Maldito resfriado (Mabel Pov)

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" Tudo estava indo bem até eu ficar doente. Por que eu tive que ficar doente?" me perguntei, com raiva de mim mesma.

 Eu estava deitada na cama, impedida de fazer qualquer coisa por conta de um resfriado repentino e me sentindo profundamente angustiada pelo que tinha acabado de acontecer. Por ter cancelado o encontro que tinha marcado com o Gideão naquele dia específico, eu acabei deixando ele tão irritado que isso me rendeu uma bronca quase tão ruim quanto o meu resfriado em si. Afinal aquele era o dia em que o Gideão finalmente estaria disponível para sair e ele não sabia quando haveria outro dia assim durante as próximas semanas.

 Aquela era para ser uma manhã tranquila e agradável. Eu iria rever o meu namorado depois de quase 5 dias do nosso último encontro e voltaria feliz para a Cabana depois de aproveitar como desse o pouco tempo que tínhamos para nos vermos pessoalmente. Mas tudo acabou desandando de repente e só por causa desse maldito resfriado. Tudo porque não consegui ter o mínimo de cuidado e desviar desse que não deixava de ser um problema completamente "evitável" se eu fosse mais atenta.

  Agora eu estava exausta, com a garganta doendo, o nariz escorrendo e, para completar, com uma sensação terrível de culpa por ter feito pouco caso do esforço que o Gideão fazia para ter um tempo para nós dois. Eu olhava repetidas vezes para o meu celular no criado mudo ao lado da cama e ficava pensando se deveria mandar uma mensagem perguntando se ele ainda estava bravo comigo, mas logo em seguida eu me segurava lembrando das palavras dele de que eu não deveria mandar nada por enquanto.

- Olha, e preciso de um tempo para pensar, então deixa que eu te mando mensagem depois, tudo bem? - Disse ele, com um tom de cansaço irritadiço.

 Isso, assim como as vezes em que ele dizia que estava ocupado para conversar, me deixava num estado de ansiedade quase agoniante por não conseguir pensar em qualquer outra coisa além daquele silêncio interminável entre nós. "Quanto tempo será que eu vou ter que esperar?" Eu me perguntava. "Será que ele está mesmo bravo? Ele nunca tinha ficado tão irritado desse jeito. Eu sou tão idiota."

 A minha cabeça borbulhava e eu não conseguia deixar de pensar que gestos pequenos como aquele, o de ser negligente com o nosso compromisso, pudessem ser o primeiro passo para o fim da nossa relação. É difícil de explicar, eu sei que pode parecer uma insegurança sem motivo da minha parte, mas o Gideão era sempre tão dedicado ao nosso relacionamento sendo cuidadoso para administrar nosso contato e nossos encontros que eu, no mínimo, deveria fazer um esforço para não ser desleixada desse jeito.  Se ele acabasse pensando que deveria terminar comigo, com certeza seria por algo assim. E isso me deixava em pânico. Afinal, apesar de ter se passado tão pouco tempo desde que começamos a namorar, eu já estava acostumada com esse relacionamento, então a ideia de voltar a estaca zero e ficar sozinha de novo me perturbava de verdade. Eu não saberia o que fazer. Eu não teria ninguém para conversar ou para passar o tempo da mesma forma que é com o Gideão, e provavelmente voltaria a me sentir tão mal quanto tinha sido depois de romper a minha amizade com as garotas da escola.  O que eu não queria sentir de novo.

 Pensando nisso, eu me ajeitei melhor na cama e tentei espantar esses pensamentos para aliviar essa ansiedade. Ainda estava tudo bem, ainda éramos namorados, e se eu quisesse melhorar para remarcarmos esse encontro, eu deveria descansar e me distrair dessas preocupações por hora.  Assim eu me aconcheguei na cama e esperei. O Tivô Stan entrou no quarto depois de ter mandado o Dipper comprar alguns remédios e em seguida colocou uma toalhinha molhada na minha testa, me ajudando a relaxar ainda mais. Eu podia sentir as minha pálpebras pesadas e lentamente estava esvaziando a minha mente para, talvez, cochilar e esquecer por um tempo que tinha brigado com o Gideão.

 Os minutos foram se passando e eu podia sentir que estava respirando melhor e que a dor na minha garganta estava aos poucos se tornando mais fraca e suportável, até o ponto em que realmente acabei dormindo. Eu não sei exatamente quanto tempo tinha se passado, mas eu estava tão tranquila e relaxada que nem cheguei a sonhar. Era como se eu estivesse relaxada por completo. Porém, logo depois, eu acabei acordando de repente desse cochilo e sentindo uma preocupação aguda quando ouvi o Tivô Stan recebendo Dipper que recém tinha acabado de chegar no andar de baixo.

Algo Mais Que Irmãos - Parte 1Where stories live. Discover now