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Elas comeram o macarrão e depois deixaram a louça na pia, foram para o sofá, se cobriram com um edredom azul que estava largado em um dos cantos do sofá e discutiram que filme assistiriam.

Enquanto isso, conversavam.

— Sabe, eu estou muito indecisa sobre qual curso fazer depois de terminar a escola.

Irene franziu a testa.

— Você não disse que faria Arquitetura?

— Disse?

— Disse, meses atrás.

Íris sorriu e corou levemente.

— Não sabia que você ainda lembrava. Bom, sim, era um dos meus planos, mas...

— Mas?

— Não sei se é o caminho certo.

Irene segurou uma das mãos de Íris e sorriu.

— Não importa o que você escolher, eu sempre vou te apoiar no que você quiser e no que te fazer feliz. Mas tenta poxa, nunca se sabe. E, qualquer coisa, você pode sair.

— Sim, é verdade... Obrigada.

Íris abraçou Irene, que foi pega de surpresa, mas logo retribuiu. Depois elas se separaram, mas mantiveram as mãos juntas, com os dedos entrelaçados. Irene percebeu, pela primeira vez, como as mãos de Íris eram pequenas, mas suas mãos se encaixavam perfeitamente.

— Mas e você?

— Eu o quê?

— Não pretende fazer faculdade ou algo do tipo?

Irene ficou uns segundos em silêncio, até que decidiu dizer a verdade.

— Para ser sincera, eu não sei. As áreas que eu mais me interesso é escrita e fotografia... Não sei se vale a pena.

— Claro que vale! Se você quer fazer, faça! E tanto, como você mesma disse, se não quiser mais, é só sair.

Irene ponderou e assentiu com a cabeça, concordando. Ela iria pesquisar mais depois.

— Mas qual é seu sonho? — perguntou Íris.

— Meu sonho... Acho que ser escritora. Eu amo contar histórias...

Íris não conseguiu controlar sua expressão de surpresa e Irene riu.

— Eu sei, não faço o perfil de alguém que lê muito, mas, acredite ou não, eu amo ler e escrever. Vem comigo.

Ela disse e levantou, puxando levemente o braço de Íris, como um modo de encoraja-la a se levantar. Elas foram no quarto de Irene, onde ela abriu um pequeno armário. Íris ficou chocada com a quantidade de livros que tinha e olhou todos os livros bem de perto.

Irene sentou-se em sua cama e acariciou Lua, que mastigava seu brinquedo, no intuito de deixar Íris mais a vontade. Enquanto seus pensamentos flutuavam em sua mente observando Íris olhar seus livros, Irene percebeu algo que não havia parado para pensar.  

— Íris...

— Sim?

— Quando fizemos... aquilo, sabe?! Você nunca tinha feito né?

— É... E o que tem isso? 

— Você era virgem?

Íris foi pega de surpresa e sentiu as bochechas esquentando. Irene levantou e foi até ela. Com a garota tão próxima, não teve coragem de responder em voz alta, então só balançou a cabeça afirmando. Irene se aproximou mais ainda e lhe deu um beijo suave. Íris ficou confusa e Irene riu de sua expressão.

— Eu fico honrada de ter sido sua primeira experiência, só isso.

Íris riu e disse.

— Por isso eu te amo.

Irene arregalou os olhos.

— R-Repete. Quero ouvir isso de novo.

— Ah não, não quero repetir.

Íris terminou de dizer, logo se afastando de Irene. Irene começou a persegui-la, falando freneticamente.

— Vai, fala.

— Não falo não! Você já ouviu!

— Ah vai, fala vai. 

— Não!

Íris tropeçou e Irene a puxou para que ela não caísse, logo a envolvendo em seus braços e a beijando.

— Tá certo... eu te amo. — disse ela, assim que seus lábios se afastaram um pouco dos de Irene.

Irene sorriu, divertida.

— Isso é música para os meus ouvidos.

Elas deram mais um beijo simples e Irene sussurrou.

— Eu também te amo minha linda.

Depois soltou-a e elas voltaram para o quarto. Depois de alguns minutos, terminando de analisar a estante cuidadosamente, Íris pensou em como seria bom passar a tarde lendo com a Irene, seria tão gostoso passar uma tarde com ela, só relaxando, assistindo filmes de comédia romântica bobos e tudo mais, e pela primeira vez percebeu o quanto ela queria aquilo e como desejava ter um futuro a dois... bem, a duas no caso. Morar com ela, vê-la todo dia, dormir com ela de conchinha... Ela suspirava só de imaginar. Mas antes de imaginar todo o futuro com ela, Íris ainda tinha um assunto para tratar.

— Irene?

— Hum?

— Então... Qual é a nossa relação agora? Por que amigas não se beijam e fazem coisas assim, então estou confusa.

Irene ficou em silêncio, pensativa. Depois apenas suspirou e disse.

— Eu sei que não. A verdade é que nem eu sei.

Íris se sentou ao seu lado na cama e a observava, em silêncio. 

Íris & Irene • ⚢ •Where stories live. Discover now