01:00 - 02:00

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1:00h - 1:12h  Chamada.

Era uma madrugada como qualquer outra. Eu estava acordado pois sempre que fecho os olhos me lembro dela.
Eu estava indo em direção ao meu banheiro, quando de repente meu telefone toca.

— Alô?

 Alô, é o Lucas?

 O próprio, quem gostaria?

— Lucas, aqui é da Central do Departamento 17, desculpa acordar o senhor, mas é de extrema importância.

Não tem..  Ela me interrompeu bruscamente com uma fala um tanto acelerada

 Senhor, precisamos que venha aqui agora, uma criança foi encontrada sem vida em um beco próximo da Lanchonete Arcanja.

 Você acha que é ela?

— Precisamos que você confirme, senhor.

Eu preciso que você me fale, você acha que é ela?

— Senhor, seria antiético eu dar a minha opinião em um caso tão pessoal assim, eu preciso que você venha e tire suas próprias conclusões. - Disse a moça com a voz tremula e um tanto irritada.

— Tem razão, sinto muito. Eu estou indo ai.

01:32 - 01:47  A porta da Central

Eu estava na porta da Central, eu suava frio e tinha calafrios apenas de pensar o que eu ia encontrar.
Mesmo estando acostumado com esse tipo de coisa, nunca tinha passado pela minha cabeça que um dia eu veria uma pessoa que amo daquela forma.
Fiquei cerca de quinze minutos apenas criando coragem de entrar e talvez, só talvez, mudar a minha vida para sempre.
Eu só queria sair dali o mais rápido possível. Eu só queria que tudo isso fosse um enorme pesadelo.
Eu sabia que não era um pesadelo, e sabia que não podia correr. Não mais. Eu tinha que entrar.
E entrei.

1:48 - 2:00 — Uma notícia e um presente

Eu estava lá dentro, não podia mais voltar, tinha que enfrentar seja lá o que me esperava.
Antes que tivesse a chance de pensar uma mulher anda calmamente até mim.
Ela vestia uma minissaia e uma meia-calça ambas da cor azul marinho, seus cabelos eram ondulados e castanhos, que por sinal é a cor de seus olhos. Ela vestia um terninho azul escuro com o último botão debaixo desabotoado, suas mãos estavam um pouco tremulas e havia alguns farelos na gola de sua camisa.
Assim que ela se aproximou ela disse com uma voz calma e acolhedora:

Lucas, eu trago boas notícias. - Era a mulher do telefone.

 Como assim, boas notícias? A menina tá viva?

— Ah... Certo, nem tão boas assim, infelizmente a menina realmente está morta. Mas tudo indica que não é quem pensávamos que era.

 Você tá dizendo que a Jennifer ainda pode estar viva e por ai?

 É exatamente isso que estou dizendo.

 Isso é ótimo! Pra mim pelo menos. Vocês já conseguiram identificar quem é a criança então?

— Ainda não... Estamos buscando no sistema mas até o momento não conseguimos afirmar nada

 Ah, certo..

Enquanto nós conversávamos um homem com uma blusa de lã vermelha e uma grande e encaracolada barba branca entra no local carregando com dificuldade uma sacola vermelha extremamente molhada. Assim que ele finalmente consegue abrir a enorme sacola ele fala em tom alto e amedrontador:

— Presente para os heróis dessa cidade!  E dá uma risada minimamente memorável.

Nesse momento eu percebi que em breve era natal e o presente do ano eram 3 crianças assassinadas em uma enorme sacola branca, que estava vermelha por conta da quantia colossal de sangue. 

South City (Livro Um)Where stories live. Discover now