A Chuva

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Mamãe virou o rosto para mim e, pela primeira vez, desde que Sadie havia passado por aquela porta, sorriu. Eu não deveria ter mentido, aliás não costumava o fazê-la, entretanto esta era a única maneira de mamãe querer conhecer Sadie melhor.

Tenho certeza de que ela poderia gostar dela tanto quanto gosta do Noah.

— Ah, é mesmo? — perguntou ela, agora fitando a ruiva. — Qual matéria mais gosta, Sadie?

A lembrança dela me respondendo isso quando eu havia feito a mesma pergunta no dia em que fomos estudar juntas pela primeira vez na biblioteca veio à minha mente naquele segundo: Todas são igualmente insuportáveis. Logo, respondi antes que a ruiva  tivesse a chance de abrir a boca:

— Inglês! — exclamei. — É! Ela adora inglês! — frisei. Percebi que Sadie havia fechado a cara e não comentou nada a respeito. Então, para constatar se estava tudo bem, acertei-lhe um chute fraco por baixo da mesa. Ela me encarou e estreitou os olhos, como que uma censura para que eu pegasse mais leve com o que estava dizendo. Em seguida, fitou mamãe. Prendi a respiração. Só confirma, Sadie, por favor.

— Sim, eu gosto dessa matéria. — disse, com um toque um pouco duro na voz que, graças a Deus, somente eu devia ter notado.

Assim o jantar chegou ao fim ,graças às Deus minha mãe já tinha acabado com os interrogatórios,foi quando Sadie perguntou:

— Bom, Mills, eu estava pensando em irmos no cinema depois do almoço. — disse Sadie casualmente, se levantando do sofá assim que mamãe e eu fomos para a sala.

— Oh... — mamãe e eu trocamos olhares.  — Tudo bem, mãe?

— É claro. — disse ela. — Vão.

— Então... deixa eu me trocar. — eu disse, voltando meu olhar para Sadie, que assentiu satisfeita.

Subi ao quarto um pouco hesitante em deixar Sadie sozinha com minha mãe, com medo dela voltar ao assunto dos estudos e ela decidir desmentir o que eu disse.

Por isso, assim que abri meu guarda-roupa, peguei a primeira camiseta que vi à minha frente, uma calça jeans e meu moletom do Harry Potter para amarrar na cintura, caso esfriasse mais tarde.

Desfiz meu coque, mas sem paciência para pensar em algum penteado, acabei refazendo-o novamente. Guardei meu celular e um dinheiro, que mãmãe  costuma me dar para comprar jogos novos, dentro da minha bolsa de ombro e desci ao primeiro andar correndo.

— Tô pronta! — afirmei.

Sadie se levantou novamente e sorriu um pouco forçadamente. Ela estava mesmo incomodada com alguma coisa?

— Foi um prazer. — disse, enfiando as mãos dentro dos bolsos da calça, e se virando para minha mãe.

— Prazer em te conhecer, Sadie . A trague cedo. — disse mãmãe, com um sorriso surpreendentemente simpático.

Do lado de fora, minutos antes pensei que suspiraria de alívio por nos livrarmos das perguntas embaraçosas ou da tensão, entretanto agora parecia que ela havia aumentado. Decidi então ignorar isso e agir normalmente. Talvez fosse coisa da minha cabeça.

Continuamos andando por mais alguns minutos por um completo silêncio. Percebi que até que com certa distância. Sadie nem ao menos estava me questionando sobre meu sonho. Ok, talvez ele esteja um pouco estranho, pensei.

— Gostou dela? — perguntei, após limpar ruidosamente a garganta, tentando desesperadamente quebrar o clima frio.

— Ela é legal. — disse ela secamente.

My First Love Where stories live. Discover now