capítulo 2:beautiful red eyes__parte 1

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O ar era denso,havia muita névoa em volta,meus olhos doíam e minha cabeça não parava de rodar enquanto tentava a caminhar por aquele terreno ingrime e escorregadio,tento descer as rochas devagar quando um galho,no qual me apoiava,se rompe fazendo-me cair ladeira a baixo.
Levantando do chão,vejo mãos ásperas cobertas com luvas pretas estendidas em minha direção,como se me fornecesse ajuda. Seguro nas mãos desconhecidas e noto algo extremamente peculiar,as luvas pareciam vagas,como se apenas houvessem gravetos no lugar das mãos verdadeiras,direciono meu olhar para cima me sentindo confusa,foi quando encontro meus olhos fixados nos daquele homem estranho. Lembro-me de seu rosto pálido coberto por cabelos brancos, porém,a única coisa que consegui ver naquele momento foram seus olhos, vermelhos e brilhantes como duas intensas rubis cravadas em sua face. Seria isso algum sinal? Algum aviso de que alguém com olhos vibrantes e vermelhos estaria a minha procura? Mas quando abro meus olhos,noto que não passava de um sonho intrigante e memorável,gostaria de saber o que essas ilusões estão tentando me dizer.
Me levanto confusa do chão e ao sentir a grama fresca na palma das minhas mãos,lembro imediatamente do ocorrido naquela floresta densa. Rapidamente fico de pé,observando minuciosamente o jardim rodeado por muros altos,as estatuas de mármore me traziam a sensação de estar sendo vigiada,mas o que realmente me incomodava era o cadáver de pedra com crisântemos amarelos,ele tinha desaparecido do local sem deixar rastro algum.
Estava pensando inquieta na possibilidade de alguém ter o levado por algum motivo,mas acabo sendo interrompida por gritos à distância. Uma voz familiar chama meu nome desesperadamente e parecia se aproximar aos poucos,não sabia se corria ou se esperava para ver o rosto do indivíduo que me procura. Logo a pouca luz que refletia no jardim revela o rosto de Clover,um semblante preocupado tomava seu rosto por completo e em poucos minutos,estava me abraçando forte como se estivesse mais aliviado por dentro,sinto-o se afastar devagar com seus olhos azuis a me encarar seriamente:

- Você tem algum tipo de doença mental? Todos deixam muito claro que não se deve ultrapassar a cerca,criaturas selvagens e mortais se arrastam por essas matas,esperando que uma presa fácil venha até elas,pensei que estivesse morta!

- Desculpe,mas eu precisei ultrapassá-la,aquela voz...

- Esqueça essa tal voz,era uma armadilha para te fazer sair da cidade e vim morrer aqui,use a sua cabeça para pensar um pouco,Ezina! Nunca existiu uma única pessoa que atravessou a cerca e voltou vivo!

- Sim... Isso é verdade,mas,se você sabia dos riscos de ultrapassar a cerca da cidade,por que veio atrás de mim?

- Eu não podia deixar você correr perigo,somos amigos desde moleques,seria desleal da minha parte,fora que você pode acabar morrendo a qualquer momento se ficar aqui.

- Talvez eu seja uma suicida,quem sabe o que passa em minha cabeça além de eu mesma?

- Pare de brincar com essas coisas,é perigoso dizer algo desse tipo em voz alta,ainda mais no terreno mortal onde estamos agora,vamos voltar para casa.

- Mas pra qual lado fica a cidade?

Após as palavras saírem da minha boca,vejo Clover entrar em pânico naquele mesmo instante,ele sempre foi um rapaz preocupado e protetor,quase como paranóico,não me era novidade vê-lo apavorado por estarmos perdidos.
Revirando os olhos de forma debochada,dou dois tapinhas em seu ombro e digo que me seguisse para começarmos a procurar o caminho de volta.
Horas e mais horas se passam,o dia estava quase para amanhecer, passávamos por várias trilhas e encruzilhadas,descemos e subimos morros e barrancos, porém,nenhum sinal de estarmos pelo menos perto da cidade, nesse instante começa a me bater um certo arrependimento de ter ultrapassado aquela maldita cerca arrebentada. Clover e eu não aguentávamos mais andar e como se não fosse o bastante,uma neblina estranha começa a nos cercar,tento forçar a visão para enxergar um pouco melhor,mas,tudo o que obtenho são dores por forçar de mais.
Sentamos e esperamos a névoa passar,porém,já tinha se passado muito tempo e a névoa continuava densa. Resolvemos prosseguir com nossa busca independente da névoa dificultar ou não, enquanto caminhávamos cuidadosamente,começo a lembrar aleatoriamente daquele homem de olhos vermelhos vibrantes,mas ao me distrair,seguro em um galho podre que imediatamente se rompe,me fazendo cair ladeira a baixo,Clover tenta me segurar, porém,perde o equilíbrio e cai junto a mim.
Depois de uma longa queda,vários ralados e arranhões,chegamos ao chão vivos,por enquanto. Quando tento me levantar,vejo duas mãos estendidas em minha direção,me recordando do sonho que havia tido,olho rapidamente para cima, porém, me surpreendo ao encontar meus olhos a algo completamente oposto do que esperava.

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