a falta que você faz

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os dias ficaram mais cinzentos durante as últimas semanas. sei que você também vê. sua cama costumava ficar perto da janela; aquela no seu quarto, que mostrava a imensidão dos prédios da cidade. será que você ainda a deixa aberta?

eu com certeza não me importo. estou anestesiada desde que você se foi. dia 13 de outubro. terça feira. dia ensolarado. céu imensamente azul. eu estava pronta para tirar da minha gaveta o seu presente de aniversário (aquele que eu passei horas embrulhando nos mínimos detalhes, dobrando e cortando fitas e papéis. aquele que eu comprei na esperança que você iria amar. agora, o presente embrulhado no papel colorido me julga de cima da mesa. foi você). aliás, feliz aniversário.

eu nem me importo tanto assim. acredito que, já que não sinto nada, já superei. estou tocando a minha vida normalmente, sabe? só me sinto um pouco vazia, como se algo faltasse em mim. mas sei que é você. felizmente, isso passa com o tempo. sei por experiência.

eu não me importo. é só que... eu coloquei tanta esperança em nós. eu imaginei nós dois no natal, quando você iria conhecer meus pais. imaginei tantas outras coisas que nem consigo descrever em palavras. eu sorria tanto quando você tocava a campainha do apartamento que meu rosto chegava a doer. eu ainda sinto a sua forma nos meus braços, quando a porta se abria e eu me lançava pra cima de você. eu ainda consigo descrever a animação que crescia dentro de mim quando via que você estava com uma mochila nas costas. significava que iria passar a noite comigo. eu ainda sinto todas as euforias e sensações que você me trazia consigo, mesmo que não esteja mais aqui.

eu acho que me importo. o presente era legal, você ia gostar. 

eu acho que vou ficar com mais um pedaço de você aqui comigo.

mas que merda. poderia jogá-lo fora se não tivesse sido tão caro. 

do fundo do meu coraçãoWo Geschichten leben. Entdecke jetzt