Lost Angel • Kim Taehyung

"Adeus"

     O seu toque.

     O seu olhar.

     O jeito como me acolhe, faz com que sinta-me protegida. Com os seus fortes braços a rodear o meu corpo frágil, comprová-me de que sim, posso estar em paz.

*

     Em minha sacada. Lá era onde os nossos encontros aconteciam — os quais, por mim, jamais serão esquecidos —, e como esquecer-se do quão cansado estavas quando nossos olhares se encontraram pela primeira vez?

     Os fios do seu cabelo, desgrenhados. O olhar e corpo encontravam-se pesados, por conta do cansaço — o que estava a tomar conta de todo o seu ser. — E você escolheu descansar em minha sacada.

     Naquela noite, estava eu com dificuldades para pegar no sono. A me embolar de um lado para o outro no espaçoso colchão, mas nada de conseguir descansar. E o rumor que teria despertado a minha curiosidade, vinha da minha sacada.

     Alguma coisa se encontrava em minha sacada. A delicada vidraça se entreabriu, o que fez o ar frio adentrar ao meu quarto. As cortinas moviam-se suavemente, e fazendo-me estremecer um pouco, automaticamente abracei o meu corpo.

     Confesso que senti receio ao ir até a sacada para ver o que realmente tinha por lá. A curiosidade me venceu. Então a passos tímidos, aproximei-me, e ao afastar as cortinas, amplamente vi um rapaz.  Não era exatamente um rapaz... Ele era um anjo!

     Um anjo. As suas asas eram escuras, a sua pele pálida, o seu peitoral estava desnudo, e os seus lábios róseos.

     Você estava suado, e respirava abrandamente. Uma perfeita obra de arte. Não deixei de notar os mínimos detalhes — desde a fina camada de suor em sua testa, até mesmo o quão suave estava a ser sua respiração —, eles são os mais importantes para mim.

     A agradável brisa do luar, o deixava ainda mais esplêndido e único a cada vez que olhava a sua face. Entretanto, queria vê-lo mais de perto, ansiava poder tocá-lo. Me senti estranha ao desejar isso, mas parecia que você, sem mesmo saber, estava a convidar-me a achegar-se para mais perto de ti.

     Resolvi aproximar-me de uma vez, porém, com uma certa dificuldade — por causa das suas grande asas estarem a interromper-me para que prosseguisse com os meus passos. — Já ao seu lado, agachei-me e lentamente deixei com que fosse levada pela vontade de beijar os seus chamativos lábios. Estava a me aproximar. Estava cada vez mais perto de sua face.

     Rápidos segundos fez com que os meus olhos arregalassem automaticamente, por ver os seus olhos abrirem e revelarem que você havia despertado.

     Estava prestes a afastar-me, mas você pegou em minha mão delicadamente, e me olhou com desejo a transparecer no olhar. Logo vi um mínimo sorriso tomar forma em seus finos lábios. De alguma forma, aquilo mexeu comigo. Com aquele simples sorriso, parecia que estavas a pedir-me para que permanecesse alí, com você.

     E sem saber como reagir, fiquei ali, parada a lhe observar, o que logo me fez deixar um doce e gentil sorriso tomar conta da minha face envergonhada. Não tinha o que dizer, então ficamos lá por mais alguns segundos.

     O cansaço estava a me tomar conta. Então você puxou-me cuidadosamente para mais perto de si, aconcheguei-me ao seu lado sendo coberta por suas grandes e fortes asas que transmitia um calor ideal para que não passasse frio ali.

     Perto do seu peitoral despido, encostei a minha cabeça e permiti-me dormitar tranquilamente.

     (...)