Edgar, O Garoto do Café, caminha em minha direção e senta na cadeira atrás de mim. Cae me olha e sorri malicioso. Reviro os olhos.
- Edgar, estava acabando de separar os assuntos de um seminário para os grupos. Você precisa escolher um grupo.
Cae levanta a mão.
- Ele pode ficar no meu grupo.
Sinto minha alma sair do meu corpo e voltar.
- De acordo Edgar? - pergunta a professora.
- Sim - ele fala com aquela voz rouca e grossa.
Cae tá tentando fazer o mesmo que Elena fez a anos atrás. Vou abrir o jogo. Contar o que aconteceu em um fatídico verão há 3 anos. Talvez ele entenda que não quero mais ninguém.
Com o fim da aula, Cae e Tina vão para a aula de seu curso e eu corro para a aula de Inglês. Infelizmente o Garoto do Café, também faz Literatura, então em todas as aulas ele estará lá. Me deixando suado e com frio ao mesmo tempo. Nervoso.
Com o fim de todos horários, corri para o alojamento e encontrei Cae entre os livros.
- Você não vai conseguir - falo sentando na minha cama.
- Do que tá falando?
- Do Garoto do Café.
- Edgar - fala Cae sorrindo.
- Minha amiga tentou fazer isso, há alguns anos. Não deu certo e perdemos a amizade.
Cae deixa seus livros de lado e me olha. O cabelo cacheado está solto e percebo o quanto ele é bonito.
- Por que você tem aversão a garotos? É um tipo de gay, que odeia ser gay? E odeia gays consequentemente? - ele me olha pronto para uma briga.
- Eu perdi meu namorado há três anos - Cae arregala os olhos e coloca os dedos sobre os lábios - Ele se chamava Nicolas Bennet e foi meu primeiro namorado. "Meu pais tinham uma casa de veraneio em uma cidade no interior da Carolina do Norte. Todo ano íamos para lá e eu odiava. Eu fiz um acordo com meus pais, que se me comportasse, eu ficaria em Ohio. Um dia antes da viajem, fugi de casa e fui em uma festa. Eu gostava de um garoto da escola e vi ele beijando outro menino. Me acabei de beber, cheguei passando mal em casa e fui obrigado a viajar. Fui em pé de guerra com eles. Na mesma noite fomos a um restaurante e briguei com minha mãe. Chovia tanto e eu sai da do restaurante furioso e fui pra casa de verão a pé, sozinho. Era mais ou menos uma hora de lá até a casa."
Cae me olha, atento.
- "Um homem me encontrou na estrada e me deu carona. Quando cheguei em casa, faltou luz, fiquei aterrorizado e descobri que um deslizamento aconteceu na estrada e eu teria de ficar sozinho. Então ele apareceu, no meio da tempestade, todo encharcado" - sorrio triste ao lembrar. Meus olhos cheios de água - "Ele entrou e ficou comigo na casa. Nos apaixonamos aos poucos. Foram os dias mais felizes de minha vida. Ele sumiu depois por uns dias, descobri que ele morava na região e ele me pediu em namoro. Fizemos algumas loucuras. Até o dia em que chovia muito e ele perguntou se podia vir pra minha casa" - Choro livremente agora.
- Você não precisa continuar - fala Cae.
- Tá tudo bem. "Ele perdeu a direção do carro e caiu no lago. Morreu afogado."
Cae me olha. Os olhos marejados.
- Não quero mais ninguém por isso. Sinto como uma traição ao amor que senti, sinto pelo Nicolas. E tenho medo de passar pela mesma dor pela qual passei e passo desde então.
Não sei porque falei tudo isso para esse garoto que não conheço nem há um mês. Mas sinto um peso deixar meus ombros.
Cae se levanta e me puxa para um abraço.
- Eu sinto muito...desculpa pelas minhas ideias idiotas. Eu não sabia.
- Tudo bem.
Cae então me deixa sozinho e deito na cama, abraçado com o travesseiro, chorando como um bebê. a ferida foi aberta de novo, e sangra como se eu tivesse sangue que nunca se acaba.
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No Inverno do meu Coração (Romance Gay) - CONCLUÍDO
RomanceTrês anos se passaram desde que Marcus Hayne perdeu o namorado em um trágico acidente. Agora, prestes a embarcar na Universidade, Marcus congelou o coração para qualquer relacionamento, para sempre. Afastado da família, o jovem rapaz passa seus dias...