Capítulo 7

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CAPÍTULO VII






Desolada, Petra encarava a solidão de seu quarto. Fazia uns vinte minutos que Blaize a deixara, mas cada segundo naquela cama vazia parecia uma eternidade. O amor não correspondido que sentia por ele e o profundo sentimento de culpa por tê-Io agredido encheram seu coração de tristeza.


Por mais razões que tivesse, por maior que fosse a provocação que enfrentara, não conseguia perdoar-se por seu ato. Sua imensa dor não justificava tal atitude. Era como se um demônio dentro dela tivesse dado aquele tapa.


De acordo com os ensinamentos de seus pais ela devia desculpas a Blaize. As atitudes dele não eram problema seu. Ela não poderia nunca agir de maneira a perder a razão.


Desculpar-se com ele? Mesmo depois do que ele disse? Mesmo depois do que ele fez? Tendo atiçado seu corpo, fazendo com que ela fervilhasse de desejo para depois rejeitá-Ial Nunca. Nem sob tortura, Petra jurou dramaticamente para si.


No entanto, cinco minutos depois, quando o remorso venceu o orgulho, Petra cedeu. Se esperasse mais tempo correria o risco de encontrar Blaize mergulhado no sono. Ansiosa, ela apanhou seu roupão e suspirou profundamente.


Do lado de fora de seu quarto a luz tênue das lamparinas criava longas sombras.


Seu pedido de desculpas não poderia ficar para amanhã?


Blaize já devia estar dormindo... uma voz sussurrou na mente de Petra. Ela, porém, ignorou essas palavras. Tinha cometido um erro e precisava consertá-lo.


Com um suspiro, Petra abriu a porta do quarto de Blaize.


Enquanto seus olhos se acostumavam à escuridão pôde sentir as batidas do próprio coração e instintivamente colocou a mão no peito, como se quisesse silenciá-lo.


A luz da lua era suficiente para iluminar o corpo de Blaize dormindo sob os lençóis. Ele estava deitado de lado, o rosto virado em sua direção, mas Petra não conseguiu perceber se ele estava realmente dormindo. Murmurou seu nome, mas não houve resposta. Estaria mesmo dormindo?


Se fosse embora naquele instante ele nunca saberia que ela estivera lá. Antes que pudesse sair, o orgulho herdado do avô impediu que ela deixasse o quarto sem conferir se ele realmente donnia.


Caminhou até a cama de cabeça erguida. Hesitante, olhou para Blaize. Estaria ele dormindo? Certamente não se movia.


Em silêncio, aproximou-se e apoiou o joelho na cama para poder vêIo de perto.


Sussurrou seu nome. Se ele não respondesse e estivesse dormindo, poderia voltar para a sua cama com a consciência tranqüila e guardar suas desculpas para o dia seguinte com a certeza de que fizera o possível.


Ele não emitia som algum. Um tanto aliviada, Petra inclinou-se para trás mas, para seu espanto, Blaize moveu-se e segurou-a pelo pulso, e perguntou de modo severo:


- Vagando pela tenda, Petra?


Os dedos dele queimavam-lhe a pele e apertavam seu pulso como se ele quisesse monitorar os batimentos de seu coração.


- O sangue corre tão rápido em suas veias como numa gazela que foge em uma caçada.


- Você... Você me assustou. Eu pensei que estivesse dormindo!


Blaize a soltou e ela estremeceu. Movendo-se como um felino, ele afastou os lençóis, acendeu a lamparina e indagou com ironia:


- Se você pensou que eu estava dormindo, então o que faz aqui?

UM CONTO ÁRABE Where stories live. Discover now