Tudo ficou preto.

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— Então eu sou a irmã mais velha. — Suspirei, lembrando-me da quantidade de informações que havia tido por um dia.

— Uau. — Camila disse vagamente, enquanto acariciava o dorso da minha mão. — Eu sabia que seu pai tinha recomeçado, mas isso é...

— Uau! — Completei, a fazendo rir.

Nós ficamos em silêncio por alguns minutos, admirando as árvores que começavam a secar no quintal dos Cabello. Em breve o inverno chegaria.

— O que o Michael disse sobre mim? — Camila perguntou de repente, abraçando seus joelhos.

Encarei-a um pouco confusa.

— É, ele fez aquela cara tipo "minha filha não namora garotas." — Ela disse tentando imitar uma voz masculina.

Ri de sua expressão chateada.

— Acho que sim, mas ele também disse que gostaria de almoçar com a gente antes de ir embora. — Disse sugestivamente, passando meu braço pelos ombros de Camila.

A mesma pareceu engasgar, mas se aconchegou em meu corpo.

— É-é sério?

— Sim, mas a gente não precisa ir se não quiser. Meu pai é meio mala. — Revirei os olhos.

Camila riu baixinho.

— Você está aprendendo esse vocabulário aonde, Jauregui? — Questionou, fazendo meu corpo se arrepiar com a forma como pronunciava meu sobrenome.

Às vezes eu nem conseguia acreditar que estava mesmo namorando Camila Cabello.

Saco de mulher linda.

— Com você. — Disse como se fosse óbvio, tentando não mostrar o quanto estava afetada.

Ela sorriu, os lábios grossos mostrando os dentes bem alinhados, fazendo suas bochechas ficarem gordinhas. Os olhos castanhos eram capazes de me hipnotizar. Mas Camila parecia alheia à todas as sensações que era capaz de me provocar, então ela apenas começou a brincar com o elástico preto em meu braço.

— Sabe... Meu pai também falou algo sobre Alejandro. — Disse, sentindo minha garganta apertar ligeiramente.

— Como assim? — Camila parou, me encarando com aquela expressão curiosa.

A mesma de quando me pediu para ajudá-la a desvendar os últimos acontecimentos de sua família.

— Ahn... Eu não sei ao certo, ele só disse que seu pai jamais trairia sua mãe. — Abaixei o olhar, incapaz de decifrar o rosto de Camila.

— O que pode ser pior que isso? Minha mãe parece convicta de que meu pai tem outra família.

Comprimi os lábios, imaginando as possibilidades.

Certamente existem coisas piores que a traição, mas não seria eu a apontar isso.

— Não sei, Camz. Você nunca percebeu nada diferente na sua casa?

— Além do óbvio? — Ela me interrompeu num tom brincalhão.

Revirei os olhos, cutucando minha bochecha como sempre fazia quando sentia falta do meu óculos.

— Eu não sei, Laur. — Camila suspirou, saltando da janela para dentro do meu quarto novamente. — Vou prestar mais atenção. Agora preciso ir, Sofia não deve ter feito o dever de casa ainda.

Assenti querendo que ela ficasse, mas também completamente admirada pela forma como cuidava de sua irmã.

Então Camila selou seus lábios nos meus uma última vez antes de fechar a porta do meu quarto. Me deixando sozinha.

Conqueror  G!POnde histórias criam vida. Descubra agora