Capítulo 3: Minha cachorrinha

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Jude

— Cardan – digo, evitando seus olhos profundos – já que dessa vez resolvi o caso com os policiais, pode, por favor, parar de me arranjar problemas? Essa não foi a primeira vez que tenho que arrumar a sua bagunça, mesmo não tendo nada a ver com isso. Aliás, eu nem sei porquê fez uma festa aqui, já que deixou bem claro que tem uma boate inteira para fazê-las. – peço rapidamente, ansiosa para ir embora, mas tudo o que recebo é seu sorriso de deboche aumentar cada vez mais. Ele conseguiu me irritar, como sempre, percebeu isso, e está adorando, apreciando cada segundo.

— Saia.

A princípio penso que fala comigo, mas em um segundo ele olha para Nicasia e repete. Vira para Locke e pergunta:

— Onde está Valencian?

— Acho que está pondo as tripas para fora no banheiro.

Cardan torce o nariz, com nojo.

— Leve-o para casa.

Ao terminar de dar ordens aos seus "súditos", os ignora completamente, focando em mim sua atenção e total ódio.

— E então? - pergunto, temerosa do que virá a seguir.

— Jude, Jude, Jude – murmura enquanto balança a cabeça, como se estivesse decepcionado – Parece que ainda não entendeu quem dá as cartas por aqui. Será que vou ter que lembrá-la de que só conseguiu ter o seu Café pois seu pai pediu um favor ao meu? E agora, está devendo, fazendo tudo o que o meu pai pede, como um cachorrinho. Bem parecido com você. Você é uma mera cachorrinha, e agora precisa fazer tudo o que eu mandar. Esse foi o acordo. Eu te alugo o Café por um preço barato, e você me deixa usar a sua casa para o que eu quiser fazer com ela. Se eu quiser pôr fogo nela, você senta e assiste queimar. Agora se lembrou, minha cachorrinha?

Engolindo tudo que eu gostaria de falar, murmuro apenas um fraco "sim", pois sei que gritar com ele nada mudaria. Nunca muda.
Afinal, ele fala a verdade.

Pode ser um acordo confuso e injusto, mas foi o acordo feito, e agora preciso arcar com as consequências de minhas escolhas feitas em um momento de desespero.

Com raiva, chego na casa de minha família e bato furiosamente na porta, quase não vendo quando minha irmã, sonolenta e confusa, abre a porta.

— Ah, é você. Porque não usou sua chave?

Entro sem falar nada e corro pela escada, e não paro até chegar ao meu antigo quarto, que continua do mesmo jeito que dois anos atrás, quando me mudei. Me jogo na cama e uso um travesseiro para abafar meus gritos.

— AAAAAAAHHHHH EU ODEIO ELE! ODEIO, ODEIO, ODEIO!

— Ah... o que foi que ele fez dessa vez?

O que tem para o café? | Cruel PrinceWhere stories live. Discover now