𝐓𝐡𝐞 𝐔𝐧𝐢𝐯𝐞𝐫𝐬𝐢𝐭𝐲

23| "Eu faria tudo por você"

Acordei com o sol na minha cara, tem ninguém no quarto, vejo o relógio da escrivaninha e são 18:00 horas, acho que dormi um pouco de mais, mas me sinto melhor, mesmo com dores de cabeça me levanto. Desço as escadas e Carol e Mih estão no sofá, dormindo mas acordam quando chego.

— Bom dia — Carol diz sorrindo, se levanta e vai até mim, segura as minhas mãos, é tão bom estar com ela de novo — Estamos o dia inteiro esperando você acordar.

— Não precisavam, eu tô bem — pelo menos eu acho, ainda não caiu a ficha do que aconteceu ontem.

— Quer conversar? — ela pergunta, fico calada.

— Babi, você foi abusada — Milena diz do outro lado da sala, Carol olha pra ela com uma cara feia.

— Eu preciso tomar uma água — vou pra cozinha e as duas vão juntas.

— Se não quiser conversar, tudo bem a gente entende — Carol diz.

— Foi tudo culpa minha — digo, estou relembrando a cena, mesmo que o sono do momento fez eu esquecer algumas coisas, mas o sentimento não muda.

— Não, não foi culpa sua, pelo o que Coringa disse, você foi estuprada, ele te dopou e fez coisas contra você — Carol diz, deixo o copo de vidro que eu estava segurando, cair, agora lembro de tudo com toda clareza.

— Desculpa — digo em relação ao copo, Mih diz que não tem problema e junta os cacos de vidro — Foi horrível.

— A gente imagina — Carol diz. Vou até a sala de novo, elas me acompanham de novo  — Você é muito forte, Babi.

— A gente não tava brigada? — Pergunto.

— Esquece isso, foi tudo bobeira — Carol diz, Mih concorda.

— Desculpa por ter te tratado daquele jeito — Milena finalmente fala algo, elas estão sendo super simpáticas comigo.

— Onde estão os meninos? — Pergunto.

— Mob e Crusher estão tentando pegar as imagens da câmera da boate...

— Ele me levou pra longe, não vão conseguir — interrompo.

— ...E Coringa está procurando Gabriel — meu Deus eu tinha me esquecido completamente dele, foi ele quem me ajudou.

— Você sabe onde ele está?

Escutamos um carro chegando na porta, quando saímos vemos os três. Ao ver Coringa vou em sua direção.

— Sinto muito — ele diz no meu ouvido quando o abraço.

— Obrigada — digo.

— Eu faria tudo por você — meu coração gela, estou feliz por estar com ele.

Outro carro passa na nossa porta, conheço esse carro, é Gabriel, ele desce e vem até nós, Coringa ainda não o viu.

— Babi... foi mal... não era a minha intenção — ele diz andando, Coringa escuta sua voz e vai até ele.

Gabriel parece estar muito machucado, com olho roxo e alguns curativos, Mas Coringa não tem dó e já vai pra cima.

— Espera — Grito e Coringa sai de cima dele — A sua sorte é que não temos provas, mas sei o que fez comigo, talvez eu não fui a única, mas pelo seu bem, que eu seja a última.

Olho no fundo dos olhos dele, Coringa o segura com os braços atrás, entro pra dentro de casa, mas antes escuto Coringa falar algo.

— Se voltar aqui, ou não sair da cidade, se considere morto... — Coringa diz e Gabriel vai correndo para o carro.

— Hmmm hoje é sexta feira — Milena diz enquanto estamos todos na sala, estou morta ainda, só quero ficar sentada por mais tempo nesse sofá.

— E o que tem hoje? — Mob pergunta sorrindo como se já soubesse a resposta.

— Festa — Crusher diz sem animação nenhuma — Mas como vamos, com Babi assim?

— Eu to bem, podem ir sem mim — minto, prefiro ficar sozinha.

— Eu fico, vocês vão — Carol diz.

— Não, por favor Carol, preciso tomar um tempo pra mim — subo as escadas antes mesmo que eles falem algo, me tranco no quarto e volto a fazer algo de importante, tenho que me distrair.

30 minutos depois...

— Babi, estamos saindo, qualquer coisa me liga — Carol diz pela porta.

Escuto eles descendo as escadas mas antes alguém bate na porta. Levanto e abro, como vocês ja devem imaginar, é Coringa.

— Tem certeza de que não vai? — Ele pergunta.

— Acho que sim — falo.

— Então vamos fazer algo depois da festa, às 11 no meu "lugarzinho secreto"? — Ele pisca, um sorriso meu escapa.

— Não sei se vou poder ir — o respondo, ele encosta na lateral da porta.

— Você torna as coisas sempre mais difíceis — ele diz.

— Não quero discutir agora mas... — ele me olha com a aquela carinha de cachorro que caiu do caminhão de mudança — Não coloca expectativa tá?

Ele balança a cabeça, ficamos em silêncio

— É... eu tenho uma festa pra ir — ele sai da porta, não sei se estou pronta pra sair com alguém de novo.

A festa até que era popular, todo mundo postando foto bebendo, curtindo, em algumas consigo ver meus amigos, tá todo mundo lá, até mesmo quem administra a maior página de fofoca da universidade, que fica atualizando a página com mais fotos ainda. Fico vendo a página quando encontro uma foto de Carol beijando outro menino, me surpreendo, o Crusher não pode ver isso. Mas outro post me chamou mais a atenção.

"Descobrimos! A menina que Coringa beijou na prainha era Fernanda! Aqui uma foto dos dois se beijando"

Era uma foto de hoje, Coringa estava realmente beijando ela, por que eu fui olhar essa página? Ele não pode ter feito isso comigo. Ligo para ele.

"Que bom me atender depois de 20 ligações" — digo.

"O que quer meu amor?" — a voz dele tá estranha.

"Tá bêbado?" — pergunto.

"Não muito, me ligou pra falar sobre a foto?"

"Você me convida pra sair hoje mais tarde e depois fica com outra pessoa?" — vou direto ao ponto.

"Babi eu desisto, não adianta o que eu faça, você nunca vai me querer, não vou correr atrás" — agora estou mal, eu queria que ele gostasse de mim e corresse atrás de mim, mas acho que essa fase já passou e quem deu mole fui eu.

"Ainda tá marcado hoje mais tarde?" — digo depois de ficar um pouco e silêncio e pensar no que dizer.

"Não quero ir pra lá e você apenas me dizer o óbvio, mas eu disse que faria tudo por você..." — ele responde.

"Então..."

"As 11" — e assim ele desliga, sinto que quando ele ficou com a Fernanda não teve sentimento, mas essa garota é filha da puta de fingir ser minha amiga e depois ficar com Coringa, sem contar que ele está bêbado, deve nem lembrar.

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