A parte que falta

Capítulo 23

[6 meses de gestação]

Joanna assinava um documento quando viu sua secretária entrando com um envelope nas mãos. – O que é isso, Grace?

– Não sei, não tem nenhuma identificação, acabaram de entregar. – a secretária disse.

– Ok... – Joanna olhou para o relógio. – Pode ir pra casa, querida, já passou do seu horário, sim?

– Ok, obrigada. – Grace disse antes de sair.

Joanna olhou para o envelope, realmente não havia nenhuma identificação. Ela abriu o envelope e ajeitou os óculos ao ler o conteúdo, não demorou muito para as palavras fazerem sentido, ela suspirou. Eram os papéis do divórcio. Daniel havia mandado os papéis do divórcio. Claro que não foi uma surpresa pra ela, mas receber aquela comprovação daquela forma doía. Ela olhou se tinha mais alguma coisa no envelope e caiu um pequeno papel com algo escrito na letra do Daniel.

"Você fez a sua escolha." Era tudo o que o bilhete dizia.

Joanna se encostou na cadeira e tirou os óculos. Ela não sentia como se tivesse feito uma escolha, ela deixou que seus sentimentos falassem mais alto. Joanna não podia negar que ela ainda se sentia culpada nessa história, mas o que ela faria? Seria desonesta com o Daniel dizendo que não sentia nada? Mataria no peito aquele sentimento pela Alice que só crescia a cada dia? Nenhuma dessas opções parecia ser a melhor, apesar das consequências, Joanna sempre escolhia o que fosse mais honesto com ela mesma. Mas ela não podia deixar de se entristecer com aquilo, era o fim de um casamento de anos e ela ainda amava o Daniel, ele havia sido seu companheiro por tanto tempo, ainda que ela tivesse feito concessões no casamento deles, ele a fez feliz por anos. Ela queria mesmo sentir vontade de lutar pelo casamento mas não era isso que seu coração dizia. Talvez ela estivesse se envolvendo pela Alice com muita rapidez, mas cada parte dela dizia que era a coisa certa a se fazer. Ela pôs os papéis no envelope novamente, o colocou em sua bolsa e se levantou, ela lidaria com isso em outro momento. Decidiu que era hora de ir pra casa.

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Foi o som do piano que invandiu seus sentidos primeiro. No entanto, era notável que a música tocada tinha uma melodia triste, quase melancólica. Ela entrou na casa de fato e se deparou com Alice e Peter no piano, o menino a acompanhando em algumas notas. Ele parecia quieto. Ela esperou eles terminarem de tocar.

– Você está realmente quase um profissional. – Joanna brincou com o Peter.

– Ainda não. – Peter disse e se levantou para abraçá-la como de costume.

Joanna foi se sentar do lado da Alice em frente ao piano e puxou Peter pra se sentar no colo dela. Ela pôs a mão no rosto da Alice. – Como você está, meu bem? – ela perguntou, apesar da resposta estar nítida no rosto da mais nova.

– Cansada. – Alice disse e beijou a mão que estava em seu rosto.

– Você teve outro pesadelo essa noite. – Joanna disse. Os pesadelos da Alice ficaram mais frequentes após aquele dia em que ela sentiu estar sendo seguida, as ameaças e ligações ainda aconteciam, mas com menor intensidade.

– Infelizmente.

– E você, meu pequeno, está triste também? – Joanna perguntou a Peter que estava sentado em seu colo, escondendo o rosto na curva do pescoço da Joanna.

– Não gosto de ver a mamãe assim. – Peter disse. Alice acariciou os cabelos dele.

– Ok, eu tive uma ideia, você pode ir chamar a Ceci pra mim? – Joanna disse. Ele foi.