa, recebo uma mensagem do meu pai me pedindo para passar no escritório dele. Percebo que para chegar ao escritório vou ter que encontrar Elara antes e isso faz meu estômago embrulhar.
   Infelizmente não tenho tanta sorte e logo que entro na casa, vejo ela de pé em frente ao sofá e Maven sentado de cabeça baixa. Eu poderia ir em silêncio para o escritório do meu pai e fingir que nada aconteceu, mas meu instinto de proteger meu irmão mais novo fala um pouco mais alto.

- O que aconteceu? - pergunto para ninguém em particular, e vou até Maven.

- Isso é o que eu estou tentando descobrir, Maven Calore é um irresponsável, seu irmão é um burro e ingênuo. - Encaro Elara com mais raiva que de costume, mas ela não tira os olhos do meu irmão.

- Eu já disse que NADA aconteceu. - Maven resmunga e me olha - Nada aconteceu, Cal. Pode ir. - abro a boca para responder, mas ela é mais rápida.

- Nada? - Elara começa rir igual uma louca, pega um vaso e o atira na parede. Me assusto e Maven arregala os olhos.- Eu encontro você quase beijando aquela menina, coberto de sorvete e você vem me falar que nada aconteceu? Maven, já disse que existem regras e você recebe punição se desobedecer elas. - Regras? Que regras?

- Eu sei, mãe. - Ele fala baixinho e fecha os olhos com força. - eu sei.

- Acredite em mim, vai ser bem pior que a última vez. Você vai aprender a ser, quem eu quero que você seja. - Elara fala e saí da sala, deixando seu veneno no ar.

- Eu não sabia - Falo me virando para encarar Maven.

- O quê? - Ele pergunta com os olhos vazios e inexpressivos.

- Que ela tinha criado novas regras - lembro de quando Maven era apenas uma criança, Elara fez uma tabela sobre todas as regras que ele deveria seguir ou se não ele levava alguma punição. - As punições devem ter piorado também.

- Pioraram, bastante. - Maven desvia o olhar e fica encarando a parede em silêncio. Fico com ele, eu já deveria ter chegado em alguma forma de livrar meu irmão dela. Penso nisso toda vez que acordo de manhã, penso nisso todos os dias, mas não consigo chegar em uma solução. - Cal... quando você falar com a Mare, pergunte se a irmã dela está bem - ele suspira - Tenho medo quando minha mãe fica desse jeito, mas nunca vou admitir isso para ela.

- A menina que Elara falou, era a Gisa? - pergunto surpreso.

- Era - Maven fala se encolhendo no sofá. - Não queria que ela tivesse conhecido minha mãe - Ele percebe minha curiosidade e continua - Por favor, não conta nada disso para Mare, acho que a irmã dela não vai querer que ela saiba. E não aconteceu nada de mais, só fomos tomar um sorvete e minha mãe chegou.

- Ah, não vou contar nada - prometo, e dou uma rápida olhada por onde Elara saiu - você vai ficar bem? Preciso falar com nosso pai, mas não quero deixar você sozinho.

- Pode ir, eu vou ficar bem. - Abraço meu irmão meio que automaticamente e me levanto em direção ao escritório, antes de chegar a porta, escuto Maven falar baixinho. - Já estou acostumado a ficar sozinho.

    Fico pensado no que ele disse e até penso em voltar, mas não quero lidar com meu pai bravo. Quando chego a porta dou duas patidas antes e escuto sua voz rouca me mandando entrar. Meu pai está como sempre, sentado em sua mesa com os cabelos um pouco bagunçados e uma taça de vinho em sua mão.

- Bom dia, meu filho - Ele cumprimenta e seu sorriso já é uma prova que ele está bêbado - Você demorou, já estava quase desistindo de esperar.