Venere

Eu preciso que você mostre o que existe ai dentro. Preciso da tua alma. Preciso de algo além do ensaiado. Preciso de algo além do robótico. Preciso que me dê tudo, e se tu não me deres, espere ai; arrancarei tudo. Entrelaçarei tuas barreiras sem movimento, puxarei a alma do teu corpo sem vida. 
Quero que me mostres que é um poço onde eu posso me afogar, pois não quero nadar. Quero que me mostre que não é um buraco com fim onde nada existe no fundo e que me quebre. Quero que esteja preenchida até o topo, pois quando eu mergulhar em ti, a água transbordará. 
Quero afogar tudo ao nosso redor, quero destruir, lavar o chão empoeirado com a massa de nó(s), que é eu e você. Imagino a onda de loucura gritando, arranhando a terra.
Então me mostre o que existe de humano dentro de si. Me mate afogada. Me dê a liberdade de te ver rodar, girando seu mundo como um bambolê. Mostre-me tuas cores e o que cada uma significa em expressões. 
Preciso que largue tudo no chão, que me olhe nos olhos pronta para me matar. Me matar de qualquer coisa. Apenas que seja um sentimento verdadeiro e longe dos maquinários das fabricas de utopias. 
Preciso te ver nua deste universo que nos rodeia. Pinta-te de flores e céu estrelado. Pinta-te de aurora e rosas-amarelas.
Preciso te ver depois do choro, com tua face banhada de lagrimas. Quero te saborear salgada de verdades escorrendo por seus poros. Suja de singelidade.
Preciso de ti livre, largada ao chão, gritando pro ar, soltando as mãos, se desagarrando da pele louca pela metamorfose.
Preciso que esfaqueei o monstro que te agarra. Que massacre os conceitos. Que viva por viver por ser quem quer ser.
Então atire-se do precipício e garanta a morte do universo doentio que ainda vive impregnado no nosso respirar. Se atire no meu poço, pois ele já transborda de ansiedade.
Preciso que seja renascença, e que agarre-se em sua própria essência.