7-O que realmente aconteceu

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Miguel entrou na escola tentando imaginar um jeito de atormentar Becky que eles ainda não tinham tentado. O fato de não conseguir tirar a imagem de Rebecah e Robby juntos o estava enlouquecendo. Ele precisava desesperadamente fazer algo para parar de pensar nela.
As duas primeiras aulas transcorreram com sua mente fora de órbita, até no intervalo da segunda para a terceira aula, quando encontrou Tory e Hawk, com um plano digno.
- Olha o que eu tenho aqui. - Tory falou balançando uma chave entre o dedo indicador e o polegar.
- Hoje a gente faz aquela menina perder o controle. - Hawk disse e explicou o plano.
- Ótimo. Isso era tudo que eu precisava.
Eles seguiram pelo caminho que sabiam que Becky faria.

Rebecah estava passando por um corredor vazio quando sentiu algo em suas costas. Alguém colocou um saco em sua cabeça e a estava guiando para algum lugar. Ela sentiu-se ser lançada pra frente e enquanto tirava o saco ouviu o baque e click da porta fechando e trancando.
Ela correu desesperadamente e bateu na porta com toda a força.
- Abre. Por favor abre a porta. Por... Fa...vor. - ela já estava começando a ofegar. Olhou em volta e percebeu que a trancaram dentro do armario do zelador. - Eu não... consigo... respirar. - podia ouvir as vozes deles rindo do lado de fora. Ed e Drew. Não. Não eram eles. Eram Tory, Hawk e Miguel.
- Socorro - a voz dela saiu baixo enquanto ela se encolhia em um canto e em poucos minutos tudo escureceu pra ela.

Os três ainda estavam rindo do lado de fora. A intenção era deixá-la trancada durante o restante das aulas, mas eles estavam se divertindo ouvindo ela gritar.
- Hei. Ela se calou. - Hawk foi o primeiro a perceber o silêncio da garota.
- Ela tá tentando enganar a gente ou talvez tenha percebido que não adianta gritar. - Tory respondeu ainda rindo
- Rebecah? - Miguel falou próximo a porta com o semblante sério. Não houve resposta.
- Qual é Miguel. Você não vai cair nessa né? - Hawk havia percebido os olhares que seu amigo direcionava pra ela,mas preferiu deixar pra lá. Agora isso poderia botar o plano a perder.
- Tem alguma coisa errada com ela. Ela disse que não conseguia respirar.
- Eu não vou deixar você abrir a porta. - Tory segurou a chave pra trás de si, pensando que Miguel não ousaria tomar a chave dela. Mero engano. Ela mal percebeu quando ele tomou a chave das mãos dela tamanha foi a sua velocidade.
Miguel olhou pra Hawk o desafiando confronta-lo. A verdade é que Hawk começou a ficar preocupado também.
Miguel abriu a porta com presa. Olhou em volta procurado-a e logo a achou encolhida em um canto. Seus joelhos estavam encostado no peito e seus braços rodeavam as pernas. Ela olhava fixamente para um ponto enquanto seus lábios se mexiam, provavelmente surrando alguma coisa.
- Rebecah? Você está bem? - ele se jogou no chão na frente dela enquanto percebeu o quão estúpida essa pergunta havia sido.
- Eu... juro... que... vou... me... comportar. - ele conseguiu entender essas palavras murmurada por ela.
- Mais que droga - Hawk praguejou alto.
- Ela está tendo um ataque de pânico - Tory constatou se aproximando, mas logo se afastou diante ao olhar intimidador de Miguel.
Pousou uma mão em sua bochecha enquanto a outra tomava uma das mãos dela. - Rebecah, olhe pra mim...olhe pra mim - ele repetiu gentilmente tentado chamar a atenção dela. Quando ela finalmente focou o olhar no dele ele continuou - Você sabe quem eu sou?
- Mi...Mi... guel.
- Isso. Agora se concentra na minha voz e respira devagar.
- Eu... não...consigo.
- Sim. Você consegue sim.
- Não... Consigo - a voz dela era fraca e desesperada.
- Vamos sair daqui de dentro. Lá fora é mais fresco.
- Não... eles... vão... voltar. Não... deixa...ele... me... machucar.- ela agarrou a frente da camisa dele em total descontrole.
- Eu não vou deixar ninguém te machucar ok? Você vai ficar comigo o tempo todo. Agora se segura em mim tudo bem?
Miguel envolveu os braços de Rebecah em volta de seu pescoço e a pegou no colo.
- Vocês tranquem a porta e dêem um jeito de devolver a chave sem ninguém saber que pegaram.
Se dirigiu o mais rápido possível para a enfermaria, mas não pôde deixar de se sentir estranho em tê-la tão perto. Ele queria protege-la até de si mesmo. Tudo tinha sumido. Robby, Johnny, Sam e até mesmo Hawk e Tory. Só o que importava era garantir que a frágil Rebecah estaria bem segura.

Becky não sabia muito bem o que estava acontecendo. Ela se lembrava de estar na escola e de ir em direção a sala, nas o resto era um grande borrão. A única coisa que ela sabia era que foi carregada por alguém e que se sentiu totalmente segura. Um tecido cobria seu corpo e ela finalmente abriu os olhos. Estava na enfermaria da escola. Logo viu Robby sentado ao seu lado, segurando a sua mão.
- Oi. - ela disse chamando a atenção dele.
- Oi. Como se sente?
- Melhor, eu acho. - ela tentou se sentar e sentiu uma leve tontura.
- A enfermeira disse que o remédio que ela te deu vai te deixar um pouco tonta e que você teve um ataque de pânico.
- É. Acho que foi isso mesmo. O que é isso? - ela disse levantando a blusa preta que a cobria.
- Não sei. Já tava aí quando né chamaram. Não sei se foi a enfermeira ou seja lá quem te trouxe aqui. Você se lembra quem foi?
- Não. Não me lembro de nada. É tudo um borrão.
- Então não lembra o que causou o crise?
Ela respirou fundo olhando para qualquer lugar menos pra Robby. - Você sabe o que a minha mãe fez não é?
- Você não precisa falar se não quiser. - ele tentava ser compreensivo com ela. Não conseguia nem imaginar o que ela passou.
- Tá tudo bem. Eu quero falar. - ela finalmente encontrou o olhar dele e começou seu relato. - Quando eu estava com... eles, se eu fizesse algo que eles achavam que não devia ou quando iam sair e me deixar, eu ficava trancada no armário embaixo da escada. Normalmente com a luz apagada. Algumas vezes por dias até voltarem.
- Por dias? Sem comer?
- Um saco de bolachas e uma garrafa de água. Eles deixavam lá dentro. Eu tenho medo de lugares fechados, porque me faz lembrar disso.
- Eu sinto muito. - Robby a abraçou já com os olhos cheios de lágrimas.
Depois de um tempo eles se separaram e ela pôde enxugar suas próprias lágrimas
- Obrigada Robby, mas não precisa se preocupar. Agora eu tenho pessoas incríveis na minha vida, familias, é mais de uma e amigos maravilhosos. Não motivos para estarmos chorando.
Logo ouviram batidas na porta. Era Johnny que veio buscar Becky. Robby voltou pra sala e Rebecah foi pra casa com o pai.

Cobra Kai never die (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora