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Eram oito da manhã.

Pela primeira vez na vida, eu havia chegado bem cedo na empresa.

Na noite passada, sob as ameaças de Caitlyn, eu liguei para Benjamim e concordei com seu pedido sob uma condição, que eu lhe contaria no dia seguinte quando nos encontrássemos no trabalho.

Ele ficou meio desconfiado — assim como eu, que, até então, não fazia ideia da loucura que a minha melhor amiga me enfiaria — mas não disse nada a respeito. Afinal, ele dependia de mim, não poderia exigir muita coisa, de qualquer forma.

Eu não sabia a causa, porém a ideia de ver Benjamim descendo de seu pedestal inatingível de superioridade porque dependia de mim fazia com que eu sentisse uma paz interior estranha.

Minha mãe chamaria isso de senso de rivalidade forte e desnecessário demais.

Mas também não era como se ela — ou qualquer outra pessoa — entendesse a intensidade do ódio que fluía entre nós dois.

Sentei na cadeira do meu escritório temporário, e, agora que estava ciente da tal condição de Caitlyn, eu não conseguia conter o ato de estalar os dedos impaciente e ansiosamente enquanto esperava a chegada de Benjamim.

Às oito e quinze, duas batidas na minha porta anunciaram a sua chegada.

— Bom dia, Rachel! — Pelo menos, ele decidiu parar com aquela palhaçada de Chelly.

— Bom dia, Benjamim. Queira sentar-se, por favor.

Ele arqueou as sobrancelhas devido ao meu tom, fazendo uma cara de impressionado, enquanto puxava a cadeira à minha frente.

— Você fica a cara do seu pai quando está atrás de uma mesa pomposa. — ele comentou.

— E você sabe mesmo como elogiar uma garota. Aposto que não lhe faltam propostas.

Benjamim soltou uma risada nasalada:

— Rachel Hensey interessada na minha vida pessoal?

Fiz uma cara de nojo e me ajeitei na cadeira.

Ele se inclinou sobre a minha mesa. Sem permissão, pegou minha jarra de água nas mãos e encheu o meu copo:

— E então? — ele disse bebericando a minha água no meu copo.

Benjamim conseguia despertar meu pior lado. Inclusive o possessivo.

Desviei o olhar, encarando um ponto na parede.

— Quero que seja meu acompanhante no casamento de Logan. — declarei sem rodeios.

Benjamim cuspiu a água de volta no copo.

— É... o quê? — O homem perguntou tendo um ataque de tosse.

—Você me ouviu. Já é demais ser obrigada a ter que trocar com você mais do que duas palavras. — Arqueei uma sobrancelha em desafio e Benjamim ajeitou a gravata.

Ainda parecia abalado com o choque do meu pedido. O que era totalmente esperado visto que eu paralisei por pelo menos uns dez minutos depois que Cat me contou a ideia.

— Por quê?

Ele me olhava como se tivesse nascido um chifre no meio da minha testa.

Talvez tivesse nascido mesmo, só assim para eu concordar com essa ideia louca de Caitlyn.

— Não gosto de viajar sozinha. — menti.

Benjamim se recostou na cadeira como se eu tivesse me entregado.

A Madrinha || DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora