Capítulo 2

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- Conversaremos quando seu pai e eu voltarmos – disse sua mãe, quando a garota desceu do carro.

- Mas... – começou Aziza, porém avistou o animal encolhido ao lado de sua mãe no banco de trás e, desistindo de fazer qualquer objeção, ela apenas balançou a cabeça e seu pai acelerou o carro.

A garota entrou em casa e sentindo que seu coração saltaria pela boca, ela se sentou no sofá.

“O.K, não deve ter sido nada demais” pensou ela, tentando se acalmar “Apenas alguma reação estranha do meu corpo, afinal de contas eu estava muito irritada naquele momento”

Mas então a lembrança que estava lhe causando tal apreensão surgiu em sua cabeça; o jeito que sua mãe a olhara. O terror... o medo.

“Ela sequer conseguiu dirigir...”

Aziza tentou afastar esse pensamento e, se odiando por esse ato um tanto egoísta de não pensar muito no animal ferido, ela desejou que seus pais não demorassem.

A garota não conseguia ficar apenas em um lugar, em poucos minutos Aziza já estivera no sofá, andara de um lado para o outro na sala, sentou-se rapidamente em uma das cadeiras da sala de jantar para em seguida recomeçar suas caminhadas constantes novamente. A ansiedade à estava corroendo por dentro.
Seu estômago afundou quando ela ouviu o carro estacionar em frente a casa. Sua mãe entrou na frente, dobrando seu casaco sujo de sangue, e seu pai entrou logo em seguida, o rosto ainda muito pálido e muito sério.

- E então? – perguntou a garota, ansiosa – Ele vai ficar bem não é?

Ela queria pular logo essa etapa, retirar a preocupação com o animal do caminho para entrar no assunto que realmente estava sugando sua tranquilidade.

- O Tom disse que por sorte os ferimentos não foram tão profundos – respondeu seu pai, com a voz cansada – Ele vai ficar bem. Não se preocupe.

Ele tentou forçar um sorriso, e Aziza suspirou, um pouco mais aliviada.

- Eu quero que você se sente, Aziza – disse sua mãe, com a voz embargada.

Aziza desviou o olhar para ela e percebeu que seu rosto estava extremamente vermelho; estivera chorando.

A garota obedeceu e sentou-se no sofá, o coração batendo forte contra o peito. Não tinha certeza se queria ouvir o que eles tinham a dizer, mas precisava. Tudo ficou tão estranho do nada.
Seu pai se sentou ao seu lado, e a envolveu nos braços, aquilo a acalmou um pouco. Sua mãe se sentou no nó do sofá L, olhando-a como se tentasse organizar os pensamentos para saber como começar.

- Parecia que eu ia começar a pegar fogo... – começou Aziza, tentando ajudá-la. Falar isso em voz alta soava tão ridículo que ela sorriu, mas sua mãe continuou olhando-a impassível.

- Aziza, querida – a voz do seu pai estava baixa e a garota percebeu que ele estava lutando bravamente para se manter tranquilo – Nunca te contamos por que... Porque tínhamos a esperança de que não fosse acontecer.

- Espera – disse a garota, confusa  – Do que você está falando?

Mas ele pareceu ignorar sua pergunta e continuou.

- O objetivo era lhe contar aos 11 anos de idade – ele parecia perdido, Aziza nunca o vira tão desatento – Mas você não demonstrou nada de diferente nessa época, completou 12 e ainda assim nada mudou...

- Eu já tinha me acostumado com a ilusão de que você na verdade era como nós, e que ela havia se enganado... – todo o corpo de sua mãe estava tremendo, lágrimas pesadas escorriam pelo seu rosto rosado e ela olhava para qualquer lugar, mas não ousava encarar a filha.

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