Capítulo 2

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Na maior parte da viagem Mel havia dormido, mas quando adentramos Guarabá, ela acabou acordando e nesse mesmo momento eu tive que falar do garoto misterioso que o ônibus inteiro cultivava a curiosidade em saber quem era.

- Mel, olhe disfarçadamente para a pessoa que está sentada atrás da gente. Ele entrou no ônibus no décimo ponto depois do nosso e ninguém conseguiu parar de encará-lo, até mesmo eu. – sussurrei para ela.

- Alexia, ele definitivamente faz o seu estilo e o de qualquer garota dentro da nossa escola – Mel sussurrou e logo parou de encará-lo.

- Isso é coisa da sua cabeça, menino nenhum faz meu estilo. Você sabe que eu estou preocupada com outras coisas.

- Estudos, faculdade, bolsas, blá, blá, blá. O mesmo papo de sempre Lexi. Você precisa de um pouco de diversão. Qual é, fala com ele agora.

- Eu não quero Mel. Não seja insistente, você sabe que não quero dis...

Antes de eu sequer terminar a frase, Mel virou para trás e se apresentou para o menino novo.

- Oi, meu nome é Mel. Qual o seu nome? De onde você é? E que sala você está? Vamos Lexi, não me deixe sozinha nessa.

Naquele momento, eu fiquei completamente envergonhada pela indiscrição da minha melhor amiga e no instante em que passei a olhá-lo, ele arqueou uma sobrancelha, deu um meio sorriso, que realmente foi capaz de derreter as barreiras do meu coração e fixou seus olhos nos meus.

- Prazer Mel. Prazer Lexi. Sou o Bernardo, me mudei para Angatuba há pouco tempo. Eu morava em Taubaté e eu estou no terceiro A – disse ele.

Mesmo estando hipnotizada com aqueles olhos, por fim, respondi timidamente:

- Desculpe pelo interrogatório da Mel. Eu sou a Alexia e por coincidência, somos da mesma sala que você.

- E que ótima coincidência não é mesmo? – disse Melina, me deixando totalmente envergonhada.

Bernardo riu e até o fim do trajeto explicamos para ele como era a escola, as aulas, os professores e principalmente, as pessoas da nossa "querida" sala.

Ao descermos do ônibus e entrarmos na escola, Mel novamente resolveu se intrometer e disse rindo para o Bernardo:

- Como você é um aluno novo, deveria ficar com a gente. Te juro que somos legais.

- Por mim tudo bem, mas vamos ver o que a Alexia acha disso – disse ele, sorrindo e me encarando.

- Primeiro, você pode me chamar de Lexi e segundo, toda companhia é bem- vinda. – eu disse, me encolhendo totalmente.

- Não precisa ficar com vergonha, porque na minha visão ele está totalmente afim de você - Melina sussurrou em meu ouvido.

Eu nem sabia o que responder, então, seguimos o caminho até a sala de aula em silêncio e a adentramos. Na mesma hora, todas as pessoas que estavam lá dentro passaram a encarar a "carne nova", mas no sentido dele ser um produto a ser consumido e eu percebi que logo, logo, ele nem olharia mais na nossa cara. Mas me despertando de meus pensamentos, Bernardo segurou a minha mão e perguntou:

- Onde você vai se sentar Lexi? Quero dizer, ondes vocês duas vão se sentar?

No momento em que percebi que estávamos de mãos dadas, fiquei completamente sem graça e percebendo, ele a soltou.

- É, normalmente a gente senta na fileira do meio. – respondi, tentando disfarçar meu constrangimento.

- Tudo bem, vou sentar ao seu lado.

Quando sentamos, todos que estavam na sala foram se apresentar para ele, Mel havia sumido e eu me senti deslocada, o que nada mais é do que um sentimento habitual, proporcionado pela bela criação que meus pais me deram.

Após alguns minutos, me levantei para procurar a Melina, passei pelo corredor e esbarrei na pessoa que eu menos queria ver, Arthur, o maior babaca de todos os tempos.

- Ei, Lexi, toma mais cuidado amor. Ainda bem que te segurei, pois do contrário você poderia ter caído de cara no chão. – disse ele, me encarando com aqueles lindos olhos, capazes de quebrar qualquer coração.

- Estou bem, mas não me chame de amor. Não existe mais essa intimidade entre você e eu. – respondi, completamente exaltada.

- Qual é, Lex!! O que aconteceu ficou no passado. Você sabe o quanto eu me importo contigo.

Eu não consegui evitar e acabei revirando meus olhos. Estando pronta para retornar para sala e esquecer minha busca pela Mel, acabei me deparando com o Bernardo vindo em minha direção.

- Você sumiu do nada, fiquei preocupado. – disse ele, encarando Arthur com os olhos semicerrados. Está tudo bem por aqui? Não tem nada te incomodando?

- Eu estou bem. Agradeço a preocupação, mas vamos retornar para a sala, pois eu não achei a Mel.

Arthur prestava toda atenção na cena e no instante em que resolveu se retirar, esbarrou ombro a ombro de maneira proposital com Bernardo.

Algum problema cara? – disse Bernardo, bufando.

Contudo, antes que Arthur começasse mais uma briga, coisa que era super comum vindo de seu feitio. Segurei as mãos de Bernardo e saí correndo com ele em direção a saída de emergência, me convencendo mentalmente de ainda procurar por Melina.

Por conta de toda a pressa, me virei rapidamente, com o intuito de olhar para ele, o que não deu muito certo, pois quase caí novamente, porém, Bernardo segurou forte em minha cintura e se aproximou tanto que eu pude sentir sua respiração, plenamente ofegante, cara a cara.

- Me desculpe e obrigada por me pegar... – eu disse, com o meu coração quase saindo pela boca.

Ele não respondeu, apenas permaneceu me encarando com um olhar que eu definitivamente não consegui decifrar.

- Mas o que diabos vocês dois estão fazendo aqui? No primeiro dia de aula já estão caçando uma forma de serem advertidos? Se separem agora, pois o sinal já bateu. – disse o inspetor, saindo da secretaria e nos pegando de surpresa.

Ficamos petrificados naquele momento, todavia, não por termos sido pegos e sim porque uma pessoa saiu da sala, logo depois do inspetor e era a Mel, com o cabelo levemente bagunçado e um batom borrado, óbvios indícios de que algo proibido tinha rolado. O inspetor ficou extremamente desconfortável e mudou sua postura autoritária para um homem amedrontado.

- O que vocês estavam fazendo? – dissemos eu e Bernardo ao mesmo tempo.

Pela Primeira Vez, LivreOnde histórias criam vida. Descubra agora