Capítulo 14

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Senti meu braço ser balançado por alguém. O peso do corpo de Frisk ainda estava sobre mim. Ainda estávamos vivos. É, parece que subestimara a erva.

Abri meus olhos, lentamente, e Frisk tentava me acordar, com seu braço que não estava machucado.

Olhei ao redor, ainda sonolento, e ela sorriu pra mim.

-Yay acordou!

Flowey se aproximou.

-Finalmente, hein? Nenhum guarda passou por perto, até agora.

-Valeu, erva.

Frisk me abraçou, meio que de repente, mas a abracei de volta.

-Obrigada.

-Não se preocupa com isso, kiddo. Seu ombro está melhor?

Ela assentiu.

-Ainda dói, mas minha alma tem regeneração rápida, então acho que podemos continuar andando.

Ela se levantou, pegou Flowey no braço, e sua mochila que estava conosco, eu a trouxera, mas usei como um apoio, atrás de mim.

Peguei-a e a dei para Frisk, que colocou em apenas um ombro.

Seu rosto ainda manchado de sangue seco, o que grudava os seus olhos.

-Vai lavar isso em waterfall, né?

-Eu mal consigo abrir o olho -ela riu.- tenho escolha?

Eu ri, peguei o machado que carregava e começamos a andar. A coloquei para andar perto, caso algo acontecesse.

O som das águas caindo eram relaxantes, Frisk sentia isso, pois sua expressão era serena.

-Aqui é gostoso.

"Aqui é gostoso"

Olhamos na direção da voz e era uma eco flower, umas das poucas que voltaram com a magia fraca do lugar. Frisk soltou uma risada, o que involuntariamente me fez sorrir.

Quando terminamos de passar pelas pontes, Frisk se ajoelhou ao lado da água corrente, e deixou sua mochila e Flowey comigo. Ela começou a lavar o rosto, e de vez em quando soltava uns gemidos de dor, por conta dos machucados.

-Você acha que eu não percebi, né? -Flowey me perguntou, me deixando confuso.

-O quê?

-O jeito que você fica, quando tá perto dela.

-Não sei do que tá falando.

-Você sempre foi um assassino cruel, que não tinha mais razão nenhuma pra viver, e olhos sedentos por sangue e carne. Quando ela voltou, você mudou. Tem sorriso mais, de um jeito bom.

Fiquei em silêncio por um momento.

-E como você sabe disso, erva?

-Porque eu já senti isso, uma vez. Faz muito tempo.

Soltei uma gargalhada.

-Você? Você é bobão que foi a causa dessa destruição, pra início de conversa.

-Eu já te expliquei o porquê, não vou falar de novo.

Hesitei, mas ele tava certo.

-Sabe que ocultamos parte da história real pra Frisk, deveríamos contar pra ela.

Fiquei em silêncio, ví-lo olhar para mim.

-Não vai falar nada?

-O que eu falaria? Não contei nem pra Aliza sobre o que aconteceu com a Undyne e o subsolo direito.

Horrortale - De volta ao início [pt br]Where stories live. Discover now