Six

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Me lembrei naquela manhã, como o atendimento de um trauma pode ser comparado ao balé

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Me lembrei naquela manhã, como o atendimento de um trauma pode ser comparado ao balé. Dividido em dois ou mais atos, que necessitam que todo e qualquer indivíduo envolvido ali colabore com perfeição para que o espetáculo continue.

A grande diferença é que estamos aqui em uma dança fatal. Um movimento descompassado, e ficamos à beira da morte, a encarando frente a frente. Não existem segundas chances, o próximo recital nunca chega, é apenas dançar entre a vida e a morte e torcer para que se possa ludibriá-la.

Estava mal humorada quando o vi voar alguns metros na pista, instantaneamente senti meu pulso apertar gritando para mim que tinha algo errado. Quando percebi que estava desacordado, não contive nenhum instinto meu, sai da garagem de sua equipe deixando para trás os gritos agonizantes de Tom.

Enquanto senti o vento bater em meu rosto, e ouvi as motos ainda correndo a minha volta, não me preocupei com o risco que estava me expondo.

Eu apenas sabia que deveria estar ali.

A equipe médica chegara um minuto, ou dois, antes que eu. Dois médicos com mais de 40 anos, cujo rostos não fiz questão alguma de memorizar, aferindo pressão e procurando um pulso no francês estirado nos pedregulhos.

— Ele tem pulso? — questionei.

— Sim, mas está instável. — um deles respondeu, sem sequer questionar minha presença, talvez pela urgência do momento.

— O colar. — pedi, me ajoelhando ao lado de Fabio, que ainda estava desacordado e com o rosto coberto por seu capacete, pela primeira vez, pareceu frágil para mim.

O colar cervical estava em minhas mãos, vi pela visão periférica um dos doutores dar de ombros depois de me entregar. O envolvi com cuidado em seu pescoço, para que assim protegesse sua coluna como manda o protocolo, e retirei seu capacete enquanto o francês era colocado na maca. Estava quente mas pálido, não parecia consigo mesmo, sem cor em seus lábios. Por um segundo, passou a ser assustador, seu rosto desacordado, pesando em minhas mãos, mas não podia senti-lo agora, não se quisesse ajudar.

— O hospital mais próximo, quanto tempo? — questionei.

— 30 min de carro, 15 pelo ar. — respondeu.

— Pelo ar então. — afirmei, colocamos na ambulância, e depois, enfim, em um helicóptero.

O tempo todo quis agarrar sua mão, apenas para lhe passar segurança, mas sabia que como estava desacordado não faria diferença alguma. Quando pousamos, o apressaram até o centro cirúrgico, e finalmente consegui falar com Tom, que estava aflito do outro lado da linha, quase chorando com a voz embargada.

Era uma profissão perigosa, ambos sabíamos disso. Aquele momento fora um dos meus piores pesadelos quando estávamos juntos, e por alguma ironia do acaso, só a presenciei agora, que estamos mais separados do que nunca.

Over᯽Fabio QuartararoHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin