Estaca Zero

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Está quente e abafado, e duas pessoas dentro de um porta malas apertado, não é muito agradável. Enquanto o capanga dirige o telefone dele toca, ele atende no viva voz do carro.

-Fala chefe.

-Onde você está? -o tom dele é duro

James olha para mim, quando percebe que é a voz do Sergio.

-Estou indo para a minha casa.

-Você sabe do evento de amanhã, eu deixei o convite na sua casa. Eu quero você lá às 20:00 em ponto.

-Eu vou estar.

-Você precisa criar alianças, aqueles caras são importantes. Daniel, você sabe que eu faria isso, se a policia não estivesse me vigiando.

-Pode deixar, eu vou cuidar de tudo -ele fala confiante

-Mais uma coisa, você vai se encontrar com o Ghost hoje no apartamento dele às 22:00, ele tem uma coisa para mim. Daniel, não passe mais do que 1 hora na festa, entendeu?

-Entendi.

Eles não passam mais do que 5 minutos no telefone. Daniel respira fundo enquanto dirige.

A viagem continua. Parecia que nunca iria terminar, mas enfim o carro para. Daniel o estaciona na garagem, e caminha para a entrada da casa.

-Ok temos que sair daqui, e saber onde nós estamos -James diz

Eu tiro os fios e o imã do bolso. Dessa vez foi mais fácil abrir o porta malas. Nos saímos de dentro.

-Precisamos fazer isso logo, e voltar antes do Daniel. -eu digo

Nós saímos da garagem, e caminhamos até a rua. Nós olhamos para os lados, e procuramos alguma referência de onde estamos.

-A porra dessa rua não tem nome. -James fala indignado.

-Temos que perguntar para alguém. -eu falo

-Eles vão desconfiar.

-Observa -eu dou um sorriso.

Uma mulher passa na rua e eu a abordo.

-Moça, eu e o meu amigo estamos fazendo uma pesquisa, para a faculdade, sobre convivência entre bairros. Você pode responder uma pergunta?

Ela olha para nós por um momento.

-Tudo bem, mas se puderem ser rápidos. -ela diz

-Claro, o que você acha dos bairros vizinhos?

James me olha sem saber o porquê da pergunta.

-Eu não gosto muito de Frenet e do Sax, as pessoas vêm de lá para bagunçar Moby. -ela fala

-Muito obrigada, pela sua participação.

-De nada.

Ela vai embora.

-Estamos em Moby, os bairros vizinhos são Frenet e Sax -eu falo para o James.

-Certo, eu acho que sei como chega aqui.

-Vamos voltar para o carro, e esperar o Daniel. -eu falo.

Voltamos para a garagem, e entramos novamente no porta malas.

-Como iremos fazer para pegar o pen drive? -eu digo

-Eu não sei, esse negocio pode estar dentro de um cofre, ou esse Ghost deve dormir com ele.

-Talvez eu tenha alguém que possa ajudar a gente.

-Quem?

-A Liz, a neta da dona Lurdes conversou comigo durante o velório, ela me disse que era tecnóloga.

-Mas nós temos a Chloe, e diz ela que não tem como fazer um convite. Você acha que ela está mentindo?

-Eu não sei James, mas nós precisamos entrar na festa, a Liz pode ser uma boa opção.

-Tudo bem, mas o que você falar para ela? E ela é confiável? -James pergunta.

-Eu vou me encontrar pessoalmente com ela.

-Não, Mariah, é muito arriscado.

-James é o único jeito. Nós não podemos entrar no escritório do Ghost e pedir o pen drive, não podemos roubar o convite do Daniel, por quê precisamos de informações.

-E se ela te entregar? E se ela desconfiar e fizer uma emboscada?

-James, eu vou fazer o que tiver que ser feito. Se for necessário me arriscar é isso que eu vou fazer.

-Eu vou com você.

-Não, você não vai. Você tem uma filha para encontrar, se eu for pega como você está dizendo, você precisa continuar procurando a Hannah.

-Que droga, Mariah. -ele passa a mão no cabelo.

Passos ecoam na garagem. Daniel entra no carro. Ele dirige rapidamente até o destino, não é muito longe, em pouco tempo ele chega. Daniel sai do carro e o tranca novamente. Consigo escutar o barulho dos carros do lado de fora.

-Precisamos saber onde estamos, mas não podemos sair daqui. -eu falo.

-Talvez você consiga pular para o banco de trás.

Eu fico de joelhos no porta malas, e tento subir pelo banco.

-Certo, consegui. -eu falo sentada no banco de trás.

-Me fale o que você vê?

-Estamos ao lado de uma rodovia bem movimentada, na rua tem uma lanchonete, um estúdio de ballet e...

-Uma churrascaria?

-Isso aí, você sabe onde estamos?

-Acredito que sim. Agora é melhor você voltar.

Eu subo no banco de trás e pulo de volta para o porta malas.

-Só quero que você saiba, que eu não concordo com a ideia de você ir se encontrar com essa Liz -ele fala serio

-James, eu não estou fazendo isso somente por você.

-Eu sei Mariah, mas eu não quero que você acabe presa, ou morta.

Nós ficamos em silencio por um tempo.

-Você sabe o que é tão importante para o Sergio pedir para o Daniel vir pegar às 22:00? -eu falo

-Não faço a mínima ideia.

-A festa é amanhã eu preciso falar rápido com a Liz, e se ela não conseguir o convite para nós. Voltaremos para a estaca zero.

Daniel volta para o carro, e faz o caminho novamente para a casa dele, assim nos deixando novamente na garagem.

-Me diz que você trouxe dinheiro para o taxi? -eu pergunto.

-Sim, eu trouxe, mas iremos andar um pouco, não posso pedir para o taxista nos deixar na porta do galpão.

Eu abro o porta malas e nos saímos. Andamos um pouco até achar um ponto de taxistas. Ele nos deixa a uns 20 minutos do galpão. Durante o caminho nós não conversamos sobre nada.

Chegamos na frente do galpão a porta está fechada, eu escuto a voz da Chloe: -''Eu sei Sergio, eu estou fazendo o máximo para impedi-los de ir para festa, mas se eu não ajudar em nada, eles irão desconfiar.''


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Vinte De Maio (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now