A DAMA DE GELO

Prólogo

Prólogo

Lembro com detalhe a minha infância onde fui negligenciada por meus pais. A minha babá, Lola, era quem cuidava de mim. Eu sentia que ela não fazia por obrigação e sim porque realmente me amava. A única amiga com que eu brincava era a Sofia, filha da nossa cozinheira Francesca e do copeiro Rafael.
Lembro-me de um dia minha mãe vir falar com Lola e eu ouvir a conversa atrás da porta. Minha mãe estava dando uma ordem para Lola não deixar que eu brincasse com Sofia. Lola até que tentou questionar, entretanto, ela deixou bem claro que se ela não cumprisse suas ordens seria demitida. Naquele instante eu pensei que fosse ficar sem minha única amiga, mas isso não aconteceu. Lola não cumpriu as ordens e esse ficou sendo nosso segredo.
A minha convivência com meus pais ficava cada dia mais escassa, pois eles só viviam viajando sem mim, é claro. Com oito anos fui mandada para o colégio interno Nossa Senhora de Pilar e só nos finais de semana eu podia receber visita e apenas Lola quem ia. Nas férias ou nos feriados, era somente quando eu podia voltar para minha casa, mas meus pais nunca estavam.
Sempre fui uma aluna aplicada e quando fiz dezessete anos terminei meus estudos e já sabia que eu queria fazer medicina. E foi com esta mesma idade que fui emancipada. O Sr. Fernando Gutierrez e Sra. Alda Gutierrez já não queriam mais nenhum compromisso comigo. Foi perante um juiz e advogados que os representavam, que me tornei oficialmente dona do meu nariz e reconhecida como herdeira universal do império dos Gutierrez, que o próprio Fernando herdou de seu pai, meu avô. No momento que escutei isso, lembrei das palavras duras que meu pai um dia desferiu contra mim:
- Você nuca foi desejada por nós, nasceu da insistência de meu pai para passar a direção do Banco para minhas mãos.
Saí da audiência com a escritura de um triplex em Salamanca, melhor bairro de Madrid, uma conta com milhões de pesos, um carro com motorista e um cartão Black sem limites com todas as minhas despesas pagas pelo próprio Banco. Naquele momento eu decidi que meus pais não tinham mais lugar em minha vida e nem em meu coração, a única pessoa a quem eu me dedicaria seria Lola.
A mansão foi fechada e todos os empregados demitidos. Naquele momento, eu não poderia deixar Francesca, Rafael, Sofia e Jardel na rua. Comprei um apartamento com meu próprio dinheiro para os pais de Sofia, ela e outro para Jardel.
Entrei na faculdade e me encantei com a medicina, entreguei-me de corpo e alma aos estudos e com vinte e quatro anos me formei, e Lola estava lá me aplaudindo de pé. Fiz pós-graduação em ginecologia obstetrícia e quando terminei, senti que queria algo mais. Foi então que fiz especialização em fertilização e reprodução humana, mas ainda continuava almejando mais e mais. Resolvi que faria meu doutorado em embriologia e mestrado em geneticista.
Aos trinta e três anos eu era realizada profissionalmente, tinha uma Clínica de fertilização e reprodução humana, ajudando a casais que desejam ter uma família. Tinha uma equipe de profissionais que me ajudam e entre eles estava Sofia, formada em psicologia com especialização em família. Também tinha os plantões três vezes por semana no Hospital Santa Cristina e foi no corredor, indo para mais um plantão, que esbarrei sem querer no peitoral de um homem que tinham os olhos mais lindos que já vi na vida. Seus cabelos eram loiros meios queimados pelo sol e dono de um sorriso belo e sincero. Ele era um perigo para mim. Ele respirava vida e satisfação pelos poros.

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É de minha autoria.

Nana Galvão.
Plágio é crime.