¹ PJM

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Era uma segunda-feira incomum. Sr. Min passou como um foguete para seu escritório. Claro que ele nem se dá o trabalho de desejar bom dia, e nem fico perto da minha mesa quando dá o horário dele chegar e eu ficar com cara de tacho porque ele não retribuiu meu bom dia. E isso nem faz diferença no meu dia nem no dele.

O cara acorda e dorme de mal humor. Parece que quando acorda, já toma uma dose de má educação, porque não é possível.

Mas hoje em especial, ele chegou mais de trinta minutos adiantado, e eu não esperava que chegasse tão cedo. Passou pela minha mesa, colocou três pastas pretas de couro, desejei bom dia, mas não esperei sua resposta, mas a carranca era inevitável, virou a costa e foi pro seu escritório.

A mão coça pra não enfiar uma caneta em sua costa. Mas com o que ele me paga, vivo muito bem. Parece que ele me paga pelo trabalho e o ódio que me faz passar. Então recebo muito bem. Apesar que há dias que fica devendo um extra, pois não é possível.

Min Yoongi, um alfa de apenas vinte e sete anos, mas o humor de um velho desalmado de oitenta anos.

E eu tenho que ouvir desaforos todos os dias. Com exceção os dias que viaja. Ai sim esses dias são o sétimo dia de Deus criando o mundo. E então descansou. Ou no caso, eu descanso.

Esses dias eu conto, pelo menos de três em três meses ele finalmente viaja pra fechar negócios e tudo mais. Graças ao bom Deus que me sonda e me conhece, ele não me arrasta pra esses lugares. Claro que eu amo viajar, mas ir com Yoongi, seria voltar num caixão, ou ele ou eu. Um dos dois iria tentar matar o outro.

Ele pensa que por eu ser Ômega vou abaixar as orelhas pra ele. Pelo contrário. Vivemos numa sociedade moderna que não preciso me submeter a alfas e pipipipopopó. O único respeito que devo a ele, é da porta da empresa pra dentro. Fora isso, não devo minha vida a ninguém. Obviamente ele nunca tentou se mostrar superior a mim, e ai dele.

Vivi minha vida inteira sozinho. Perdi meus pais ainda quando criança em um assalto, onde todos nós três fomos alvos de bandidos na cidade onde morava, em Busan. Meus pais não resistiram aos ferimentos, e eu resisti por algumas semanas na UTI infantil. Eu tinha cinco anos, e já se passaram vinte anos que saí de um coma induzido pra uma casa de apoio e vários orfanatos.

Nunca quis ser adotado, e isso pesou muito no meu crescimento. Vivi com professores e cuidadores nos orfanatos e escolas internas. Nisso nunca me senti menor que ninguém, mas uma família não se repõe. Meus avós também não eram mais vivos na época. É como se o universo dizendo que eu devia viver sozinho.

Estudei administração na faculdade e há um ano e meio trabalho na Columbia Records (C.R), a filial em Seul. Meus únicos amigo aqui é Kim Taehyung, que começou a um pouco mais de seis meses, e Soobin o estagiário do setor de RH. Eu sou o assistente do Sr. Min a um ano e meio e foi um record de acordo com o pessoal da recepção. Os outros não duravam mais que seis meses. O que não é de se espantar. O cara bota medo até na própria sombra.

Comecei a redigir um documento de contrato publicitário pra um Idol que irá fechar com a C.R daqui uns dias. É bem detalhado, pois precisa ter todas as cláusulas e frescuras que o mundo dos famosos podem e não podem fazer. Um silêncio pairava no escritório, só se ouvia o som de cliques de mouse e de teclados furiosamente sendo digitados e meu telefone tocando alto me assustando.

- Minha sala, agora - Meu coração ainda doendo pelo susto me pondo de pé catando uma caneta e minha agenda que anoto as milhões de ordens que tenho que fazer o que ele manda, e menos de cinco metros empurro meu corpo até sua porta, batuco de leve três vezes e ele murmura algo que sei que é pra eu entrar.

O cheiro da sua sala é bem instigante, na verdade é muito bom, mas nunca que admitiria isso pra ele. Seu cheiro de café com baunilha impregna toda a sala quando está com raiva, e isso é como um soco na minha cara quando abro a porta todos os dias.

- Pois não Sr. Min? - digo ao ficar na porta até que peça que me aproxime. E então ele faz o movimento que me aproxime

- Marque um almoço no "Il Grano", para sexta-feira - ele não me olha ao falar, e nem me surpreende

- Sexta - feira? Mas hoje é segunda

- Se você ligar agora, provavelmente não terá vaga

- E então por que eu deveria ligar se não terá vaga? - ele me encara agora. Sei que falei merda

- Se disser que sou eu que quero uma mesa, eles darão o jeito deles

- Certo - procuro o número do tal restaurante na internet - Quantas pessoas?

- Três . É só isso, pode se retirar

Me retiro com um sinal de reverência e ele ainda me encara, mas agora com um sorriso mínimo.

- Cancele minha agenda da Sexta-feira - ele fala pelo telefone à minha mesa em menos de dois segundos que chego a ela.

Não posso nem surtar e o xingar com movimentos, a não ser dentro da minha cabeça, pois sua sala de paredes de vidro dão direto na minha mesa, então fico só em meus pensamentos.

- Ligo pra Taehyung. Sei que a mesa dele é até perto, mas não gosto que todo escritório ouça da minha vida - Tae, eu preciso beber! - digo quando ele atende

- Beleza, quando sairmos daqui, vamos naquele bar, AQUELE - me faz rir quando diz

- Aquele, né, safado! - ele sorri

Taehyung é a pessoa mais adorável que já conheci na vida. Mesmo sendo mais novo alguns meses, ele me ajuda bastante. Como um anjo enviado pra cuidar de mim. Ele me entende em quase tudo. Claro que em quase tudo é porque não abro minha vida totalmente pra ele. Não é medo de ele falar ou me julgar, ou até mesmo ter pena. Mas durante a vida acabei cultivando alguns traumas, e isso me aprisiona ser abertamente pra qualquer pessoa.

Ligo para o tal restaurante antes que esqueça. Foi difícil, até dizer que era pro CEO MIN YOONGI, da Columbia Records que queria a mesa. A atendente logo entendeu o poder do nome e cedeu a vaga. Disse a ela que ele daria uma ótima gorjeta. E nem sei se ele dá de fato.

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JUST ONE DAY 🐺 YOONMINWhere stories live. Discover now