Depois detanto tempo estudando e escrevendo, o hábito de ler como escritora ficou tão fixo em mim que raramente eu consigo seguir uma leitura com personagens rasos. A não ser que eu esteja obrigada a ler, a trabalho, por exemplo, como revisora/leitora crítica ou preparadora de texto.
Exceto nesses casos, uma coisa que mata todos os livros e me faz clicar no "x", remover da biblioteca ou fechar o livro é quando percebo os personagens rasos. E isso acontece muito, na verdade.
Ouvi falar muito sobre a série dos enlatados na prateleira da Netflix, "Bebê Rena", e veja só que engraçado: falam muito sobre o prisma "psicológico" da série. E ninguém percebeu que na verdade o que prende a série é justamente a construção dos personagens. São todos tridimensionais, e o desenvolver da história mostra o perfil psicológico, a história e o desenvolvimento desses personagens.
Para quem quiser ter um norte sobre a construção de personagens tridimensionais e a criação orgânica, tente assistir essa série observando as atitudes, gestos, vestimentas e toda a construção narrativa dos personagens. É um ótimo guia para quem não quer postar "casting" no prefácio do livro (e acabar matando o próprio livro antes mesmo de nascer aos olhos do leitor).
Como sempre digo: escrita é estudo, é pesquisa, é um processo orgânico. O talento não serve para nada sem uma base firme. Abraço!