Cold December Night

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"So please just fall in love with me this Christmas..."


 Estava tudo pronto para a festa de Natal das crianças.

Quero dizer, estava quase tudo pronto para a festa de Natal das crianças.

Lene e Dorcas estavam buscando os salgadinhos, os pais estavam encarregados das bebidas e das sobremesas e eu já tinha decorado toda a minha casa. A única coisa que faltava eram os bolinhos que eu havia prometido para Hope.

Professores não deveriam ter alunos favoritos, mas, no fundo, todos tinham pelo menos alguns. Eu tinha Hope. Ela era divertida, inteligente e sempre me ajudava a organizar a sala depois da aula de artes, enquanto a maioria da turma fazia apenas o mínimo antes de serem liberados para o recreio – crianças de sete anos dificilmente faziam isso. Ela não se importava quando perdia seu tempo livre conversando comido, às vezes, ela sentava no banquinho ao lado da minha mesa e dividia o lanchinho que um dos seus pais havia preparado com muito amor.

E era por esses e vários outros motivos que eu havia saído de casa correndo para comprar os seus bolinhos favoritos. Eram bolinhos da Dedos de Mel, recheados de chocolate, mas com uma espécie de chantilly verde em cima – com direito a pequenos enfeites de glacê.

Eu disse a ela que nunca havia provado, e ela me fez prometer que compraria alguns para a festa – mesmo se eu só conseguisse comprar dois, ela disse que poderíamos nos esconder em algum lugar da minha casa para provar juntas.

O que me levava a lembrar que, em algumas horas, um grupo de quinze crianças estaria na minha casa para a festa de Natal da turma. A história era longa, mas a conclusão era: a maioria dos pais não estava disposta a pagar para alugar um espaço que coubessem as crianças, suas famílias e alguns professores. Apesar de achar aquilo desprezível, eu não podia deixar minha turma sem uma festa de Natal. Eles haviam se esforçado durante o ano e mereciam uma diversão natalina.

Para justificar a festa, eu inventei que os pequenos estavam ensaiando um coral de Natal e ofereci minha casa para o local. Minha avó provavelmente levantaria do seu túmulo se soubesse que eu estava enchendo o seu santuário da paz de crianças. As duas crianças que ela havia tolerado na vida haviam sido seus filhos (e do jeito que minha mãe é, imagino que ela não a tolerava muito bem), eu e minha irmã. Ela costumava me dizer que eu era a melhor criança que ela conhecia – o que pode ser verdade e pode ser mentira, mas, no testamento, a nova dona da sua casa era seu.

Chequei o relógio mais uma vez. A fila da Dedos de Mel se movia um milímetro a cada quinze minutos, mas eu já estava próxima do balcão. Havia uma senhora e um homem na minha frente, e dois atendentes processando os pedidos. Apesar da enrolação, estava tudo sobre controle.

O homem que estava na minha frente se virou para mim.

– Ei, será que você poderia guardar o meu lugar na fila? – ele me perguntou, sorrindo. – Eu preciso atender uma ligação da minha afilhada e o sinal aqui dentro é muito ruim.

Sorri.

– Claro – murmurei.

Ele assentiu e saiu rapidamente pela porta.

Todos os mil pensamentos na minha cabeça em relação às pendências da festa haviam sido substituídos por apenas um: que homem bonito. Era provavelmente um crime nascer com um rosto daquele, com um cabelo caindo para o lado como dominós.

Limpei a garganta. Eu tinha mil coisas para conferir, além de ter que ficar pronta antes das crianças começarem a chegar. Por mais bonito que ele fosse, eu não podia ficar que nem uma cabritinho pensando nele. Até porque a senhora que estava na frente dele já estava sendo atendida.

Cold December NightWhere stories live. Discover now