Capítulo 13 - O famigerado trabalho em grupo

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— Bom dia, Lisa! – levantei com dificuldade e esfreguei os olhos, meio tonta com a claridade que vinha da minha janela.

— Jennie? – questionei meio confusa.

— Sim, quem mais seria? – ela deu um sorriso e sentou na minha cama ao meu lado.

— O que faz aqui?

— Vim te acordar, já que você não foi na aula.

— O quê? Eu não fui? Que horas são? – arregalei os olhos.

— São duas da tarde. Você ficou jogando até tarde ontem e acabou não indo na aula. Sua mãe queria te acordar, mas eu disse que não tinha nada importante e que você me ajudou com o dever de casa ontem até tarde.

— Muito obrigada, te devo uma. – sorri. Sabia que não deveria ter ficado até tarde jogando com Kai, mas ele é aquele tipo de pessoa que pode dormir por apenas trinta minutos e vai acordar revigorado. Já eu...

— Tudo bem, não se preocupe.

— O que a professora deu na aula de hoje?

— Nada demais. Aula normal e no final um trabalho em grupo. – foi aí que eu senti um arrepio na espinha.

Trabalhos em grupo eram um pesadelo. A professora sempre fazia sorteio, porque segundo ela, isso promovia a interação entre a turma e fazia com que a gente se acostumasse a trabalhar em equipe com qualquer pessoa. Porém, eu e Soojin sempre caíamos em grupos diferentes e eu sempre caía com Mia. Basicamente, era um caos.

— A professora já sorteou os grupos? – questionei com um certo receio.

— Sim. Eu, você – até agora tudo bem –, Kai – boa –, e a Mia. – nós duas suspiramos desanimadas.

— Droga!

— Kai chamou a gente pra ir na casa dele fazer o trabalho mais tarde.

— Hoje?

— Sim, porque sabe como ele tem horário por ser modelo, hoje é o único dia que ele pode.

— Como ele consegue fazer tanta coisa e nunca cansar? Eu vou para a escola andando e já morro. – Jennie riu, mas minha indignação era verdadeira.

— Somos duas. – disse ela ficando de pé – Agora vamos levantar, comer alguma coisa e ir fazer o trabalho.

— Tá bem.

***

Eu e Jennie estávamos paradas na frente da casa de Jogin, e antes que tocássemos o interfone, um carro chique parou ali e dele saiu Mia.

— Eu já disse que eu ligo quando eu terminar! – a loira gritou e bateu a porta. – E vocês, fracassadas, o que estão olhando?

— N-Nada. – respondi no desespero. Não é que eu tivesse medo da Mia, ou algo assim, mas hoje ela parecia especialmente brava.

Ela veio até nós com o nariz empinado e limpando a sujeira – não existente – nos ombros.

— Achei que a Onda ia vir com você. – Jennie comentou, já que a Onda era quase que uma empregada pra Mia, e nunca saía do pé dela.

— Ela ia, mas aparentemente ela precisou resolver uns “problemas pessoais”. – Mia fez aspas com as mãos e revirou os olhos. – Já tocaram o interfone?

— Ainda não. – ela abriu espaço entre nós duas, quase que nos empurrando e bufou irritada.

— Residência do senhor Kim, quem gostaria? – uma voz feminina disse após Mia ter apertado o botão no interfone.

— Mia, a melhor amiga do Kai. – disse ela convencida.

— Desculpe, quem? – eu e Jennie seguramos o riso, já que a mulher não a conhecia como ela achava.

— Mia, a filha do prefeito. Estou aqui com duas perdedoras e viemos fazer o trabalho da escola com o Kaizinho. – eu e Jennie nos entreolhamos e reviramos os olhos.

Depois de um tempo, a mulher respondeu que podíamos entrar e abriu os enormes portões. Eu e Jennie apenas seguimos a Mia, pois ela andava na frente, já que segundo ela, tinha vindo aqui inúmeras vezes.

— Sejam bem-vindas, Kai irá descer em breve. – disse a mulher do interfone, que havia se apresentado como Nathalie, a assistente da família.

Ficamos ali paradas e não demorou muito para o Kai descer e vir falar com a gente.

— Oi pessoal, vamos fazer o trabalho no meu quarto, podem vir. – subimos as escadas seguindo ele, enquanto Mia não parava de falar.

A única coisa que eu consegui fazer quando entramos no quarto de Kai, foi ficar de boca aberta com o tanto de coisas que existiam.

— O seu quarto é um máximo! – falei com os olhos brilhando e ele riu.

— Valeu! – disse meio envergonhado - Pedi pro cheff fazer um lanche, daqui a pouco ele vem trazer. Enquanto isso vamos iniciando o trabalho.

— Certo, vamos começar então. – tiramos as coisas da mochila e sentamos em círculo sobre o tapete fofinho do quarto do Kai. Mia estava praticamente colada no garoto, enquanto Jennie estava mais perto de mim e dessa vez, ela não parecia incomodada com as atitudes da Mia, talvez tivesse superado o Kai mesmo.

— Precisamos fazer cartazes representando as partes da célula.

— Vamos imprimir as imagens e escrever, assim terminamos mais rápido. – Mia sugeriu.

— A professora acharia mais legal se a gente mesmo desenhasse e escrevesse. – sugeri – Digo, não que eu saiba, mas a Jennie desenha muito bem.

— Boa ideia, Lisa! – Kai falou – Jennie desenha, nós pintamos e a Mia escreve. Mas todos podem pesquisar. O que acham?

— Pode ser. – falamos juntos e encaramos Mia, que ficou calada. Ela nos encarou de volta e revirou os olhos.

— É, pode ser.

Começamos a pesquisar as coisas e montar os cartazes. Estava indo tudo muito bem até a parte onde Mia teria que escrever a sua parte.

— Isso é muita coisa pra escrever! – a loira protestou.

— Mas são só três linhas. – Kai explicou.

— Nessa parte. Depois tem mais.

— Você concordou que ia escrever! – Jennie suspirou, tentando ficar calma.

— Mas agora eu não quero mais fazer isso.

— Não tem mais nada pra fazer.

— Ótimo! – disse ela ficando de pé – Terminamos.

— Não terminamos, não. – fiquei de pé – Primeiro que você concordou com a divisão de tarefas, segundo que você mal ajudou na parte da pesquisa e agora você não quer fazer a única coisa do trabalho que você precisa fazer?

— E o que você acha que pode fazer sobre isso? – ela cruzou os braços e me encarou, me desafiando com o olhar.

Eu sabia que responder era arriscado, mas eu não podia ficar quieta diante dessa situação totalmente injusta. Todos os trabalhos em grupo com Mia eram assim e eu nunca falava nada. Estava na hora de mudar isso.

— Eu acho que posso tirar o seu nome do trabalho. – ela abriu a boca incrédula.

— Você não faria isso!

— Faria e vou fazer se você não sentar nesse tapete agora e escrever a sua parte. – ficamos nos encarando por alguns segundos, até que Mia cedeu e sentou no tapete.

— Tá, então me dá a caneta. – Kai entregou a caneta para a loira e Jennie me olhou com um sorriso e fez um certinho com o polegar. – Que fique registrado que eu ao menos vim, pois eu poderia estar fazendo compras agora!

— Nós também poderíamos não estar aqui fazendo o trabalho por você, mas infelizmente foi sorteio e não tivemos poder de escolha. – falei – Porque se tivéssemos, com certeza não teríamos feito um grupo com você.

Just Friends | Adaptação JenlisaDove le storie prendono vita. Scoprilo ora