Capítulo Cinco

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Flashes de um sonho que tivera na noite passada rodeavam a cabeça do príncipe quando o mesmo acordou. Sonhara que havia beijado o garoto mais perfeito que conhecera na vida, mas, ao acordar, percebeu que o que era para ter sido apenas mais um sonho era a mais pura realidade do que havia realmente acontecido noite passada.

Harry sorriu, pensando no tamanho de sua sorte, e de que, talvez, não merecesse tanto do que havia ganhado. Ele já teria se contentado com muito menos, mas obviamente não estava reclamando, apenas agradecendo.

O príncipe saiu do quarto antes mesmo da criada acordá-lo, animado e com esperança de ver Adam e seu sorriso o mais cedo que lhe fosse possível. Andando pelos corredores a passos largos, o príncipe percorreu todo o seu caminho até a mesa do café da manhã, parando apenas ao ouvir uma voz atrás de si.

- Onde está indo com tanta pressa? – Katrina questiona. Harry vira seu corpo na direção dela, observando seu irmão andar em seu encalço. O príncipe sorri com a cena, observando o quão fofo Adam podia ficar em um moletom azul bebê, com as mangas caindo por cima das mãos.

O menino, claramente envergonhado, sorri timidamente ao mais alto, que sorri de volta. Katrina parecia não notar nada de diferente, até porque, sabia que seu irmão podia ser estranho as vezes e o príncipe sempre fora muito educado com toda a sua família.

- Na verdade, estava indo para a sala o café da manhã neste exato momento. Gostariam de me acompanhar? – Harry pergunta, educadamente.

O príncipe notara que algo estava diferente. Katrina não tinha mais o brilho no olhar desde que a vira pela penúltima vez. A garota mantinha os olhos vidrados para baixo na presença dele, coisa que não fazia desde o dia que se viram pela primeira vez. Harry não sabia como abordá-la e perguntar sobre o que teria acontecido naquele dia, mas tinha completa noção de que algo estava errado.

- Adam, preciso fazer algo antes. Pode acompanhar a Vossa Alteza até o salão? Não quero que se perca. – A menina se dirige ao irmão rapidamente, que confirma com a cabeça, tendo uma leve esperança de ficar um tempo a sós com Harry. Katrina, sem dizer mais uma palavra, faz uma pequena reverência ao príncipe e vira as costas a eles, voltando correndo de onde estavam vindo.

Ambos os meninos retomaram seus caminhos lentamente, indo em silêncio até o salão. Por incrível que pareça, o silêncio entre os dois não era, de forma alguma, desconfortável. Adam poderia dizer, por exemplo, que era apenas uma forma de passar mais tempo junto ao príncipe, já que o mesmo sempre desaparecia, ocupado demais com suas tarefas, depois de cada refeição.

Harry, por sua vez, diria que o silêncio podia fazer com que ele pudesse observar o menino andando ao seu lado mais atentamente, reparando em cada pequeno detalhe que o rondava, deixando o mesmo um pouco envergonhado pelo ato.

- Então... – Adam começa a falar, quebrando o silêncio, assim que eles param exatamente em frente a porta do salão. – Olha, a gente não precisa fazer iss... – O menino é interrompido pelos lábios de Harry junto aos seus, em um beijo roubado. Adam esquece automaticamente o que iria falar e o príncipe percebe que ele mesmo é o próprio ser que desarma Adam, e isso o anima.

- Me encontra no jardim mais tarde. Vou esperar você. – Harry diz perto do ouvido do mais baixo, que sorri com a frase.

- Você não presta. – Adam comenta, e o príncipe ri, abrindo a porta para os dois entrarem no salão.

Como de costume, desde o primeiro dia que a família Wayne havia chegado ao palácio, Harry se sentou perto de seus pais, e Adam, perto dos seus, ao completo oposto do príncipe.

A Coroa PerdidaOnde histórias criam vida. Descubra agora