CAPÍTULO 16

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Olívia sentiu uma dor no peito ao ouvir Fernanda fazer aquele pedido. Entretanto, não via mais sentido em chamá-la pelo apelido carinhoso que havia criado. E, enquanto ela colocava suas roupas desordenadamente em sua mala, sentindo-se furiosa com a situação, as lágrimas escorreram de seus olhos. Olhou a hora no seu relógio de pulso, fechou a mala, socou uma roupa na mochila e saiu. Preciso sair daqui agora!

***

Quando saiu do quarto de Olívia, Fernanda entrou no seu, deitou-se na cama em posição fetal e pôs-se a chorar copiosamente, esquecendo que o marido poderia chegar a qualquer momento. Para ela, desde o início, tinha feito tudo errado. Tomado decisões equivocadas uma atrás da outra, que culminou nesse mal-estar intenso que estava sentindo.

Instantes depois, ouviu um barulho de chave na porta principal e correu para ver quem era. Abriu a porta do seu quarto bem devagar, caminhou pelo corredor sorrateiramente e observou Olívia saindo com a mala e uma mochila. Claro que ela não vai querer ficar aqui depois de tudo! Resolveu não intervir, apesar do aperto que sentiu em seu peito.

Ao invés de retornar para o seu quarto, ela foi até o quarto de hóspedes. Parou na soleira da porta e volteou o olhar pelo ambiente, tendo um sentimento de perda muito intenso. Como se estivesse sob um efeito hipnótico, caminhou até o guarda-roupa e o abriu. Estava vazio, semelhante a como se encontrava seu coração.

Desviou o olhar para a cama bagunçada, onde há pouco tinha tido o derradeiro momento de prazer com Olívia. Com lentidão, caminhou até lá e se deitou, puxando o lençol para si e o abraçando. Levou-o ao rosto e o cheirou, sentindo o suave perfume dela.

À medida que se embriagava com o cheiro de Olívia, o choro veio pungente. Derramou tantas lágrimas, que a fez amolecer e, consequentemente, dormir, acordando minutos depois com o toque do seu celular vindo do seu quarto. Sem ânimo algum, levantou-se para atender. Era Tuca informando que iria para casa somente no final do dia, pois precisava deixar todos problemas na empresa resolvidos. Ainda bem! Pelo menos, ele não me ver assim! Após desligar a ligação com o marido, voltou à cama de Olívia, deitando-se outra vez, entretanto, sem conseguir mais dormir. Ficou ali sendo carcomida pelos sentimentos e pelas lembranças.

***

Mel se assustou com a fisionomia deplorável de Olívia ao abrir a porta de sua casa para ela. Nunca a tinha visto daquele jeito. O olhar dela estava sem brilho. Na época em que morou em Belo Horizonte, era corriqueiro Mel ver as garotas com quem Olívia se envolvia se sentirem da mesma forma como ela, Olívia, se sentia naquele momento. No fundo, julgou que aquela paixão pela esposa de seu primo seria uma boa oportunidade para que Olívia se preocupasse mais com os sentimentos das mulheres com as quais ela ficava.

— Mel, posso ficar aqui até quarta? — Olívia perguntou com uma voz sem cor.

— Claro, amiga! Entra! Vamos conversar!

— Vamos dar um passeio na praia? Tô precisando muito! — Olívia sugeriu sem muita empolgação.

— Boa ideia! A gente aproveita e almoça por lá.

— Antes vou só mandar uma mensagem para o Tuca, pra dizer que vou ficar aqui até quarta.

Em seguida, dirigiram-se à praia de Copacabana, onde caminharam conversando sobre tudo o que tinha acontecido até aquela manhã.

***

No meio da tarde, depois de muito elucubrar, Fernanda enviou uma mensagem pedindo perdão a Olívia, que a ignorou. A falta de resposta deixou Fernanda ainda mais triste e aflita. Assim que chegou em casa, no início da noite, Tuca encontrou a casa em completa escuridão e percebeu que Nanda estava deitada em uma rede na varanda. Ligou a luz da sala, caminhou até ela e perguntou, beijando-lhe a cabeça:

OLÍVIAWhere stories live. Discover now