treze

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Stream em Walls, pelo amor dos Larry!
Votem e comentem.
Loads of love x

🍒

Louis está em um sono profundo quando acordo, posso sentir sua respiração acariciar minha nuca e um leve ronronar.

Me viro na cama para observá-lo. Ele está deitado de frente para mim. Será que também me observa dormindo?

No meio da noite eu tinha acordado já na cama. Me lembrava vagamente de ter dormido em seu colo numa das poltronas da sala de leitura. Ele já estava dormindo mas notei que exalava fragrância de sabonete e vestia sua calça da Adidas.

Eu estava com fome. Levantei da cama e desci as escadas. Liguei a luz da sala de jantar para iluminar o percurso até a cozinha. Ali pousado na mesa havia um prato. Ainda sonolento, me aproximo dele e vejo que tem biscoitos e, ao lado, um bilhete.

Para o caso de você acordar com fome. L


Um sorriso se curvou em minha boca. Os biscoitos eram retangulares e marronzinhos, o prato estava cheio deles.

Depois de pegar um copo grande de leite na cozinha, apanhei o prato e fui para a sala de TV.

Assisti a um programa policial sensacionalista enquanto devorava os biscoitos.

Tinham gosto de cravo e gengibre e despertavam nostalgia, uma saudade gostosa da infância.

Voltei para a cama quando meus olhos tornaram a pesar de sono, contive a minha vontade de dormir agarrado nele, ainda parece estranho mesmo que já estivéssemos nisso há meses.

Observo Louis agora. Uma mão está entre o rosto e o travesseiro e a outra é escondida pelo lençol que o cobre até os ombros.

Louis tem um corpo que fica em uma linha tênue entre magro e atlético. Os bíceps eram delineados e os braços fortes, tanto que ele me trouxe para a cama sem me acordar no caminho.

Seus lábios estavam entreabertos para que seu ronronar baixo escapasse. A franja caramelo-queimado cobria sua testa.

Passo os dedos entre os fios finos tentando jogá-lo para trás. Uma parte do cabelo volta para sua posição anterior. Nasalo uma risada por isso. Ah, o que eu posso fazer se é adorável?

Olho novamente para os finos lábios avermelhados e sinto vontade de beijá-lo.

Louis tem algo. Seus beijos chegavam a ser terapêuticos: relaxavam a mente, mesmo que despertassem os batimentos cardíacos.

Também gostava de seu cheiro peculiar, por baixo do perfume amadeirado eu sempre podia sentir um aroma doce que lembrava canela.

As vezes ele também cheirava a nicotina, mas era tão suave que ainda assim provocava uma sensação boa.

Me aproximo mais dele. Olho para o seu nariz arrebitado e as sobrancelhas redondas. As maçãs ressaltadas e a barba clarinha por fazer.

Chego mais perto, determinado a beija-lo. Não quero dar o beijo nele, só quero sentir seus lábios.

Parece muito apropriado para esta hora da manhã, apesar dele estar dormindo. Qual é, acordados já fizemos coisas muito mais intensas.

Seus olhos tremem quando chego mais perto. Cacete, não é pra você acordar.

Levo o polegar para a pele que separa as suas sobrancelhas e faço uma leve massagem, de cima para baixo, até seus olhos relaxem novamente.

Esse toque também basta para mim.

Levanto da cama e vou para o banheiro jogar água no rosto e escovar os dentes. Antes de sair do quarto, pego algumas peças de roupas de Louis que estavam no pequeno sofá.

Desço as escadas e encontro Miranda passando pano na adega próximo a porta de entrada. Vou até ela e estico os braços, lhe entregando as roupas sujas.

- Lisa já chegou? – Pergunto seguindo para cozinha. Lisa estava sentada à ilha lendo um jornal. Limpo a garganta. Constrangida, ela levanta da banqueta e dobra o jornal. – Daqui a pouco vou querer um brunch.

- Sim, senhor Styles.

- Louis está aqui, então faça para dois. – Dito, antes de volta para o segundo andar.

Do lado direito do corredor fica o banheiro e três quartos. Do esquerdo, a sala de TV e o quarto de dança.

Entro na segunda porta à esquerda e ligo a luz. O quarto tem chão de taco e paredes espelhadas do chão ao teto. Não há janelas, de modo que a única iluminação vem das lâmpadas no teto.

É um espaço amplo onde eu ensaio, tanto com Marlowe quanto sozinho. Haviam dois poles metálicos com uma distância considerável entre eles, uma caixa de som próximo a uma tomada e um tripé para câmera ao seu lado.

Eu também costumo usar aqui para meditar e fazer aeróbica. Num canto há um almofada rosa, um tapete colchonete azul e uma grande bola cinza. Também tem halteres e uma corda para pular.

Coloco a almofada no centro do espaço e, depois de desligar a luz, sento nela. Alinho as costas e descanso as mãos no colo.

Inspiro profundamente. Expiro lentamente, expelido todo o ar dos pulmões.

Inspiro. Expiro. Inspiro. Expiro.

Concentro minha atenção no peito. Sinto o subir e descer. Analiso e aprecio cada sensação perceptível. O formigamento nas palmas das mãos, o peso que minha bunda faz sobre a almofada, o ponto de contato dos meus tornozelos com o chão.

Escuto os passos pesados de Miranda pela casa, deve estar na sala. Ouço um pássaro cantarolando no jardim, que eu podia apostar que estava pousando entre as hortênsias.

Não consigo evitar de pensar no britânico do outro lado do corredor, provavelmente ainda dormindo.

O que estou sentindo? Só consigo descrever o friozinho no estômago. Não chega a ser desconfortável. Era diferente. Prazeroso, até.

Percebo o canto da boca de curvar involuntariamente. Droga, isso não é o que eu estava esperando.

A lembrança de ontem invade meus pensamentos. O poema de Emily Dickinson domina meus pensamentos em sua voz docemente áspera.

A dor endurece como um músculo. Que o tempo é teste da dor, mas não é o seu remédio

O tempo não é remédio. Nunca será.

Só é mais um dia para remoer.

Sinto a boca ficar seca, como se, de repente, estivesse com areia. Tento voltar a atenção para a respiração. Não consigo. Abro os olhos. Está tão escuro quanto antes.

Saio do quarto e vou até o banheiro do corredor. Tomo um banho, lavo os cabelos com shampoo e passo loção de eucalipto no corpo.

Vou até o quarto enrolado em um robe fofo. Louis ainda dorme na mesma posição, os cabelos espalhados pelo travesseiro. Entro no closet e visto um suéter vermelho e roxo que cobre o short de algodão.

No sofá da sala, folheio uma revista quando escuto o som de água corrente no segundo andar quebrar o silêncio matutino dali. Louis Tomlinson. Vou até a cozinha e apresso Lisa.

Sento no sofá e pego a revista novamente quando meu celular vibra na mesa de centro. Autumn Von Bummer. Bufo irritado e atendo o telefone, apesar da minha vontade ser a de deixar tocando.

- Harry Styles! – Proclama efusivamente. – Como está o meu cacheado?

- Bem. Porquê você está me ligando?

- Negócios, meu bem. Olha, foi ótimo que o irmão da presidente compareceu ao seu aniversário mas você não pode se ligar muito a política.

- Da onde você tirou que eu estou me ligando a política? – Quando termino a frase, a disposição escorre do meu corpo. Não há meditação que me salve do efeito desta mulher.

- Twitter. Você compartilhou uma série de post políticos essa semana, vai acabar perdendo muitos seguidores. Lembra que seu foco não é política.

- Mas isso nem foi no Instagram. – Justifiquei, já que o Instagram era a “rainha daquele xadrez”, como ela dizia.

- Hoje em dia, uma rede leva a outra. Globalização, amor. Se os seguidores republicanos começarem a deixar de te seguir vai ser um problema, eles são muitos e você sabe que se estressam uma facilidade impressionante.

- Nada de política então. – Nem há motivos para eu querer discutir isso com ela. Autumn dita, eu faço (a maioria das coisas).

- Isso, cachinhos.

- É só isso? – Mas eu já sabia que não era.

- Não, não. Tem algumas entregas para você essa semana. – Escuto o som de cliques de mouse do outro lado da linha. – Foto com o creme facial da Aloy no seu feed assim que você receber.

- Da última vez que eu usei, me deu alergia.

- Foi? – Ela pausa. – Não precisa usar, só uma foto mesmo... Sabe aqueles shakes diets da MET-Rx que você gostou? Vai chegar um estoque aí.

- Fascinante. – Tento não soar irônico.

Eu não queria um estoque de shakes que eu enjoaria em um mês, mas Von Bummer se sente no dever de conseguir o maior número de patrocínios possível. Até porque isso resulta em prestígio e boa reputação com marcas maiores.

De vislumbre vejo Louis descer as escadas. Consigo o resumir em duas palavras: sublime e sereno. Além dele ser naturalmente esbelto, em qualquer momento do dia que eu o olhasse, sentia que nada podia o abalar. Ele exala uma imponencia fascinante.

Louis beija o topo da minha cabeça e murmura um oi hesitante, acho que não quer atrapalhar minha ligação. Maldita, Autumn Von Bummer. Ele se senta na poltrona ao lado e pega o jornal na mesa.

- Está ouvindo, Harry? – Indaga ela na linha.

- Pode repetir? – Ouço ela suspirar.

- Patrocínio da Reebok, você precisa fazer publicações semanais usando os tênis que vão chegar. Campanha fotográfica para o catálogo da coleção verão da Fendi na quarta e quinta desta semana.

- Qual horário?

- Eu vou passar para te buscar às oito da manhã, algum problema? – Como se fosse uma escolha.

- Não, nenhum. – Consigo ver Lisa arrumando a mesa e Louis concentrado no jornal.

- Só isso? Estou com alguém aqui.

- Jasper? Diga que sim! – Pergunta esperançosa.

- Não.

- É aquele inglês com quem você jantou algumas semanas atrás? – As fotos de seguidores chegam muito rápido em suas mãos e Autumn tem memória de elefante para complementar meu carma.

- Sim. – Digo, relutante.

- Planos para um relacionamento? – Lisa avisa que já podemos comer e sai da sala.

- Não. Eu preciso ir, Autumn. Me ligue quando necessário. – Antes de ouvir sua resposta, desligo o celular.

You Better Try • L.SWhere stories live. Discover now