capítulo 5

387 32 1
                                    

           

      Finalzinho de outubro, 2010.


"E então, como está sendo morar com a Camila ?" o Norman sorriu, ainda olhando para Katie é melissa.

É sábado, e como de costume, é nossa 'reunião'. E Camila tem estado com a gente há quatro dias. Quatro dias de banhos frios. Quatro dias sabendo que ela estava tão perto.

"Tudo certo" eu meio que menti, sem olhá-lo nos olhos.

Ao invés disso, eu fiquei olhando para minha princesa.

Para ser honesto, podia ser muito pior. ter Camila junto conosco. Mas eu raramente a via. Ela acorda cedo e já está pronta para sair quando vou à cozinha para tomar café da manhã com a melissa, então nossas manhãs são sempre inocentes. Apenas um breve 'bom dia' e então ela sai. E quando ela volta para casa vai direto ficar com melissa, e eu vou para minha sala trabalhar. Daí ela dá um banho na melissa depois de servir-lhe o jantar. E depois de colocar melissa na cama, eu ainda tenho mais uma hora para trabalhar. Então, quando finalmente saio da minha sala de música, já passou das nove, e Camila já jantou.

No seu quarto ela tem tudo que precisa. Mesmo antes de ela se mudar pra lá, já havia uma cama king size, criado-mudo, uma cômoda e uma televisão plana na parede. E há também o banheiro da suíte, então não há muita necessidade de ela sair do quarto.

Ela come na cozinha, e está por todo lado quando melissa está no comando, mas fora isso, ela fica no seu quarto a maior parte do tempo.

"O que ela fez ontem?" Norman me perguntou me distraindo de meus pensamentos.

"Como assim?" eu perguntei.

"Eu pensei que por ser sexta feira..." ele deu de ombros. "A maioria dos estudantes não saem pra balada?"

Meu Deus, ele nos faz parecer velhos.

"Ela cuidou de melissa quando eu a trouxe da creche e depois saiu umas sete horas para encontrar com a Dinah. Acho que foi ao cinema." respondi.

"Dinah..." Norman assentiu pensativo. "Eu esbarrei nela outro dia."

"Jura?" Perguntei surpreso.

"É. Ela é gostosa"

O Norman também fala na lata. Normalmente com mais classe – como eu, quero acreditar – mas ainda assim na lata.

Não que eu seja um pudico – longe disso. Bem longe disso – mas eu fui criado para ser um cavalheiro. Só que era eu e Norman. Nosso sábado. Nossa conversa de vestiário.

"Ela é bem agitada" Norman disse com um riso baixo.

"Eu não saberia dizer" dei de ombros "Mas como você sabe?" perguntei franzindo os olhos.

Porque convenhamos, esbarrar em alguém não quer dizer o que você sentou e conversou com essa pessoa por um tempo, né? E, porra, eles só se viram antes uma vez, aqui no parque... Por uns três minutos.

"A gente estava na fila do Starbucks." ele respondeu simplesmente. "E ela não desperdiçou nem um minuto, me perguntando logo se eu era solteiro."

"Q-quê?" Eu tossi. Olhos saltando das órbitas e essa merda toda.

"Juro." ele riu.

"E o que você falou para ela, caralho?" eu perguntei incrédulo.

"Que eu estou no meio de um divórcio."

Parecia que ele não estava falando alguma coisa, mas eu não sou de ficar forçando respostas. Se ele quisesse dizer algo, diria.

Mas... Ele tem trinta e um anos, e... A Dinah tem vinte, também se formando adiantada para fugir da pequena cidade.

It's a sign - ShawmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora